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A Expatriada e seus dilemas

Última atualização do post:

dilema de uma expatriada
A chance para nossos filhos expandirem seus horizontes - Imagem: Arquivo Pessoal

Pode ser que o primeiro dos grandes dilemas de uma expatriada tenha sido a decisão de morar fora. Porém, as situações desafiadoras e contraditórias não param por aí. Grandes paradoxos fazem parte da vida de uma expatriada. Listas de prós e contras, na tentativa de encontrar clareza sobre algumas difíceis decisões, podem auxiliar. Mas existem dilemas de uma expatriada que são muito íntimos. São contradições internas e particulares que, às vezes, apenas com o passar dos anos aprendemos a identificar e nomear.

Quais são os dilemas de uma expatriada?

Aqueles que nos apertam o peito e formam um nó na garganta e que nem sempre compartilhamos com mais alguém. São dúvidas e certezas que nos acompanham lado a lado. No texto abaixo você encontra alguns desses dilemas.

E você, se identifica com algum dos dilemas abaixo?

Família

Muitas expatriadas abriram mão de suas carreiras e seguiram com a família para longe do seu país, pois o parceiro aceitou um novo desafio de trabalho. Era o início de uma nova história juntos. Mas se viram grande parte do tempo sozinha. O parceiro seguiu viajando a trabalho.

Receber visitas pode ser para a expatriada a possibilidade de ter ajuda, de dividir tarefas, de receber escuta e colo. Porém, as visitas vêm de férias, o que na maioria das vezes significa trabalho extra. Adoramos receber pessoas queridas em nosso novo lar. Mas na despedida encaramos a incerteza do reencontro.

Sabemos que a família sempre estará lá por nós. Porém nosso dilema reside no medo de que a distância ou a conexão não alimentada diariamente nos transforme em estranhos.

Amigos

Conquistamos amigos por todo o mundo. Porém, não temos amigos que nos acompanhem lado a lado por toda a nossa caminhada. Estamos sempre rodeadas de novas pessoas. Mas podemos nos sentir sozinhas mesmo no meio de uma multidão.

As relações com novos amigos podem ir da superficialidade à profundidades rapidamente. A nossa vulnerabilidade traz a possibilidade de conexões fortes e sinceras. A contradição está em saber que o tempo limitado em um certo lugar pode nos fazer hesitar no quanto investir nessas relações.

Filhos

Educamos os filhos sem interferências e palpites. Porém, a responsabilidade nos pesa. Sentimos vontade de dividir. Temos o amor das crianças todo para nós. Nos nutre, nos faz sentir a mãe mais amada do mundo. Entretanto, às vezes nos sufoca. Nos doamos, mas sabemos que eles precisam de mais.

Damos a chance para nossos filhos expandirem seus horizontes. O planeta será lugar pequeno para eles. Voarão feito passarinho, seguindo a natureza e suas estações. O nosso dilema como expatriadas está no olhar para nosso ego, nossa vaidade e desejo de que nossos filhos vivam seus máximos.

Cultura

Quanta riqueza contida na nova cultura e como essa diferença agrega experiências para nós. Porém, nossos filhos ao morarem fora perdem muito de suas raízes. E não damos conta de transmitir toda uma cultura para eles nesse percurso. 

Aprender uma nova língua sempre foi um dos maiores ganhos para quem é expatriado. Entretanto, podemos notar que nossos filhos possuem um vocabulário limitado em nossa língua materna.

Conhecer novas celebrações, feriados e festejos locais. Poder celebrar o dia das mães e o dos pais mais de uma vez em um mesmo ano. Entretanto, corremos o risco de acabar não adotando as datas do novo lar ou até de perder também as datas que nos eram importantes, do lugar de onde viemos.

Identidade

Colhemos histórias e situações inusitadas em nosso dia a dia recheado de descobertas. Mas não temos quem conte as nossas histórias de vida, quem fomos ou o que fizemos. Carregamos nossos cursos e diplomas. Provas de tempo de vida investidos em nós mesmas. Entretanto, nossos méritos podem não serem reconhecidos em nosso novo lar. Mas recomeçamos e nos reinventamos.

Nos sentimos mais leves ao sairmos de nosso país, ao deixarmos rótulos e papéis para trás. No entanto, outros rótulos nos aguardam no aeroporto para nos abraçar. Vontade de se provar e dar conta de tudo. Entretanto, passamos a enfrentar cada uma de nossas limitações. Nos atiramos em uma nova cultura, mas nos assustamos com os pensamentos e crenças limitantes que carregávamos em nós e não sabíamos.

Nos sentimos livres por sermos diferentes e sabermos que nada dali tem cunho pessoal. Mas, paradoxalmente, cedemos às regras do lugar, para sobrevivermos de forma mais suave e tranquila.

Emoções

Deixamos para trás tudo o que já havíamos conquistado, e seguimos prontas para conquistarmos o mundo. E então descobrimos que a cada dia precisamos de menos. Deixamos para trás um passado machucado e não solucionado. Fomos viver longe das lembranças e das pessoas que as representam. Porém, percebemos que tudo já faz parte de nós e que irá conosco por onde formos.

Esperança de construir um ninho feito passarinho pelo mundo. Mas frequentemente sentimos saudades do ninho de onde partimos. Planejar grandes aventuras, visitar monumentos, museus e restaurantes famosos. Porém, sentir saudades do ordinário, do cotidiano no bairro, sem atrações extraordinárias e da comidinha caseira de quem nos falta.

Como expatriada, ampliar horizontes e compreender que em todo lugar, todos são gente como a gente. Porém, infelizmente, testemunhar ou mesmo sofrer discriminação por suas origens. Estar com seu pequeno núcleo corajoso, prontos para conquistar o mundo e sentir que a cada dia estão mais unidos. Mas, ser visitado de vez em quando pela vontade contraditória de fazer as malas e correr de volta para seu lugar conhecido.

A verdade por trás da expatriada e seus dilemas

É verdade que a vida de expatriada é composta de muitos dilemas. Não somos um algo só. Gostamos do novo, mas sentimos falta do velho. E está tudo bem. Somos complexas. Somos paradoxais. Quem é expatriada sabe como é a sensação de já ter vivido muitas vidas até aqui e todas serem recheadas de contradições e conflitos internos.

Nem sempre nos sentimos à vontade para partilharmos nossos sentimentos contraditórios e nossas frustrações, então os mantemos em segredo. Quem sabe se nos olhássemos através de olhos mais gentis e nos lembrássemos de toda a resiliência e superação que tivemos em nossa vida?

Nossas fronteiras internas se expandiram e a coragem que nos trouxe até aqui pode nos levar aonde quisermos. Porque nunca foram os lugares, sempre fomos nós.

Você se identificou com algum dos dilemas? Me conta!

E se você gostou das minhas reflexões, conheça meu livro “Os Olhos Claros do Pássaro”

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Valeria Macedo

Meu nome é Valéria Macedo. Sou uma geminiana que ama aprender. Já fui analista de sistemas, cirurgiã-dentista e hoje estou escritora. Expatriada desde 2013. Morei em Miami, Paris, Londres e hoje estou em Washington DC. Sou apaixonada por natureza, yoga e a aprender e me reinventar. Tenho dois filhos, o Tom e a Maitê. Escrevi o livro “Os olhos claros do pássaro”. Nele narro minhas experiências como expatriada e como cada lugar em que fiz morada me ofereceu respostas sobre quem sou. O meu instagram é @valeriamacedoescrita. Em meu perfil partilho reflexões e imagens da minha história que é a história de tantas de nós. Obrigada!

3 respostas

  1. Que texto lindo Valéria! É verdade que passamos por um turbilhão de sentimentos bons e ruins com a expatriação, e que a cada desafio nos tornamos mais fortes e expandimos nossos horizontes. Ansiosa para ler seu livro!!!

    1. Muito obrigada Denise! Encontrar um meio de realizarmos a troca de nossas aflições e dúvidas internas nos abre caminho para nos apoiarmos, mesmo que a distância. Reconhecer que temos sentimentos em comum é forma de se construir pontes.

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