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Nas linhas do metrô, expatriada avança do Brasil a Bélgica

Última atualização do post:

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Denise nas obras do metrô em São Paulo - Imagem: Anderson Sutherland

Para minha estreia no blog, vou contar toda a trajetória, desde que saí da casa dos meus pais em São Paulo com 33 anos de idade, até ser expatriada pelas “linhas do metrô”. Trocadilhos à parte, foram as obras do metrô em que trabalhei, que me permitiram expatriar no Catar, em Dubai, e atualmente na Bélgica.

Em 2013 eu era uma engenheira com 15 anos de experiência em projetos e construções, trabalhava numa renomada empresa multinacional francesa do setor metro-ferroviário. Foi então que recebi uma proposta de emprego para ganhar quase o dobro em uma concessionária operadora de linhas de metrô. Sem saber cozinhar, nem lavar ou passar, decidi terminar um namoro que não tinha futuro. E logo depois, parti para o Rio de Janeiro pela BR-116 com uma Fiorino alugada, e na caçamba uma montanha de bagulhos pessoais, uma bicicleta vermelha e muitos sonhos.

Do metrô de São Paulo para o Rio

Vivi três anos na cidade maravilhosa e a adotei como minha segunda casa. Na época, com um grupo de amigos, curtimos praias e baladas, uma Copa do Mundo e muitas viagens. Trabalhei no projeto da linha 4 – amarela – do metrô do Rio, depois nas obras do VLT Carioca, onde conheci meu atual marido, o Wesley. Trabalhávamos juntos; eu era a chefe dele, e ali começou uma parceria de amizade, companheirismo, amor, conquistas, muito trabalho juntos e as mudanças.

Em 2016, assim que acabaram os Jogos Olímpicos, os investimentos em infraestrutura cessaram, e o Rio de Janeiro se tornou uma cidade ainda mais perigosa de se viver. Igualmente, com o aumento de furtos rotineiros e tiroteios em frente às escolas, decidimos voltar para São Paulo, e eu consegui emprego no projeto da linha 6 -laranja – do metrô de São Paulo . Logo, pegamos a BR-116 juntos, mas dessa vez com mais bagulhos e uma outra bicicleta vermelha no bagageiro de um Gol. Só para registrar, aquela que eu tinha trazido me furtaram no bicicletário do prédio em que eu morava em Botafogo. Seguiu conosco também, um gato carioca chamado Johnny.

Do metrô do Rio, de volta para São Paulo

Montamos um apartamento alugado na Vila Leopoldina. Trabalhei por três meses no projeto, e quando completei meu período de experiência, embargaram a obra devido aos escândalos de corrupção entre as empresas do consórcio construtor. Foi quando eu recebi uma proposta para ir trabalhar no projeto das linhas de metrô do Catar para a Copa do Mundo. Nem pensei duas vezes em me tornar expatriada! Mas quando contei para o meu (na época) namorado, ele me perguntou se eu ia deixá-lo no Brasil. Eu disse que não, que era para ele ir comigo e procurar um emprego por lá também. Sendo assim, como ele não falava uma única palavra de inglês, imediatamente mergulhou em aulas particulares, para aprender a língua do zero.

Nos casamos repentinamente em um sábado, depois de decidirmos que eu ia encarar essa aventura. Levamos meus pais para o cartório para serem nossas testemunhas, sem cerimônia nem nada. Nesse ínterim, eu tinha feito uma pesquisa sobre morar “junto” no Catar, e vi que a lei não permitia que um casal morasse junto sem serem casados! Não tínhamos muito tempo. E foi assim que, resumindo, meus pais, que sempre tiveram cachorros, receberam de herança o gato carioca Johnny.

Do metrô de São Paulo para o Catar

Me mudei para o Catar em novembro, consegui um emprego no mesmo projeto para o Wesley. Baseado na minha indicação e na qualidade do currículo dele, o gerente o contratou, sem nem mesmo fazer uma entrevista por telefone. Acontece que Wesley ainda não falava inglês! Ele se mudou para o Catar em março do ano seguinte, e foram muitas as nossas noites de insônia. Ele por não falar inglês e se sentir perdido, e eu por ter levado uma bronca do gerente por não ter mencionado que ele não conseguia se comunicar. Em suma, ele precisou de um intensivão de aulas particulares três dias por semana, de uma hora e meia cada, para fazer uma imersão total na língua. Após um mês, Wesley já compreendia os diferentes sotaques da língua inglesa e se comunicava com segurança. Ufa!

Fizemos amigos que se tornaram uma família fora do Brasil, gostamos muito da experiência e da oportunidade. Eu estava estudando japonês porque tinha esperança de seguir, como expatriada, uma carreira na empresa multinacional japonesa em que trabalhávamos. Mas depois de um ano e meio o meu escopo no projeto acabou, e eles me mandaram embora. Fiquei sem chão, ou melhor, fiquei igual a um prego fincado na areia. Entrei em contato com amigos com quem eu tinha trabalhado em São Paulo e no Rio de Janeiro e que estavam em Dubai. Em um mês, lá estava eu de mudança para Dubai, levando meus bagulhos de avião, num trajeto que seria o equivalente à ponte aérea Rio – São Paulo, mas que, por causa da crise diplomática entre os dois países, durou 7 horas, com uma escala em Oman.

Do metrô do Catar para Dubai

Obra de metrô
Denise na obra do metrô de Dubai em junho de 2019 – Imagem: Arquivo Pessoal

Dubai foi um sonho! Logo o Wesley também conseguiu emprego no mesmo projeto em que eu trabalhava, na construção da Route2020. Essa era a extensão de uma das linhas de metrô que levaria os usuários até a Expo2020, que devido à pandemia só aconteceu em 2021.

Em Dubai formamos uma grande e verdadeira família brasileira expatriada. Morávamos no mesmo condomínio, trabalhávamos no mesmo projeto, fazíamos festas juninas, halloween, Natal, Ano Novo. Comidas brasileiras como feijoada, rabada, mocotó e churrasco! Entre despedidas de solteiro(a), chá de bebê e aniversários, criamos laços que levaremos para toda a vida.

Em 2020 nossa filha Maya nasceu, e após terminar a minha licença maternidade, o meu contrato de trabalho acabou. Com a pandemia da Covid-19, praticamente congelaram-se as contratações mundo afora e nós tivemos que retornar para o Brasil. Vendemos os móveis e a maioria das nossas coisas. Foi então que com algumas malas extras voltamos para São Paulo.

De volta ao Brasil

Depois que você se torna expatriada, o Brasil já não te apetece mais. Sendo assim, trânsito, insegurança, taxas e impostos, somados à pandemia, me fizeram decidir ficar em casa e cuidar do desenvolvimento da Maya. Enquanto isso, Wesley trabalhava nas obras do final da linha 4 – amarela – do metrô na Vila Sônia. Mas nosso sonho de morar fora não ficou esquecido.

Após um ano e meio, empacotamos roupas e pertences pessoais e partimos para a Europa, desta vez para trabalharmos com reforma de sistemas de metrôs, trens e tramways pelo mundo afora. Eu amava fazer as grandes obras de metrô para mega eventos, ver as estações de passageiros tomando forma, ver o trem rodar pela primeira vez num teste apreensivo e satisfatório. Mas esses sonhos, quando se tornavam realidade, tinham um fim, e inevitavelmente esse fim trazia a mudança. É a realidade de “trabalhadores do trecho”, como dizemos no linguajar da obra.

Do metrô do Brasil para Bélgica

Expatriada, Aeroporto Bruxelas, Aeroporto Catar
A saída do Brasil, stopover com a família no Catar – Imagens: Arquivo Pessoal

Hoje, escolhi reformar o que já existe, melhorar a segurança de passageiros e aumentar a confiabilidade e previsibilidade dos transportes públicos. Estou trabalhando em um centro de excelência em sinalização metro-ferroviária numa cidade pequena chamada Charleroi ao sul de Bruxelas.

Isso quer dizer que eu decidi ser expatriada na Bélgica para sempre?! Só o tempo vai responder essa pergunta. Essa é a minha história, até a próxima estação!

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Picture of Denise Pavan Limpias

Denise Pavan Limpias

Uma engenheira paulistana, quarentona, casada, mãe da Maya que nasceu em Dubai e da Miya que nasceu na Bélgica, onde moramos atualmente. Já morou no Rio de Janeiro, em Doha no Catar, em Dubai nos Emirados Árabes Unidos, que trabalha com projetos e obras de metrô, trem, tramway (VLT) e tem sempre um sorriso largo no rosto :)

Respostas de 29

  1. Parabéns Denise, A vitoria só vem para quem não desiste de lutar, boa sorte expatriada. abraços.
    

    1. Ah queridíssimo tio Afonso, muito obrigada pelo carinho. Sim, a luta é uma constante na vida de uma expatriada, mas seguimos firmes com fé e determinação. Abraços

  2. Dedê!!!! Que saudade!!!!! Bom saber que vocês estão bem e a família crescendo!!!!! Mande um abraço ao Wesley!!!

    1. Ei querido Edu, saudade também! Muito obrigada pelo carinho! Abraço mandado!!! Espero que estejam bem, beijo para toda a família.

  3. Que linda história, fiquei admirada com sua determinação e coragem.
    Quanta bagagem… viajei nesse texto cheio de detalhes 😍
    Parabéns

    1. Muito grata pelo carinho minha querida Leticia Maia!!! Seguimos juntas expatriadas nessa Bélgica.

  4. Que linda e inspiradora história!
    Adorei saber dos detalhes e que a família está crescendo!
    Parabéns amiga expatriada! 😍

    1. Ah minha grande amiga expatriada tão longe, gratidão por tudo! Aquele abraço bem apertado.

  5. Que história Dê! Quem vê cara não faz ideia de onde ela já passou né? Te desejo muito sucesso e saiba que é uma inspiração ver você peitando o mundo assim com tanta garra! Sou tua fã ♥️

    1. Puxa vida Amanda, grata pelo carinho, fico lisonjeada, tu é uma baita profissional e pessoa queridíssima! Seguimos juntas porque #juntassomosmaisfortes aqui na Bélgica!!! Também sou sua fã!

  6. Denise, adorei conhecer um pouco da sua história! Seu sorriso alegre e contagiante já vi algumas vezes. Que bom que teremos tempo de conviver!!

    1. Gratidão pelo carinho Cris! Também adorei estar mais perto de você e podermos fazer um trabalho tão lindo de voluntariado juntas!

  7. Dedé…que história emocionante… profissional e amorosa !!!!! Aí daquele que falar que vc teve uma vida fácil!!!!! Desejo muita Saúde para vc e família… Sucesso para vcs !!!! Bjs

    1. Eeeeh tiozinho, quanto tempo, né?! Grata pelo carinho, não é mesmo fácil, como não era na engenharia, a vida real tem muitas provas também! Saúde para você e sua família também! Beijos

  8. Que bacana sua história, Denise. É inspirador ver que mesmo com tantas incertezas no caminho, você nunca deixou de acreditar em um futuro melhor. Te admiro!! Um beijo

    1. Grata pelo carinho Mari!!! Que bom ter esse retorno, porque a intenção foi justamente inpirar outras pessoas a seguirem o sonho de ser expatriada e almejar uma vida melhor!!! Estamos juntas nessa 🙂 Um grande beijo

  9. Parabéns Denise por essa história linda e inspiradora. Você é uma grande mulher e tem uma família linda..,

    1. Ah minha querida Amanda! Gratidão pelo carinho, faço minhas as suas palavras, nossos desafios de expatriar e passar pelas adversidades são grandes, e sua família linda também me inspira. Grande beijo

  10. Olá! Gostei muito do texto, achei muito inspiradora sua narrativa. Não irá se lembrar de mim, porque foi um contato breve sobre documentos no Metrô de São Paulo(ID’s). Irei compartilhar com dois outros contatos de engenheiros cidadãos do mundo, como você. Deus esteja sempre à frente dos seus caminhos!!!

    1. Que bom saber Gardz, eu me lembro com muito carinho de nossa interação no projeto da Linha 4 do Metrô! Amém, Deus trilhando nossos caminhos com amor e sabedoria. Grata por compartilhar, espero inspirar outros a seguirem seus sonhos! Um forte abraço

  11. Parabéns Dê!!!
    Continue procurando a felicidade, seja onde for. Muito legal conhecer culturas diferentes, se realizar pessoal e profissionalmente, da forma que mais te agrada e com uma família linda. 😍 Família crescendo … mais um no forno ❤❤❤ amei. Seja muito feliz.

    1. Ah minha querida Andrea, gratidão pelo carinho!!! Sim, conhecer culturas tão diferentes é muito interessante e faz a gente crescer como ser humano nesse mundo! Saudade de você, um beijo grande em toda a família! Sim, em breve Maya terá uma irmãzinha!!!

    1. Puxa vida! Fico muito feliz em saber disso, era mesmo o maior intuito desse texto. Sucesso para você!

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