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Por que a guerra mexe comigo?

Última atualização do post:

Por que a guerra mexe comigo
Por que a guerra mexe comigo? Fonte: Canva Pro

Essa guerra tem mexido muito com as pessoas, mas por que a guerra mexe comigo? Por todas as incertezas, tudo o que dela advém mexe com nossos planos de futuro. Como eu posso dar continuidade à minha vida se não sei que curso ela tomará? Especialmente com o pessoal da Europa, tenho percebido essa dificuldade, essa angústia. Mas afinal, o que é essa dor? Ela vem da angústia do incerto, do não saber o que será. Qual o escalonamento de tudo isso? Preciso ter o mínimo de controle, isso é o que nos mantém mais estáveis.

O Brasil, apesar da fama de multicultural, não é um país que se convive com pessoas de outras origens tão perto, ao contrário de quem mora fora, até pela característica de mudar de país e conviver com pessoas tão distantes.

Então, quando você sai do Brasil, é maior a chance de encontrar uma pessoa com origens em países próximos ou até diretamente de zonas de conflito. Aí, a coisa começa a apertar, parafraseando o ditador soviético Stalin: “mate um e será uma tragédia, mate muitos e será estatística” pois quando conhecemos uma pessoa que sofre diretamente com esse conflito a dor passa a ser minha também, pois traz rosto ao que está sendo vivido.

A OMS estima que, até o momento, 18 milhões de pessoas foram vítimas da guerra, sendo 6,7 de deslocamentos internos. Mas como exatamente isso pode nos afetar?

Por que a guerra mexe comigo
Guerra: e para os civis, como fica? – Imagem Canva Pro

Como a guerra muda o cenário para os civis

Para os civis, pessoas que estão fugindo do local, há grandes chances de desenvolver transtorno mental moderado à grave: transtornos de ansiedade, depressão, esquizofrenia e bipolaridade. Lembrando que: não é possível determinar que isso ocorrerá, pois principalmente o transtorno bipolar e a esquizofrenia, são transtornos com diversos fatores que culminam em sua aparição, mas os fatores social e ambiental têm grade peso.

Difícil, você viver uma vida toda em seu país e de repente, por força maior, você ter que se retirar, levando poucos pertences sem poder fazer maiores planejamentos. Daí a chance de desenvolvimento desses transtornos.

Outro transtorno bem comum às pessoas que vivenciam situações como essa, e aí é frequente tanto em civis quanto militares é “Transtorno de Estresse Pós Traumático”. A pessoa acaba ficando “sempre alerta”, agitação exacerbada, ficar sempre revivendo cenas e situações vividas durante o conflito e distúrbios do sono. É como se, a qualquer momento aquilo fosse ocorrer novamente e a pessoa precisasse estar pronta para aquilo.

Um ponto importante: às vezes nos esquecemos que os soldados são pessoas, que nem sempre existe a opção de estar ali. Algo bem particular nesse conflito entre Rússia e Ucrânia: todos os cidadãos ucranianos do sexo masculino, acima de 18 e até 60 anos, estão sendo “convidados” a defenderem seu país. Ou seja, as famílias estão sendo separadas. Civis estão se vendo obrigados a pegar em armas e isso é uma dor muito difícil.

Trauma do combatente

O trauma do combatente pode ser dividido em: exposição de morte ou sofrimento a uma pessoa, tão próximo, ou ter que limpar as consequências da violência. Ou realizar atos que atentem contra sua própria moral: atingir alvos civis por ordem superior.

Não podemos esquecer também, que há as ameaças do próprio combate: ser morto ou ferido em batalha, o que pode causar o medo e a ansiedade nessas pessoas.

Ouvi de um jornalista que foi à igreja e encontrou no mesmo local um soldado chorando com arma na mão. Pra mim, foi algo que trouxe tanta humanidade para essa pessoa.

Podem surgir transtornos de ordem mental como: ansiedade, depressão, estresse pós traumático e outros de grau mais grave como: bipolaridade e esquizofrenia. Precisamos ainda olhar pelas crianças que estão em zonas de conflito e seus impactos no dia a dia. Como essa criança passa a ver o mundo? Quantas crianças estão sendo separadas de sua família e de uma hora para outra têm suas vidas transformadas? Portanto serão muitos desafios a serem enfrentados nos próximos períodos de tempo.

Aspecto sensacionalista das notícias

Mas para quem está de fora, espectadores, como a maior parte de nós, como lidar com tudo isso?
Encontro muitas pessoas relatando medo por tudo, angústia que o conflito tome proporções maiores e que outros locais sejam envolvidos e o que fazer a partir disso. Bem, vamos lá, a primeira situação é fazer um filtro das notícias. Buscar fontes confiáveis e se disciplinar a ver no máximo uma vez por dia.

Pois sabemos que as mídias e redes sociais estão inundadas de chamadas sensacionalistas e isso com certeza nos chama a atenção, porém se ficarmos lendo o tempo todo a respeito, a chance de você ficar ansiosa e com medo é muito maior. A mídia sabe que precisa chamar a atenção para te manter preso ao conteúdo.

Pare e pense: você precisa realmente consumir esse tipo de informação? O que transformará sua vida saber que bombardeios estão ocorrendo? Minha sugestão aqui não é ser alienado e não querer saber o que está acontecendo no mundo, mas sim consumir o mínimo de notícias para isso.

Como se controlar

Manter sua rotina dentro da normalidade também é importante, não deixar de fazer planos, é uma forma eficaz de se conectar a realidade. Vejo pessoas que estão cancelando viagens, algo que já ficamos tão restritos por conta da pandemia e que hoje que existe a possibilidade de sair, cancelam.

Cuide de sua saúde física, através de exercícios para o corpo, que também liberarão uma série de neurotransmissores que te mantém com sensação de bem estar e leveza. A rotina de sono também é um grande aliado nesse momento.

Estar próximo de pessoas que te apoiam e te inundam de boas sensações: amigos ou familiares que conversa sobre tudo na vida e te farão não pensar tanto nessas situações. Só não vale ficar comentando sobre o desastre, ok?

Tudo isso que coloquei são fatores que servem pra te apoiar, suportar, alguns falam: “ah isso é terapia”, e infelizmente preciso te dizer que não, é terapêutico, traz alívio pros momentos de tensão, bem como tomar banhos demorados e relaxantes, ler livros, escutar músicas e tantas atividades particulares que te dão prazer.

Por que a guerra mexe comigo
Psicoterapia online – Imagem: Canva Pro

Autoconhecimento e autoconsciência

Mas ter o autoconhecimento e ver que está precisando de ajuda também é importante. Ter a consciência que não precisa dar conta de tudo ou que pode resolver por si próprio é fundamental.
Ansiedade e medo são pertinentes a humanidade e existem desde que o mundo é mundo, a questão é você analisar se isso está te prejudicando ou paralisando. Isso afeta o meu dia a dia? Consome boa parte de meu tempo e / ou energia? Se respondeu sim para alguma dessas questões, então está na hora de levantar as mãos e buscar ajuda.

Lembre-se, fazer psicoterapia, buscar grupos de apoio não é um sinal de fraqueza, é sinal que precisa compartilhar com alguém o que está sentindo e elucidar pontos que podem não ser claros no momento. Por que fico tão ansioso quando penso a respeito disso? Que gatilho emocional é ativado em mim quando vejo essas situações? Vale a pena olhar de maneira mais atenta a esses comportamentos.

Onde buscar ajuda

Ok, você já aplicou as dicas que trouxe e ainda assim percebe que está difícil dar conta de tudo? Vou te dar um spoiler: você não precisa. É importante ter com quem dividir suas questões, ver que não está sozinho e um apoio, uma escuta estruturada pode fazer bastante diferença em sua vida. Algumas opções de ajuda:
CVV – Uma ONG brasileira, onde você pode falar com voluntários, 24 horas por dia, que inclusive existe a opção de conversas por chat o que facilita muito pra quem mora fora.

Grupos terapêuticos: trabalhos em grupos estruturados, onde você possa dividir as dores. Psicologia de grupo é uma prática muito utilizada quando há muitas pessoas sofrendo com as mesmas questões macro. Como estamos falando com pessoas do mundo todo, só fica mais difícil de identificar de imediato um local.

Psiquiatras: tratarão as questões farmacológicas, ou seja, regulação química pra um cérebro que está descompensado. Importante aliado para trazer equilíbrio, porém nosso cérebro é a melhor máquina que existe. Pode haver necessidade de troca de medicamentos ou doses a cada período de tempo.

Psicoterapia individual: esse será o seu espaço. É a hora de colocar tudo o que te angustia de maneira particular, num espaço estruturado e de escuta profissional e com sigilo. É importante buscar por profissional que haja empatia, que você precisa confiar com quem partilha sua história. Se não deu certo com um profissional, tente outro.

Clique aqui para mais textos da autora

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Tabata Schmidhäusler

Curiosa por natureza, sempre aberta a ouvir pessoas e opiniões diferentes e, com isso, conhecer mais sobre o mundo. Uni minhas paixões: conhecer lugares e pessoas, e me especializei no atendimento a brasileiros que moram no Brasil e no exterior, auxiliando-os nos desafios e adaptações da vida, pois morar fora, sabemos, não é uma decisão tranquila.

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