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Adoecer no exterior, como lidar?

Última atualização do post:

adoecer fora do país

Neste texto vou passar para vocês a minha atual experiência como expatriada e enferma! Desde a decisão de me tratar aqui na Croácia, até o pacote de emoções que isso traz, e, finalmente, como lidar com toda essa situação. Apesar de, no meu caso, ter sido uma escolha de me tratar no exterior, entendo que as emoções são as mesmas de qualquer um que passe por essa situação. Adoecer no exterior não é para qualquer um, e é preciso falar a respeito para auxiliar quem vem atrás da gente nessa mesma trajetória.

Nesse exato momento em que escrevo, tenho meu pé direito numa bota ortopédica, com dois parafusos no meu dedão, em cima de três almofadas. Não sinto mais dor, apenas incômodo e chateação pela limitação que me causa. Mas fora o pé, passar por questões de saúde em outro país é muito mais que algo meramente físico. É até difícil explicar as coisas que passam na nossa cabeça e no coração, mas vou tentar fazer aqui o meu melhor. Vamos ao que interessa, porque meu pé vai ficar bom e o que fica são os ensinamentos que essa situação me trouxe.

Adoecer em outro país, questões que afetam o físico e o emocional – Imagem: Arquivo pessoal

A insegurança

Cada país tem seu sistema de saúde e, em se tratando da Europa, as coisas funcionam de forma diferente do que acontece no Brasil. Até hoje, confesso que não sei se é melhor ou pior. Mas, de todo jeito, ficamos inseguros, mesmo já morando fora por anos a fio. No Brasil já crescemos praticamente entendendo todo o sistema. Sendo assim, conseguimos de certa forma controlar e até saber como proceder, com uma visão bastante realista de como as coisas irão se encaminhar. Eu moro na Croácia e, por mais que eu já saiba, o passo a passo é chato, é burocrático, e muitas vezes lento e imprevisível. Pela experiência com pacientes brasileiros espalhados pela Europa, posso dizer que a deles é praticamente igual ao que tenho. Para os interessados sobre o sistema de saúde da Croácia, informações aqui.

Temos um médico da família como atendimento principal. Esse médico pode ou não te direcionar para um especialista, mas geralmente queima todos os cartuchos até que realmente veja que você precisa de um atendimento específico. Nesse trajeto, você fica com dor, inseguro de ser algo mais sério, com ansiedade e até sem acesso a medicamentos. Em suma, você está literalmente nas mãos do seu médico de família. Costumo dizer que a minha médica precisa ver que eu estou morrendo para me dar remédio ou me direcionar para o especialista.

Provavelmente você está pensando que a melhor ideia é ir ao pronto socorro, mas não é! Se você vai ao pronto socorro, ficará numa fila de espera enorme, porque seu caso não é grave, e eles irão atender as urgências antes de você. Eu passei cinco horas aguardando para ter meu remédio de estomago, o que no Brasil, eu compro até sem receita. Desde o idioma diferente, ao processo que antecede o tratamento em si, é um estado de insegurança que predomina. Estamos em terra estrangeira e, naturalmente, já nos sentimos vulneráveis, imagina doentes?

A solidão

A mesma vulnerabilidade de que falei anteriormente também pode te deixar numa solidão sem fim, se não equilibrar suas emoções. Podemos juntar a vulnerabilidade de morar fora com a de se estar doente e ter um combo que pode abalar nossas estruturas. Não é uma coisa racional. Isso porque se pensarmos bem, não estamos sozinhos de todo. Temos família ou amigos próximos que fazem nossa base de apoio no exterior, mas é uma sensação de estar sem colo de mãe, seja a mãe biológica, ou sem o “colo” da nossa terra.

Nestes meus dias em casa, sem poder andar muito, me peguei quase em estado melancólico por diversas vezes. Se a gente bobear, as emoções se sobrepõem a razão e, apesar de todo mundo oferecer ajuda, cada um tem sua vida e você acaba tentando se virar sozinha. É aí que a sensação de solidão aparece. É preciso regular as emoções toda hora, equilibrar pensamentos e sentimentos, e sempre colocar os pés na realidade, mesmo de botinha ortopédica, rsrs… Desde que me operei, medito duas vezes por dia e faço alongamentos que me ajudam a perceber que estou viva e bem! Como forma de alerta leia sobre depressão Expatriados e depressão

O desafio

Equilibrar corpo e mente, um dos nossos desafios – Imagem: Canva

Em uma vida de expatriada, você precisa estar ciente de que sua vida não vai ser tão estável quanto a que tinha no Brasil. Isso inclui, relacionamentos interpessoais, comunicação em outro idioma, trabalho, saúde, educação, etc. Na verdade, diz respeito a tudo, porque existe uma mudança de cultura. Assim, por mais que sejamos adaptáveis, sempre haverá a sensação de não pertencimento por completo. Adoecer é só mais uma das coisas desse pacote. Pode ser maravilhoso morar no exterior, mas não é um conto de fadas. Levar em consideração a vulnerabilidade que fatalmente aparecerá em algum momento é fundamental para estar melhor preparado.

Esse é o real desafio! Pense nas coisas que você naturalmente já temia no Brasil e faça um trabalho psicológico para lidar com elas e as emoções que elas trazem. No meu caso, ficar doente sempre foi uma questão, pois tenho dificuldade de me ver paralisada e sentir como se me tirassem a liberdade. Está sendo um baita aprendizado passar por isso sozinha na Croácia! Não sei como seria se eu não tivesse o autoconhecimento que tenho, e a habilidade de trabalhar meu psicológico.

Para mim o desafio se resume nessa frase: A vida nunca se ajusta da forma como imaginamos, mas se ajusta e se resolve! Para isso, basta você investir em seu autoconhecimento e saber lidar com suas emoções, para passar pelas inevitáveis oscilações da vida.

Espero ver vocês no meu Instagram @vivabemcompsicologia e ficarei feliz em responder aos comentários aqui no blog. Até breve!

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Renata Castro

Psicóloga clínica, especializada em Terapia Cognitiva Comportamental, carioca, mãe de 2 amores de 4 patas. Deixei meu consultório no Rio de Janeiro e vim morar na Capital da Croácia, Zagreb. Hoje atuo com atendimentos online.

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