Morando em Santiago desde 09 de julho de 1995, tenho muitas coisas para contar neste ¼ de século e como foi minha “reinvenção no Chile!”
Foi minha primeira experiência fora do Brasil e, certamente, foi muito diferente do que eu estava acostumada. Era uma época muito diferente do que temos hoje. As comunicações eram somente por telefone e era caro. Chamava a minha mãe uma vez por semana e ia para o Brasil uma vez por ano. Assim começou minha “reinvenção no Chile!”
A visão da nova realidade
O Chile nesta época também era muito diferente de hoje. O General Pinochet era “comandante em jefe del Ejercito de Chile” de 23/08/73 a 10/3/98. Era um ambiente pesado e ao sair nas ruas tinha os carabineiros com metralhadoras e não estava acostumada com este cenário tão austero.
Quando lembro não sei como aguentei ficar longe de todos e com poucos amigos. Mas como nos adaptamos a coisas boas e ruins, fui me refazendo dentro desta situação.
No Brasil, trabalhava e quando cheguei aqui tudo mudou. Era só as atividades de dona de casa e mãe e foi aí que comecei a procurar o que poderia fazer e ainda tinha a barreira do idioma porque não falava espanhol.
Como encontrar um caminho
Comecei a participar de uma reunião mensal de brasileiras e aí conheci muitas pessoas que fizeram meus dias mais amenos neste novo universo de expatriada.
Ia levar e buscar meu filho no colégio e sempre ia meia hora antes para encontrar com gente e poder falar um pouco.
Para ocupar o tempo, fui fazer um curso de computação e comprei meu primeiro computador e junto com isto apareceu a oportunidade de fazer tradução de catálogos junto com uma amiga que já morava aqui há muitos anos.
Imagina só como foi isso: sem experiência com o computador, ela ia me ditando em espanhol e eu ia escrevendo e me passou mais de uma vez de ter várias páginas prontas e perder tudo sem saber como e sem saber como recuperar.
Buscando por onde ir
Arquivo pessoal.
Depois, fui vender Natura e não deu muito certo, depois, fui vender calcinhas durante um tempo e até que funcionou, mas acabei ficando com um estoque que durou muito tempo.
Comecei um curso de pintura em cerâmica que eu gostava muito e ocupava meu tempo. Era um grupo muito legal, tínhamos aula uma vez por semana e nos reuníamos outro dia da semana para pintar.
Em 1999, meu marido inaugurou uma empresa de vendas de máquinas e material de reposição, porque a empresa que ele trabalhava tinha sido vendida. Ele achando que ia ser mandado embora, iniciou este empreendimento, mas isto não aconteceu.
Quando ele estava por desistir da empresa que inaugurou porque não tinha tempo, eu assumi a empresa, embora não entendesse nada do mundo de vendas.
Era um número interminável de peças e eu me sentia perdida. Foram dias muito difíceis, mas foi uma ótima experiência tanto que continuo até hoje.
Como disse Ruy Castro “O mal-humorado é alguém sem imaginação”.
E neste quesito, eu sempre fiz de tudo para sempre estar bem comigo mesma, como hoje na quarentena. Estou sempre buscando algo para fazer arrumar e me ocupar pois assim o tempo passa mais rápido. E a vida fica mais alegre.
Norma Sueli Santos Nunes é Gerente de Vendas numa empresa de máquinas para aplicação de Adesivo Hot-Melt. Formada em Estudos Sociais e Geografia, foi professora por 17 anos. Em 1995 foi morar no Chile. Casada há 32 anos, um filho, dois enteados, três noras e dois netos e expatriada há quase 25 anos, em Santiago no Chile. Alegre descontraída e simples na sua vida diária. Viajar é seu maior objetivo. Gosta muito de estar com seus amigos, e procura manter os amigos que tem pelo mundo.
Respostas de 2
Sueli amei seu texto….Também moro no Chile desde 2016 e já passei por várias oportunidades. Vim para trabalhar no Turismo mas ñ me adaptei….hoje sou petsitter….parabéns por sua história….
Oi Samara obrigada ,assim sao as mudancas temos que nos adaptar.