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Zete, a joalheira brasileira que faz sucesso na Suécia!

Última atualização do post:

Zete joalheira brasileira
Zete com suas joias - arquivo pessoal

Nossa entrevistada Zete é uma mulher inspiradora no seu caminhar pela vida! Brasileira de coração e alma, mas com a imensa sabedoria de viver com alegria na Suécia, país do marido Carl e para onde imigrou com a filha deles Johanna ainda criança.

A ideia inicial ao irem para a Suécia era construir um veleiro, morar nele por alguns anos e se desse continuar com seu oficio de joalheira e artesã.

Fácil?

De jeito nenhum. Mas, essa é uma palavra que não pertence ao vocabulário da Zete, que de contadora com emprego público e garantido na Petrobras se jogou em um sonho bordado com pedras preciosas. Sonhou acordada e foi fundo. Deu certo. Tem sucesso e, o mais importante, felicidade de ter se mantido sempre a artista brasileira com seu estilo pessoal.

Quer saber mais sobre essa mulher linda, forte, aventureira e apaixonada? Então leia a nossa entrevista e você também vai se encantar e se inspirar com ela!

IA – Conte um pouco sobre você?

ZL – Eu nasci em janeiro de 1958 em uma pequena cidade no interior de São Paulo, chamada Monte Alto. Quando eu tinha dois anos meus pais decidiram mudar-se para a capital de São Paulo. Mas, se eles soubessem o quanto as nossas vidas mudariam para pior, talvez eles não tivessem tomado essa decisão. Éramos quatro, meu pai, minha mãe, minha irmã mais velha e eu.

Zete joalheira brasileira
Zete usando anel de sua coleção de joias – Suécia. – Imagem Arquivo pessoal

Minha irmã e eu crescemos em colégio interno na cidade Itapecirica da Serra – SP, dirigido por freiras católicas alemãs. Lá moramos e estudamos cerca de 10 anos. Definitivamente, foi uma decisão muito boa, a que minha mãe tomou, de nos enviar a esse internato. Lá tivemos uma educação rígida, porém de extrema boa qualidade.

Aos meus 22 anos, casei-me pela primeira vez e comecei a estudar na PUC-SP. A minha formação universitária, totalmente errada, é de contadora e matemática atuarial.

Devido aos meus estudos trabalhei muitos anos como funcionária pública municipal. Em 1985, já divorciada, comecei a trabalhar na Petrobras. Apesar do bom salário era um trabalho burocrático e que me entediava muito.

Muito próximo ao escritório da Petrobras havia a única escola particular de joalheria, na cidade de São Paulo. Num determinado dia do ano de 1986, muito curiosa, entrei para conhecer. O resultado foi que fiquei frequentando e estudando o ofício da joalheria. Tal ofício exerço com muito prazer até os dias de hoje.

IA -Zete como e quando aconteceu tua ida para a Suécia? 

ZL – O ano de 1985 foi de grandes acontecimentos para mim, tive um trabalho novo e um relacionamento amoroso também novo. Carl, meu marido é de nacionalidade sueca e nós nos conhecemos no Brasil, país em que ele também morava. Carl é capitão aposentado da marinha real sueca e que tinha o sonho e a vontade velejar pelo mundo afora. Em 2004, resolvemos nos mudar para cá para e realizar esse sonho. O plano era de morarmos aqui durante três anos, tempo que seria suficiente para terminarmos o veleiro que havíamos comprado; para que a minha filha, com então 10 anos de idade, reforçasse o idioma sueco para dar continuidade nos estudos à distancia durante a nossa jornada, e eu teria o tempo suficiente para ter a cidadania sueca.

IA – E os planos deram certo?

ZL- Durante esses três anos de preparação, eu estudei o idioma sueco, que é muito difícil para nós que falamos um idioma latino e também comecei a trabalhar com as minhas joias. Digo-lhes que dentro do barco meu marido transformou um dos banheiros em uma mini oficina de joalheria, na qual eu poderia e pude trabalhar. Assim começou o meu trabalho como joalheira aqui na Suécia, lembro-me bem que cheguei a fazer, na minha mini oficina, um anel com água marinha para a esposa de um amigo de meu marido e um par de brincos com turmalinas para uma amiga brasileira que aqui morava.

Dentro de todo esse plano traçado, a única coisa que não aconteceu foi a nossa viagem velejando ao redor do mundo.

Durante uma viagem de férias velejando para a Finlândia, enfrentamos uma grande tempestade no mar. Isso foi o suficiente para que eu e minha filha compreendêssemos que velejar não era o ideal para nós, simplesmente entramos em pânico. Até hoje penso agradecidamente na guarda costeira que nos resgatou. Com isso decidimos, definitivamente, fixar residência na Suécia

Zete joalheira brasileira
Carl, Zete e a filha na Suécia – Imagem arquivo pessoal

IA – Quais os maiores desafios e barreiras em todo esse processo? Precisou se reinventar muito?

ZL – Como eu já havia vindo muitas vezes para cá, para passar férias e temporadas eu não estranhei muito o jeito de viver daqui. Mas, como moradora, o primeiro maior desafio foi aprender o idioma e o segundo foi me estabelecer profissionalmente.

Eu tinha 46 anos de idade quando me mudei para cá, portanto eu não tinha como e nem tempo para me reinventar, eu tive que me adaptar à situação que me esperava e partir para a luta.

Teve também uma terceira barreira, a de morar num veleiro. Deixamos de viver numa casa de 400 m2 para viver num veleiro de 40 pés (cerca de 13 metros). Apesar de ser um veleiro confortável, para uma vivência diária era pequeno.

IA – O fato de você ser uma artista ajudou ou tornou o desafio maior ainda? Quais as barreiras a serem ultrapassadas? 

ZL – Ser artista me ajudou muito, mas não foi fácil. Aqui para ser aceito como um joalheiro profissional você tem que ter estudado a arte dos metais em uma universidade, onde se aprende a não só a fazer joias, mas também objetos utilitários em metais preciosos. No Brasil eu aprendi a fazer somente joias numa escola profissional, aprendi também, como auto ditada, e objetos em metais preciosos.

A outra barreira foi adaptar o meu estilo na criação das joias. Definitivamente, eu não poderia criar joias para as mulheres suecas no mesmo estilo que eu criava para as mulheres brasileiras.

Com o tempo, eu venci essas duas barreiras, consegui comprovar minha competência como joalheira e criar joias, que foram aceitas divinamente pelas mulheres suecas. O mais gostoso foi que eu não perdi o meu estilo, o que foi e é muito importante para mim.

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Joia de pedras brasileiras criada por Zete na Suécia. – Imagem Arquivo pessoal

IA- Sabemos que viver de arte no Brasil é difícil, na Suécia também acontece o mesmo? E para uma mulher expatriada?

ZL – Ah! viver da arte é difícil em qualquer lugar, mas comparando a Suécia e o Brasil aqui é muito mais fácil. Confesso, que seria melhor ainda, se as mulheres suecas gostassem de usar joias diariamente. Tenho muitas clientes estrangeiras.

Aqui eu me orgulho em dizer que sou artista artesã, no Brasil já me pediram até para excluir essa palavra do meu CV.

Os produtos feitos artesanalmente na Suécia e nos outros países escandinavos são levados altamente em conta, ”handmade in Sweden” tem seu valor.

Quando se tem consciência e conhecimento do estilo de vida e da cultura do país em que se vive, as coisas, de maneira em geral, ficam mais fáceis para uma artista expatriada.

IA – Como surge a inspiração para a criação das joias? As pedras são brasileiras? 

ZL – Vixi, eu sou uma sonhadora que sonha até acordada e com a mente aberta. Eu acho inspiração em quase tudo que vejo. Como exemplo, certa vez, eu fiz um colar com esmeraldas brutas e prata, inspirado na alça de um bule de chá que vi numa revista italiana… Os sonhos não tem limites.

Sempre uso pedras preciosas nas minhas joias e a maioria são pedras brasileiras. Sabiam que o Brasil é riquíssimo em diversidade das pedras e que lá são encontradas cerca de 90 tipos das pedras preciosas existente no mundo?

Colecao Ekollon – peças adaptadas ao gosto sueco que vendo bem e gosto de fazer – Imagem Arquivo pessoal

IA – Qual seu maior vínculo com o Brasil atualmente? Vontade de voltar a morar lá?

ZL – Eu tenho a minha irmã no Brasil, meu marido tem a filha sueca com a família dela no Brasil, minha filha ainda conserva os amiguinhos de escola do Brasil e eu os meus; viajamos de férias quase todos os anos ao Brasil, falamos o lindo idioma português brasileiro em casa, os vínculos são muitos. Gosto muito de viver aqui na Suécia, mas sou brasileira.

No momento, não tenho a intenção de voltar a morar no Brasil, sinto-me bem, segura e respeitada por aqui.

IA – Zete o que você diria para uma mulher brasileira artista que quisesse imigrar hoje?

ZL – Eu diria para ela não ter medo, mas sim a coragem para aceitar as possíveis mudanças caso seja necessário. Que nunca abandone o seu próprio estilo e que abrace no mesmo colo as coisas boas que existam dos dois países.

No meu caso eu busquei a alegria e a cor que temos no Brasil para misturar com a seriedade e a neutralidade que temos na Suécia. Confesso que o resultado foi muito bom.

Outra coisa muito importante para uma expatriada que tenha que caminhar com as suas próprias pernas, é o aprendizado do idioma do país escolhido para se viver. A comunicação verbal é crucial para o bem viver.

Zete Lundin @zetelundin
MetallkonsthantverkareSmycken och emalj

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Picture of Iarema Araújo H.

Iarema Araújo H.

Brasileira de alma e nascimento. Casada com Guillermo Henderson, uruguaio e meu parceiro de vida. Três filhos adultos e um netinho, minha filha Patrícia e mãe do Magnus na Suíça, Santiago no Canadá e Mathias em Dubai. Sou graduada em Sociologia e Direito pela PUCRS. Meu mantra é " Vida Linda e Abençoada ! "

5 respostas

      1. Que bom que tu gostou querida, teu bom gosto e atenção com o belo sempre me inspiraram. Beijos

  1. Que bom falar de pessoas que fazem acontecer , seja aqui no Brasil e principalmente destas que fazem acontecer loge do nosso país .
    Parabéns a você e a Zete, ambas muito inspiradoras .

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