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Na Índia, o desafio da comunicação

Última atualização do post:

Comunicação na Índia
Meu esposo traduzindo as palavras do pastor durante o nosso noivado - Imagem: Arquivo Pessoal

Comunicação é tudo! E para quem é imigrante ou expatriado compreender e ser compreendido em outro idioma é essencial.

No Brasil, em determinadas séries da vida escolar temos aulas de inglês, mas todos sabemos que é só para cumprir um currículo estabelecido pelo ministério da educação, o MEC. Então, por isso, saímos da escola sabendo o básico do básico desse idioma e com total impossibilidade de viajar para outro país e de conseguir se comunicar fluentemente na língua inglesa.

Por isso, aqueles que desejam a fluência nessa língua investem – alguns anos e dinheiro – em um bom curso de inglês fora do ambiente escolar. E o Brasil, infelizmente, ainda está muito atrasado considerando a estatística do número de pessoas que são consideradas fluentes.

Quando cheguei na Índia

Para minha surpresa quando cheguei na Índia, em março de 2018, (saiba mais nesse artigo: A Índia – intenso choque cultural), comecei a aprender inglês através do processo que chamam de imersão, que é nada mais do que passar 24 horas convivendo com o novo idioma.

E foi nesse contexto, o meu inglês escolar somado a um ano e meio de um curso de idiomas, que fui me desenvolvendo e ganhando fluência, mas com o sotaque indiano.

A comunicação na Índia

A comunicação na Índia não é fácil, e o principal motivo não é o Inglês! Mas, sim as centenas de línguas e dialetos que o povo indiano fala. Em cada estado da Índia tem-se um idioma diferente. O problema de comunicação pode começar por aí.

O idioma oficial do país é o hindi, e em segundo lugar vem o inglês – herança da colonização britânica no país. O inglês está em todo lugar por aqui: nas mercadorias, nos nomes das lojas, no menu dos restaurantes, nas escolas, nos bancos, nos hospitais, etc.

Assim, como também, qualquer pessoa independente da classe social é capaz de falar um pouco do idioma britânico. Alguns vendedores não falam com fluência mas sabem o mínimo para vender seus produtos e também sabem responder ao cliente e, principalmente, dizer o preço e negociar os descontos pedidos.

Os motoristas de Rickshaw e de táxis; também não ficam atrás. Eles estão aptos a dizer o valor da corrida e até recebem instruções do caminho a seguir.

A minha experiência com a comunicação na Índia já me trouxe muito estresse, solidão, e problemas decorrentes de desentendimentos que por vezes podem parecer bem engraçados, inusitados e cheios de surpresas.

Aprendendo Malayalam

Quando cheguei aqui estava decidida a aprender o Hindi pois eu estava na região norte, mas depois os planos mudaram. Alguns meses após minha chegada conheci meu marido, então, noivei e casei. Ele é indiano, do estado de Kerala (região Sul) onde falam Malayalam, que é um dos idiomas mais difíceis de aprender por aqui. São umas cinco formas de posicionar a língua dentro da boca para pronunciar as palavras com o som correto e isso é um desafio imenso.

comunicação na Índia
Observo as conversas da minha sogra e sua amiga, em seu idioma – Imagem: Arquivo Pessoal

Foi então que me mudei para Kerala para darmos início aos preparativos do casamento. Nesse tempo vivi um misto de emoções pois somente três ou quatro amigos do meu esposo falavam inglês. E eu falava bem menos do que falo hoje, o que me trazia muitas limitações. Vivia praticamente o dia todo ouvindo Malayalam. Muitas vezes ficava “boiando” nas conversas, e em outras, na maior parte do tempo, dependendo de que meu noivo traduzisse pra mim.

Quatro anos depois, a comunicação e a convivência com a família, em outro idioma, ainda é um dos meus maiores desafios. Mesmo já entendendo e falando o básico eu ainda dependo do meu esposo para me comunicar plenamente com sua família. Isso, por vezes, me traz um sentimento de estar invisível ou perdida. O meu inglês melhorou bastante e o trilinguismo do nosso filho está fluindo rápido. Fico feliz que no futuro, seja na Índia ou no Brasil, no quesito idioma ele não terá o mesmo sofrimento que eu.

Desafios por não saber me expressar

Eu considero um adoecimento para a alma quando não é possível se expressar sobre algum assunto em um idioma. Porque dessa forma, nos sentimos invisíveis no meio de uma roda ou sentados à mesa sem sabermos sobre o que as pessoas falam ou riem. Por isso, muitas vezes, eu não quis ir a eventos nem aceitar convites para ir a casa das pessoas.

Cheguei a não querer sair do meu quarto, me sentia rejeitada, principalmente depois de tagarelar palavras em inglês, e perceber a expressão dos outros de que não tinham entendido nada do que eu queria dizer.

Desde então, tem sido um longo processo para enfrentar: me expor ao falar inglês e também começar a aprender a língua local para pelo menos conseguir comprar algo ou simplesmente não ficar voando nas conversas.

Essa tem sido a parte mais difícil da adaptação em outro país. Com a comunicação precária, nós começamos a sentir muita solidão, pois até palavras simples, como piadas ou palavrões, que temos em nossa língua materna às vezes são difíceis de ser contadas e compreendidas em outro idioma. Isso acontece também com nossos sentimentos e percepções sobre a vida.

Algumas vezes, quando falava com meus sogros ou com meu noivo, eu tinha certeza de ter sido entendida, mas descobria que não… Por vezes quando comecei a aprender o Malayalam eu pronunciei errado as palavras com sons muito semelhantes. Uma vez, tentei dizer ao motorista do carro “vai” e acabei dizendo “porco”. Todos riram pensando que eu estava xingando o motorista.

É preciso ter muita paciência

No meio dessa caminhada é preciso muita paciência consigo mesma e também cautela extra para não se meter em confusão e ser mal interpretada.

Confesso que preciso de mais dedicação! Nossa família vive cercada por três idiomas, e nosso filho já está aprendendo as três línguas simultaneamente.

Para quem deseja morar fora do Brasil aconselho que se dedique antes ao aprendizado do inglês e da língua do país que pretende se mudar. Isso evita muitos desgastes, pois a vida no exterior, por si só, já traz muitos desafios.

Se pretende se casar com estrangeiro e imigrar pra outro país aprenda o idioma, isso pode até salvar o seu casamento.

Espero ter ajudado com essa experiência que compartilhei. Se quiser saber mais sobre minha vida na Índia me siga lá no Instagram @vivendonaindia

Aqui termino com carinho.

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Meiba Aquino

Meiba é paraense, casada com indiano. É mãe, empreendedora e contadora. Atua na área social com crianças em situação de risco. Ama ler, escrever e viajar. Gosta de aprender, fazer amigos.

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