Um amor sem explicações ou respostas – certamente, o México foi a escolha do meu coração.
É interessante que, desde que me entendo por gente, eu gosto do México. Sempre procurava estar a par de tudo o que acontecia – desde fatos importantes, história, novelas, cenário pop, etc. Entre todos eu era chamada “mexicana”, “chica” (garota) e “Maria do Bairro”. E em uma sessão de terapia de vidas passadas (TVP), descobri que nasci muitas vezes no México. Fiquei sabendo também que cedo ou tarde, conforme a doutrina espírita, eu terminaria voltando para aquele lugar onde minha alma tinha tanto por resgatar…
Olá, eu sou Caroline Solano, brasileira de Belém do Pará, tenho 40 anos, sendo 10 deles vivendo no México, mais especificamente na Cidade do México, a megalópole e capital do país. E hoje eu vou contar um pouquinho dessa história de amor e ódio, altos e baixos, mas sempre de muito aprendizado e renascimento.
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¡Arriba México! a escolha do coração!
Um emprego de mais de uma década, uma relação séria, “casa-carro-comida-roupa lavada”, e a vida em Belém era boa. Mas tinha lá dentro do coração um desejo de voar, de seguir um caminho que era só meu, e que não via a hora de percorrer. Sentia que eu precisava de um gatilho e ele veio dolorosamente: a morte do meu pai. Essa perda me enlouqueceu. Além disso, acredito que, quando vi meu pai ali no caixão sem levar nada, me deu um clique. Percebi que eu teria que recomeçar e seguir aquele sonho antigo de morar no México.
A partir daí, terminei meu relacionamento e pedi demissão do emprego. Juntei então a grana do FGTS e da indenização da Jovem Pan (lugar em que amei trabalhar). Em seguida, vendi tudo que tinha e segui em direção aos Estados Unidos (EUA) para estudar inglês e conhecer a Big Apple. QUE LUGAR! Mas ainda não era o que eu queria…
Intercâmbio como ponte para quem quer morar no exterior.
Uma decisão que mudou o rumo da minha vida**
Moça, o México é ali do ladinho, né? Então, ao invés de ir estudar espanhol na Argentina, resolvi fazer melhor: vou aprender no México… hehehe! Foi assim que eu comprei um curso para estudar na Cidade do México, e posso dizer que sou uma profissional de Relações Internacionais trilíngue. Vale dizer que hoje eu trabalho com marketing para uma empresa japonesa de Animes.
E claro, durante essa estadia para “hablar” (falar, conversar) conheci um “chico”. Daí, o convite para ficar veio cheio de coração quentinho, paixão estilo “Amor a la mexicana” (Amor estilo mexicano, música da cantora Thalía). E assim, no dia 8 de novembro de 2014, partindo do coração de NYC, confundi o azul do céu com o azul do mar ao sobrevoar Cancún. Amigo(a), você que está lendo isso, não parta dessa vida sem conhecer o caribe mexicano. ¡Está muy chido! (é maravilhoso!)
10 anos se passaram, ¡México lindo y querido!
A celebração dessa década no México representa não apenas uma marca pessoal significativa, mas também um testemunho de resiliência, adaptação e crescimento.
A jornada de imigração ou expatriação, iniciada por diversas razões como busca por melhores oportunidades, segurança ou até mesmo por amor, traz consigo inúmeros desafios. Isso inclue a necessidade de aprender um novo idioma, adaptar-se a uma cultura distinta e construir uma rede de apoio em um ambiente desconhecido. Mas é possível criar uma nova vida e prosperar em um país estrangeiro, para isso basta ter o coração e a mente abertos.
O México, com sua rica herança cultural, proximidade com os Estados Unidos e economia em desenvolvimento oferece oportunidades que atraem estrangeiros em busca de novos desafios. Para uma brasileira como eu, a familiaridade com o idioma espanhol (semelhante ao português) pode facilitar a adaptação inicial. Dessa forma, o país pode se tornar uma escolha natural para aqueles que desejem explorar novos horizontes, mas preferem manter certa proximidade linguística e cultural.
Dez anos depois, a certeza do México como escolha do coração
Hoje em dia, depois desses quase 3650 dias aqui, já estou totalmente adaptada, tenho documentação em ordem, emprego formal e até já penso em espanhol. Além disso, sou mãe do Santiago, de cinco anos, meu pequeno “mexileiro”(apelido carinhoso para os que possuem dupla nacionalidade do Brasil e do México). Posso então dizer com toda a propriedade que o México foi uma escolha do coração. Sinto agora que sou capaz de tudo, porque tive a coragem e a audácia de mudar o rumo da minha vida. E isso inclui também trocar um latino americano por outro. Sendo assim, no final das contas, sinto que não fui eu quem escolheu esse lugar, ele que me escolheu.
E nessas escolhas da vida, a cada dia e a cada momento, pequenas observações são válidas, pequenas vitórias são celebradas, como o primeiro cartão de crédito. Muito interessante quando passamos a compreender quando alguém faz uma piada, ou o que dizer, quando já entendemos aspectos da cultura ou fatos históricos, acontecimentos e afins do lugar. Nunca vou esquecer da cara que minha chefe fez quando comentei algo sobre um “mico” histórico que rolou no mundo do entretenimento mexicano entre celebridades há mais ou menos uns 10 anos atrás. Naquele momento ela me disse: “Carol, peça a sua nacionalidade, já tem muito tempo por aqui!”. Tivemos que rir!
E você que está lendo, teria ou teve a coragem de trocar o gigante da América do Sul por outro “hermano” (irmão) simplesmente por “amor”? (não necessariamente por uma pessoa, claro.)
Uma resposta
Carol, minha companheira de aventuras aqui no México, belo texto! Traduziu bem as emoções que passamos ao ser eleitas para ficar nesse país. Ele ganha nosso coração, ainda que não signifique a única emoção seja o amor. Tem ódio, frustração, revolta, saudade, impotência as vezes… mas parece que o amor sempre vence! Beijão de outra imigrante em terras mexicanas!