Sem dúvida, podemos aprender muito através dos nossos gatilhos emocionais. Se você já se pegou reagindo de forma intensa a uma situação aparentemente pequena, como um comentário ou atitude de alguém, é bem possível que tenha experimentado um gatilho emocional. Essas reações são sinais poderosos do nosso corpo e mente, indicando que algo dentro de nós ainda precisa de atenção e cura.
Para nós, expatriadas, que vivemos longe do que é familiar e frequentemente enfrentamos desafios de adaptação, os gatilhos podem ser ainda mais intensos. Uma observação aparentemente inocente sobre nosso sotaque, a ausência de um alimento que nos lembra a nossa casa ou a dificuldade de estabelecer novas conexões podem acionar emoções profundas, como tristeza, raiva ou frustração. Mas o que podemos aprender com isso?
O que são gatilhos emocionais?
Em resumo, os gatilhos são reações automáticas a algo que nos lembra uma experiência passada ou uma crença internalizada. Eles geralmente ativam emoções intensas que podem parecer desproporcionais à situação atual.
Imagine, por exemplo, que você sente raiva toda vez que alguém te interrompe durante uma conversa. Esse gatilho pode estar ligado a experiências anteriores em que você sentiu que sua voz não era ouvida ou valorizada. Ou seja, a reação emocional de hoje é, na verdade, uma oportunidade de revisitar a dor do passado e curá-la.

Por que os gatilhos são seus professores?
Embora desconfortáveis, os gatilhos trazem à superfície o que muitas vezes tentamos evitar ou ignorar. Eles revelam nossos medos, inseguranças e feridas, permitindo que possamos:
- Reconhecer nossas necessidades: quando nos sentimos gatilhados, é importante perguntar: “O que estou precisando neste momento?” Talvez seja acolhimento, validação ou uma simples pausa para processar as emoções.
- Identificar crenças limitantes: muitos gatilhos estão enraizados em crenças que carregamos há anos, como “Eu não sou boa o suficiente” ou “Não posso confiar nas pessoas”. Reconhecer, portanto, essas crenças é o primeiro passo para transformá-las.
- Aprofundar nosso autoconhecimento: cada gatilho é uma porta de entrada para entender melhor quem somos e o que precisamos para crescer.
- Enfrentar o desconforto como oportunidade: momentos desconfortáveis nos convidam, por assim dizer, a sair do piloto automático e nos conectarmos com nossa vulnerabilidade, um aspecto essencial do crescimento pessoal.
Como trabalhar com os gatilhos?
- Pratique a autocompaixã: primeiramente, lembre-se de que sentir-se gatilhada é humano. Substitua o julgamento por acolhimento. Diga a si mesma: “É compreensível que eu me sinta assim. Estou aprendendo.”
- Nomeie suas emoções: identifique o que você está sentindo no momento. Isso ajuda a criar espaço entre a emoção e a reação, permitindo uma resposta mais consciente.
- Investigue a origem: Pergunte-se: “Quando foi a primeira vez que me senti assim?” Muitas vezes, a raiz do gatilho está em experiências da infância ou em situações desafiadoras do passado.
- Desenvolva práticas de regulação emocional: Atividades como meditação, “journaling” ou mesmo uma caminhada ao ar livre podem ajudar a processar emoções desencadeadas por gatilhos.
- Busque apoio: Conversar com amigas, terapeutas ou participar de comunidades pode trazer novas perspectivas e alívio. Lembre-se de que você não está sozinha.

A relação entre gatilhos e a jornada de ser expatriada
Viver em outro país traz à tona uma série de situações que podem servir como gatilhos. A saudade de casa, a dificuldade em se comunicar plenamente em outra língua, ou mesmo o estranhamento cultural podem ativar emoções inesperadas. Porém, esses momentos também oferecem a oportunidade de explorar nossa identidade e compreender o que realmente importa para nós.
Um exemplo comum é o desafio de estabelecer novos relacionamentos em uma cultura diferente. Talvez você perceba que se sente rejeitada ao tentar se aproximar de alguém e não receber a reciprocidade esperada. Em vez de interpretar isso como algo pessoal, tente observar o que essa situação revela sobre suas expectativas ou medos.
Transformando gatilhos em autoconhecimento
Uma ferramenta poderosa para trabalhar com gatilhos é a prática da auto-observação consciente. Sempre que você se sentir desconfortável ou reagir de forma intensa, tente:
- Pausar: Antes de reagir, dê um passo para trás. Respire fundo algumas vezes.
- Refletir: Pergunte-se o que essa situação está tentando te ensinar. Existe alguma experiência passada influenciando sua reação?
- Agir com intenção: Em vez de seguir um padrão reativo, escolha como você deseja responder. Isso cria espaço para uma vida mais consciente e leve.
Leia também meu artigo: A terapia no processo de adaptação de expatriadas.
Um convite ao crescimento
Os gatilhos emocionais não são inimigos a serem combatidos, mas aliados no processo de cura. Eles nos mostram onde ainda há dor e nos convidam a cuidar dessas partes esquecidas ou ignoradas de nós mesmas.
Para nós, expatriadas, essa jornada é ainda mais profunda, pois estamos constantemente fora de nossa zona de conforto. No entanto, é justamente nesse terreno desconhecido que podemos nos redescobrir, nos fortalecer e nos conectar de maneira mais autêutica com o mundo — e, acima de tudo, conosco mesmas.
Quando encaramos nossos gatilhos como professores, abrimos caminho para uma vida mais leve e conectada. Cada momento de desconforto carrega consigo a semente da transformação. Está em suas mãos decidir o que fará com ela. 💜
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About The Author
Beatriz Setto Godoy
Olá! Eu sou Beatriz Setto Godoy, mais conhecida como Bia, e vivo no Brasil.
Uma ítalo-brasileira, apaixonada pelo mundo: por conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes.
Tenho formação em Administração, Psicanálise, em Comunicação Não-Violenta e em Programação Neurolinguistica.
Sou uma arquiteta de pessoas especialista em comunicação assertiva.
Facilito treinamentos na área de comunicação, atendimento, liderança com o foco em criar conexões e melhorar o clima organizacional adquirido nos meus 20 anos de CLT.
Com minha experiência de vida ajudo pessoas do mundo todo a se conhecerem para viverem com leveza e sentido.
Realizo atendimentos psicoterapêuticos em português e inglês.
Criei o Podcast Conecte-se com a sua Jornada, escrevo como colunista de um Blog para expatriadas e para uma revista Espanhola sobre bem estar, a Therapies Magazine e também, sou escritora de livros.
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