Revisitar o Brasil depois de 7 anos no exterior

Revisitar o Brasil depois de sete anos que estamos morando fora foi fantástico! Vivemos sem ansiedade durante esse tempo, apenas nos fortalecendo! E na hora certa, aconteceu! Nossas férias deste ano foram na pátria amada Brasil. Foi uma imersão na nossa cultura brasileira, comidinhas, clima, família, amigos…é sempre a famosa frase: ter asas pra voar, mas raízes pra voltar.

Ficamos no país por 20 dias. Senti que foi o tempo ideal. Revimos “todos” que conseguimos. Foi restaurador, prazeroso e a sensação foi como se tivéssemos nos ausentado por pouco tempo. O carinho, a cumplicidade, a alegria em reve-los foi a mesma de quando partimos. Estávamos todos em sintonia!

Como foi organizar essa viagem?

Em Agosto de 2022 decidimos que iríamos fazer essa viagem. Já estava olhando o preço das passagens, mas ainda não tínhamos definido a data. Para fugir dos preços da alta temporada em julho, agosto e setembro, decidimos viajar em abril e aproveitar o período da Páscoa.

Até que surgiu uma excelente oportunidade e não pensamos duas vezes. Falei então com a agência de viagem “top das galáxias” na qual eu trabalho – HM Miles and Tour, que me deu o maior suporte nessa tomada de decisão. Foi um mix de emoções e sensações naquele dia.

Teríamos sete meses pela frente para um planejamento financeiro e deixar tudo organizado para esse momento tão especial. Afinal, regressar depois de sete anos morando fora do Brasil requer que tudo aconteça da melhor forma possível.

A chegada ao Brasil depois de 7 anos no exterior

O tão esperado dia chegou e com ele a adrenalina e, confesso, um pouquinho de pânico. Não sei definir exatamente do quê, talvez do medo da violência, já que era a primeira vez que voltávamos com as crianças. Lembro que meu filho Hiram estava com sete meses da última vez.

O embarque foi tranquilo, chegamos ao aeroporto com 4h de antecedência (hahaha), só por garantia. Despachamos nossas malas e acreditem: apesar de cada um ter direito a uma mala de 23 kg, consegui colocar toda a roupa da família em uma única mala de 23 kg. Esses anos como viajante me ensinaram a ser mais prática. Praticidade inclusive para o transporte, já que muitos táxis não comportam esse número de pessoas mais as malas.

Fomos com os passaportes italianos, pois o brasileiro estava vencido e, como temos dupla cidadania e moramos em outro país, mantemos esses atualizados. Além disso, levamos também as certidões de nascimento das crianças e os passaportes brasileiros vencidos, caso fosse necessário. Consultei o site do governo brasileiro sobre situações como esta, e verifiquei que não há qualquer problema ou impedimento quanto a isso. Caso queira consultar, segue o link: dupla nacionalidade

Durante o voo para o Brasil

Levamos alguns brinquedos surpresa para as crianças se distraírem, já que era a primeira vez que viajávamos com eles em um voo diurno. Saímos às 11 horas da manhã de Lisboa e chegamos às 16 horas do Brasil.

Foi super tranquilo! As crianças curtiram, tiraram cochilos, brincaram – sentadinhos na poltrona. O sufoco foi nos momentos finais, perto da hora do pouso, porque tivemos uma turbulência e, como tinham comido muito, sentiram-se mal e vomitaram.

Mas quando chegamos ao aeroporto de Brasília já estava tudo bem! Passamos pela imigração e fomos orientados a ter uma autorização de viagens para a saída – caso eu fosse voltar com as crianças, sem o pai. Em outras palavras, é uma declaração de viagem para crianças acompanhadas por apenas um dos responsáveis, que você faz no cartório. Ou seja, mesmo contendo no passaporte essa autorização, seria necessário uma outra.

O reencontro

Finalmente chegou o momento mais esperado: rever, tocar, abraçar! Ahhhh, como esperamos por isso! Sem dúvida, a presença física faz muita falta. A avó Iracides viu então os netos pessoalmente. Foram só sorrisos, euforia e arrepios de felicidade estampados no rosto de todos nós. E o tio Toninho aos poucos ia tentando se adaptar aos “novos sobrinhos”, que enchiam a casa de correria, bagunça e travessuras.

Roteiro da primeira semana revisitando o Brasil

01/4 – Minha sogra fez 75 anos e foi o melhor presente pra ela e pra nós estarmos juntos na celebração, onde todos estiveram presentes, irmãos e amigos, foi muito especial.

03/4 – Dia de visitar nosso vizinhos e amigos no Condomínio do Lago onde moramos, pois é também o dia da missa mensal, uma tradição que se mantém viva desde a nossa época. Todo mês um morador cede a sua casa para receber o padre e a comunidade para a celebração da missa. Como foi bom poder me sentir repleta do espírito santo de Deus. A receptividade dessas pessoas é algo que me orgulha partilhar, pois somos como uma família. Além disso, me senti como se nunca tivesse saído dali, pois meu coração faz parte dessa comunidade, tão unida no amor de Cristo.

05/4 – Jantar especial na casa da querida família de Jaidete e Jocundo, irmãos da maçonaria. Nos receberam com tanto amor, afetividade e fraternidade, que não temos palavras para expressar o amor e a gratidão que temos pelo arquiteto do universo por amizade tão valiosa.

07/4 – Sexta-feira Santa nos reunimos com a família do meu marido para uma pamonhada. Que dia mais delicioso!

Viajando de carro de Goiânia para Campo Grande-MS

08/4 – Começamos então nossa aventura! Alugamos um carro para irmos até Campo Grande – MS, onde mora minha família. É uma distância de 900 km que percorremos em 9 horas. Enfim chegamos na casa dos meus pais e fomos recebidos com festa. Como é bom se sentir amada! E foi exatamente essa emoção do amor que transbordou em nós!

09/4 – Café da manhã no Mercadão Municipal, onde tem aquele pastel maravilhoso com um molho verde que é imperdível. O Mercadão é tradicional na cidade não apenas para comprar produtos regionais como também para comer. Não é possível imaginar visitar o Brasil depois de sete anos sem aproveitar para matar a vontade de saborear novamente essas delícias. Depois seguimos para o churrasco na casa da minha prima Julia e do seu esposo Wagner, tendo sido uma confraternização perfeita. Passamos o tempo colocando as conversas em dia e as crianças brincando na piscina.

A agenda da semana sempre completa

Na segunda, fomos no maior aquário de água doce do mundo, isso mesmo!!! Fica em Campo Grande-MS, e se chama Bioparque Pantanal – nossa cidade é rota para o Pantanal sul-mato-grossense e possui muitos atrativos para complementar um bom roteiro de viagem. No Bioparque a entrada é gratuita, mas é preciso fazer a reserva pelo site com 24 horas de antecedência.

É possível ver peixes de diversos tipos, jacarés, baratas d’água, besouros, borboletas e outras pequenas espécies. Além das plantas, frutos e sementes do Pantanal. Sem dúvida, o espaço é fantástico, tem lojas com artesanato e até playground.

Ficamos hospedados no melhor hotel da cidade Grand Park Hotel, que fica de frente para o Shopping Campo Grande e tem uma vista fenomenal da cidade. O hotel dispõe não só de suítes grandes e acolhedoras, como também tem piscina, bar, restaurante e conta com um dos melhores café da manhã que já provamos.

Você também pode degustar o café da manhã mesmo se não estiver hospedado no hotel. Vale a pena! É próximo ao Parque das Nações, perfeito para uma caminhada, ou um simples passeio para ver as capivaras passeando em bando livremente pelo parque. Aproveite para entrar no clima e se deslumbrar com o Pantanal.

Viajando pelo interior do Estado

Na terça feira, fizemos mais uma viagem para reencontrar nossos familiares que moram em Dourados, que fica a três horas de viagem. Chegamos para o almoço e fomos surpreendidos com todos reunidos nos esperando com churrasco, cervejinha, muito amor, choro e alegria. Em suma, foram sete anos de abraços guardados.

As crianças pareciam que sempre estiveram juntas, pois estavam em total sintonia. Ao final da tarde, chegou a hora tão temida: a despedida!

Seguimos para Sidrolândia onde encontramos meu irmão, para conhecermos a nova loja dele – Espaço Country MS e a loja BLM. Fiquei muito orgulhosa do que ele e a esposa conquistaram! Meu irmão trabalhou conosco em nossa fábrica de botas, a Brazil Country Boots, mas quando fechamos nossa empresa no Brasil há sete anos, eu sempre ficava preocupada com o futuro dele e daqueles que estiveram trabalhando ao nosso lado. Entretanto, tive a felicidade de ver que ele, e tantos outros, seguiram em frente e tiveram sucesso ao conseguirem empreender no Brasil!

Foram duas horas de viagem até Sidrolândia. Para variar, fomos recebidos com mais um churrasco, cervejinha e muito amor e alegria! No dia seguinte enfim visitamos a loja do meu irmão, e eu adorei! As crianças brincaram de ser vendedores e, claro, escolhi uma bota maravilhosa de couro de arraia e outra de montaria. A confecção de cada país tem seu diferencial e a brasileira, na minha opinião, é perfeita tanto no conforto, como na durabilidade.

Últimos dois dias em Campo Grande

Voltamos para Campo Grande e fomos almoçar na Peixaria do Oscarzinho, pois uma das coisas imperdíveis dessa cidade é comer peixe. Dizem que cheiro e sabor marcam a gente. Sem dúvida, o nosso prato preferido é o peixe ao urucum e as nossas peixarias favoritas são a do Oscarzinho e a Peixaria Ceará.

Na quinta feira, minha tia Lígia e meu tio Idamar fizeram o almoço. Eles, que são vizinhos dos meus pais e moram no mesmo terreno – tem até matéria sobre eles, fizeram nosso outro prato favorito, que não podíamos ir embora sem comer: o Sobá. Prato da culinária japonesa que não decepciona nunca!

A Feirona Central, como chamamos, é um dos lugares de forte tradição para quem mora por lá, e uma referência turística da cidade. Não deixe de conhecer quando estiver em Campo Grande.

À tarde, estivemos no parque aquático Eco Park Clube, e foi uma tarde perfeita. As crianças nunca tinham ido a um parque aquático. Tanto elas quanto nós, ficamos deslumbrados. Tem muitas opções de piscinas, algumas aquecidas, além de um bar molhado, e eu adorei essa novidade por lá!

À noite, fomos jantar na casa de uma família que amamos: a Soraia e o Stefano, porque era aniversário do filho deles.

Na sexta-feira, nossa última noite na cidade morena, fizemos um churrasco de “até breve” na casa dos meus pais. Obrigada “tchê, tchê” Campo Grande pela receptividade, foram dias intensos! Foi mesmo festa e encontro de um dia para cada ano que passamos fora do Brasil. Meu Brasil, brasileiro! Depois de 7 anos, apesar de tudo parecer “igual” a quando saímos, muitas foram as mudanças: crianças que agora são rapazes e moças, famílias que cresceram. Lugares que fecharam, outros que abriram, além dos que resistiram em meio a todos os acontecimentos dos últimos anos.

Hora de deixar o Brasil!

Voltamos para Goiânia no sábado, e no domingo de manhã fomos ao zoológico. Almoçamos em um restaurante de muita tradição e que gostamos muito, chamado Buteko do Chaguinha, onde servem espetos suculentos, e com porções muito bem servidas. É um ambiente familiar, tem um espaço kids e um ótimo atendimento.

Depois fomos entregar o carro na locadora, e na quarta feira 19/4/2023, mais uma vez, nos despedimos do Brasil e voltamos pra casa. Saímos com o coração e a alma transbordando de amor, afeto e gratidão por todo o acolhimento, receptividade e atenção que recebemos nesses 20 dias de férias. Esperamos que o regresso não seja tão demorado.

Obrigada a todos que tiraram uns dias para estar conosco e desculpa aos que não conseguimos encontrar pelo curto tempo. Espero vocês por aqui em Lisboa, onde teremos imenso prazer em recebê-los!

Um forte abraço e até breve!

Para mais textos da autora leia aqui.

Kelly

Casada há 21 anos, 39 anos, Mãe da Zoe (5 anos) e do Hiram (9 anos). Ex bancária, formada em Contabilidade, ex-sócia e proprietária da empresa Brazil Country Boots, fui por 3 anos Travell Planer na agência de viagem hm miles and tour e atualmente estou em transição de carreira em Dublin na Irlanda.
Com experiência e memórias de 5 países onde morei e tenho na bagagem: Itália, Inglaterra, Austrália, Portugal e atualmente Irlanda. Venho compartilhar com vocês experiências de mãe para mãe e a vida de uma expatriada pelo mundo.