Depois de ter passado seis meses como Au pair na Alemanha e, ter decidido trocar de Gastfamilie, tive que correr contra o tempo. Era hora de preparar toda documentação necessária, para um novo processo de visto, agora, para ser Au pair na Áustria. Algumas semanas depois, tudo resolvido: cheguei em Bregenz no verão de 2016 e, o meu contrato tinha duração de um ano nesse novo lugar.
Morei em Wolfurt, uma cidadezinha que pertence à Bregenz. Cuidei de duas meninas (de 1,5 e 5 anos) e ajudava a Gastmutter (mãe na família de acolhimento), a tomar conta das meninas, além das tarefas domésticas. Nas horas livres, aproveitava pra estudar alemão, andar de bicicleta, encontrar amigos, caminhar nas montanhas, ler e ir ao lago (Bodensee).
Curso de alemão na Áustria
Consegui frequentar dois cursos intensivos de alemão: um de nível B1 e outro, nível B2.2 no Wifi Dornbirn – e, eles eram muito puxados pra mim! Muito conteúdo em tão pouco tempo e, eu nunca me sentia 100% preparada para o próximo nível, aliás, é bem normal se sentir assim.
Se eu esperasse estar preparada pra tudo, não teria feito nem metade do que fiz, tampouco teria aprendido metade do que aprendi. Os dialetos confundem a nossa cabeça, mas, a gente se acostuma com eles. Afinal: eles estão por toda parte, inclusive na Alemanha.
Nos cursos de alemão, haviam pessoas de diferentes partes do mundo: Irã, Síria, Itália, Iugoslávia, Noruega, EUA, Pérsia, Hungria, Iraque e Rússia. Éramos um grupo de pessoas, que vinham de culturas muito distintas, todas com diferentes motivações pra aprender alemão.
Alguns, vinham de outro país europeu e, buscavam um recomeço na Áustria. Outros, fugiam da sua terra natal por causa de guerra, desemprego e violência. Uma portuguesa, buscava recolocação no mercado de trabalho e precisava comprovar o nível de alemão B2/C1. Eu e outra colega italiana, éramos Au pairs e queríamos melhorar o nosso alemão.
Aprendendo alemão com livros e músicas infantis
Apesar de eu ter frequentado os cursos de alemão aqui fora (Alemanha e Áustria), aprendi muito no dia a dia com as pessoas da casa, na sociedade, nas mídias sociais, com vídeo aulas da internet, etc. Não segui um método específico pra aprender e não me prendia muito à gramática.
Eu preferia estudar no meu ritmo, fazendo coisas que me divertiam mais, além das que eu tinha que fazer por “obrigação”. Assim, aprendi muito com material infantil: músicas e livros infantis que as crianças mais gostavam em casa. Com o tempo, fui ganhando mais autoconfiança e buscando outros conteúdos em alemão.
No início, é estranho ler algo que você não entende direito. Por isso, vivia perguntando para as crianças se elas estavam entendendo o que eu lia, porque eu mesma não entendia! Era engraçado, já que na maior parte das vezes, elas me ajudavam a pronunciar e contar do jeito certo.
Minha adaptação na Áustria
Pra minha surpresa, foi muito mais rápido de me adaptar na Áustria do que na Alemanha. Claro que o começo foi difícil, mesmo assim, valeu a pena ter trocado de família. Eu encontrei hobbies dos quais eu gostava, o lugar era lindo e muitas pessoas me receberam de braços abertos.
Fiz algumas amizades logo no começo, tanto com pessoas nativas, quanto com brasileiras. Ainda assim, eu sentia muita saudade do Brasil e não sabia se aguentaria viver uma vida toda longe da minha família. Se essa era apenas uma fase ou não, focar no agora e me sentir em casa no novo endereço era muito importante.
Como já praticava Badminton no Brasil, procurei pessoas que praticassem esse esporte perto de onde eu morava. Encontrei o Clube de Badminton Wolfurt, logo me enturmei e comecei a jogar. Foi uma fase muito legal, eu me divertia demais! Até o dia em que eu caí na quadra, rompi alguns ligamentos do meu tornozelo e, tive que dar um tempo no esporte.
Foi o meu primeiro acidente no esporte e foi, também, a primeira vez que fui ao Hospital aqui no exterior! Aconteceu em novembro de 2016, por isso, passei o natal e ano novo em casa “de molho” sem poder andar ou ajudar minha Gastmutter. Não poder ajudar, me doeu mais do que a própria dor no tornozelo e as injeções contra trombose que eu tinha que aplicar todos os dias.
Momento de decidir novamente
Mas, eu melhorei e a rotina voltou ao normal. Passados alguns meses, chegava a hora de decidir qual seria o próximo passo. Voltar ao Brasil, ou, tentar outro visto aqui no Exterior? Confesso que passei muitas noites em claro, pesquisei muito a respeito e falei com muitas pessoas sobre as minhas oportunidades aqui fora.
Eu ainda tinha uns 6-7 meses pra decidir, mas, o tempo passava rápido demais. Sem contar, que tudo é mais demorado pra estrangeiros como eu (sem cidadania européia), e que, na época, não tinha condições financeiras pra me bancar sozinha enquanto estudava.
O que fazer depois do Au pair?
Minha família e minha Gastfamilie austríaca, sempre me apoiaram e me incentivaram a continuar aqui no exterior, se era realmente isso o que eu queria. Eles me acompanharam em tudo e, se interessavam de verdade sobre minha vida, meus planos, medos, sonhos e tudo mais. E eles são assim até hoje!
Um dia, minha Gastmutter falou sobre um tal de Duale-Ausbildung (Curso técnico, 80% escola e 20% trabalho) num açougue no Sul da Alemanha, que contratava muitas brasileiras pra trabalhar. Mas, que ela não sabia se isso seria realmente bom pra mim ou não.
Pesquisei mais a respeito, encontrei a empresa, entrei em contato com eles e conversei também com algumas pessoas que trabalhavam lá. Mas, me aguardem! Porque essa decisão mudou totalmente o rumo da minha vida e eu vou continuar essa história no próximo capítulo.
Parte 1 leia aqui.
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Nasci em Blumenau, Santa Catarina. Sol bacharel em Administração de Empresas com ênfase em Recursos Humanos pela UNIASSELVI. Depois de oito anos trabalhando em área administrativa, resolvi me reinventar e troquei as paredes dos escritórios por uma aventura-sem-fim: vida de expatriada. Eu vim sozinha para a Europa em 2016 como Au Pair, sem falar muito bem alemão e sem saber bem o que estava por vir. Eu moro atualmente na Áustria, depois de 3,5 anos na Alemanha. Adoro cozinhar, escrever, estar em contato com a natureza, conversar sobre temas variados e profundos.