Quando pensei em organizar um intercâmbio, logo percebi que ir em busca de um sonho é sempre uma mistura de emoções e incertezas. Para muitas mulheres brasileiras, a decisão de fazer um intercâmbio em outro país é um passo corajoso, repleto de esperanças, expectativas e, claro, alguns medos.
Desafios
Deixar o Brasil para trás, e mergulhar em uma nova cultura, pode ser emocionante e ao mesmo tempo desafiador.
Por certo, ao decidir fazer um intercâmbio, eu pulei muitas barreiras e paradigmas que as pessoas ao meu redor sempre me impuseram. E algumas das frases que acredito que vou ouvir de todos serão:
‘’Você está doida de gastar todo esse dinheiro só pra estudar lá?”
‘’Paga um professor particular de inglês que ainda sobra dinheiro.’’
‘’Vixe, no exterior o povo não gosta de brasileiro, hein?’’
‘’Que bobagem largar o Brasil, um país bom desses!’’, e por aí vai…
Se eu for pensar, a lista é infinita. Precisamos então lidar com todas essas objeções e opiniões alheias que pessoas próximas nos colocam. Sem dúvida, esses já são os primeiros obstáculos com os quais teremos que lidar. Mas é a partir daí que devemos nos planejar e nos organizar, para sabermos como nos comportaremos diante dessas situações que não são nada motivadoras.
A seguir, de todas forma, temos que partir para a parte burocrática, pois cada detalhe precisa ser minuciosamente planejado. Organizar, desde os documentos necessários até a escolha da mala ideal. E, no âmago disso tudo, estão nossos sonhos e expectativas em relação a uma nova vida, cheia de oportunidades e descobertas, mas totalmente desconhecida.
Primeiros passos na organização do intercâmbio
Antes de mais nada, existe um processo meticuloso, sobre a qual ninguém te conta, quando pensamos em realizar um intercâmbio. Em outras palavras: organizar um intercâmbio começa muito antes da viagem em si. Nesse sentido, é preciso lidar com uma infinidade de detalhes, tais como: regras para obtenção do visto, a escolha do programa e da instituição de ensino, a busca por moradia e a preparação financeira. Para muitas pessoas isso significa meses – ou até anos – de um planejamento cuidadoso.
Estou indo para Dublin e meu intercâmbio inicia em dezembro deste ano (2024), e entre todos esses pontos, confesso que a parte financeira e a de moradia são as mais preocupantes para mim. Principalmente por ter que passar por uma imigração que exige a posse de valores bem significativos, além do fato de que o custo de vida em Dublin também é bastante alto. Isso se deve ao fato de a Irlanda não ser um país grande, estando a disponibilidade de moradias saturadas em função do alto número de imigrantes.
Mas, uma coisa de cada vez, cada etapa um desafio. Eu acredito muito no poder da comunicação, de que ‘’Quem tem boca, vai a Roma’’, e acredito que isso é uma coisa que o brasileiro sabe lidar bem, essa interação e a força de vontade de fazer acontecer.
Organizar um intercâmbio envolve muitas emoções
Além da organização gigantesca, há um turbilhão de emoções envolvidas. A expectativa de viver em um novo país, conhecer pessoas de diferentes culturas, aprender uma nova língua, poder viajar para outros infinitos países, são apenas algumas das muitas razões que me impulsionam a seguir meus sonhos. Eles carregam comigo a esperança de um futuro melhor, tanto profissional quanto pessoal.
Enfim, chego à conclusão de que mudar de país é uma experiência transformadora. Para as mulheres brasileiras que decidem embarcar nessa aventura, o intercâmbio representa mais do que uma oportunidade educacional ou profissional. É um verdadeiro mergulho profundo em um mundo de autoconhecimento e crescimento pessoal através do contato com novas culturas.
Apesar dos desafios, a determinação e a coragem são minhas fontes de inspiração para vencer as forças que insistem em querer me fazer desistir. Ouvir a minha voz interior é o foco principal a seguir, pois ninguém pode tirar do outro as experiências que se vive.
São inúmeras listas já feitas, cronogramas e lembretes para que nada fique tão de última hora. E manter a ansiedade fora do jogo é o maior desafio até aqui, pois a todo momento penso: “como será quando pousar em terras estrangeiras?”
Mudanças pessoais que organizar um intercâmbio traz
E ao pensar em tudo isso, não posso deixar de refletir sobre as mudanças que o intercâmbio trará na minha vida. São desafios que vão além do âmbito profissional ou educacional; trata-se de uma transformação pessoal profunda. Viver fora do Brasil significa ter a oportunidade de desconstruir antigos padrões e construir novos. Cada encontro, cada nova amizade e cada obstáculo superado será um tijolo na construção de uma nova versão de mim mesma. Esse processo de adaptação, embora repleto de incertezas, é o que realmente torna essa jornada tão especial. Aprender a lidar com a saudade, a sentir falta das coisas simples do dia a dia e a criar uma nova rotina em um ambiente completamente diferente são etapas fundamentais para o crescimento pessoal.
Outro aspecto que não posso deixar de mencionar é a importância de manter a mente aberta e estar disposta a aprender com cada experiência. Estar em contato com pessoas de culturas diversas e conviver com outras formas de ver o mundo é uma oportunidade única de expandir horizontes. Essa convivência me permitirá não apenas aprender uma nova língua, mas também desenvolver uma compreensão mais profunda sobre o mundo e sobre mim mesma. Afinal, um intercâmbio é muito mais do que apenas estudar em outro país. Em verdade, é mais sobre adquirir uma nova perspectiva de vida, enxergar o mundo sob outras lentes e, acima de tudo, crescer como ser humano. Com essa mentalidade, sigo em frente, pronta para abraçar as mudanças que essa nova fase da minha vida trará.
Mas espero poder voltar aqui em dezembro (e antes, claro!) para compartilhar como foi essa grande mudança. Então vou te contar como estarei me sentindo como uma recém expatriada.
Um abraço,
Eliza
Olá, somos Daniela Pescuma e Eliza Ferreira, co-fundadoras do Clube das EUpreendedoras. Cada mês uma de nós vai aparecer por aqui. O Clube das EUpreendedoras é uma comunidade dedicada a mulheres empreendedoras solo, oferecendo mentoria, apoio, recursos e uma rede de suporte para impulsionar o crescimento pessoal e profissional.