A vida é feita de escolhas, cabe a nós estarmos dispostas ou não em fazê-las. E foi com esse pensamento que em 2017 eu e meu marido começamos a planejar a nossa. Nunca esteve nos meus planos sair do Brasil, afinal como eu filha de um motorista e uma zeladora de prédio podia sonhar tão alto?
Desafios e as escolhas da vida
Nunca tive oportunidade de estudar outra língua, e com 16 anos já estava trabalhando para ajudar em casa. As coisas nunca foram fáceis e para poder cursar a tão sonhada universidade precisei trabalhar em 2 empregos.
E mesmo assim tive que deixar meu sonho de lado por uma repentina doença que me tirou a visão de um olho e reduziu a visão do outro em somente 30%. Como sonhar sem sequer poder enxergar direito, e agora sem emprego?
Mesmo diante dos desafios e da limitação a vida foi seguindo, me casei, o meu primeiro filho nasceu e dois anos depois a minha filha, eu havia me tornado mãe e dona de casa, mas aquele sonho de concluir minha graduação ainda estava dentro de mim, afinal sou brasileira e não desisto nunca!
Leiam aqui: Como se adaptar a mudança de país
Escolhi viver meu sonho
Depois de 6 anos longe da universidade voltei e finalmente concluí meu curso de pedagogia, a filha do motorista e da zeladora se tornava oficialmente uma pedagoga, cheia de sonhos e vontade de trabalhar, mas claro o preconceito foi mais forte e a cada dia me dava conta disso.
Foi quando o jogo virou. Uma ONG em São Paulo, minha cidade natal, que atende famílias de refugiados me estendeu a mão e confiou na minha competência.
Comecei a atuar como professora das crianças da ONG, em um lindo projeto intitulado “Cidadãs do Mundo”. Projeto este financiado pela ACNUR (alto-comissariado das nações unidas para os refugiados). Uma agência da ONU que atua para assegurar e proteger os direitos das pessoas em situação de refúgio.
Foi trabalhando com as crianças e suas famílias que tive a oportunidade de ampliar meus conhecimentos. E estudar mais sobre migração e seus efeitos sociais e emocionais.
Conviver com cada um deles me fez entender o verdadeiro significado de acolhimento e empatia, e me abriu o coração para buscar voos mais altos.
Escolhi migrar
Em 2017 eu e meu marido começamos a pensar na possibilidade de morar fora do Brasil. E assim realizar o meu sonho de conhecer uma outra cultura.
Depois de muita pesquisa, e de conversas longas nos decidimos pela Alemanha. Pois é onde uma das irmãs do meu marido mora, e desta forma conseguiríamos manter o laço afetivo de nossos filhos com a família. Também teríamos uma pequena rede de apoio, escolha feita começava a jornada mais incrível e difícil da minha minha vida.
Chegando na Alemanha
Quando chegamos à terra da batata em julho de 2018 eu nem podia imaginar as oportunidades, desafios e as escolhas que me aguardavam. Passei por preconceito no curso de alemão, sofri, chorei, tive vontade de largar tudo e voltar para o Brasil. Mas novamente a vida sorriu para mim.
Foi quando surgiu uma vaga para ministrar aulas de português na universidade de Bielefeld (na região onde moro). Me candidatei, e no semestre de inverno de 2018 eu enfrentava a minha primeira turma de português para estrangeiros. Mas mesmo feliz por atuar como professora sentia falta de trabalhar com famílias e crianças.
Então decidi estudar para me tornar educadora parental, e colocar em pratica meus conhecimentos adquiridos ao longo dos anos. Só que agora com famílias de brasileiros expatriados, que buscam por acolhimento e por caminhos mais respeitosos para criarem seu filhos.
Ser expatriada não é fácil, mas poder ter a oportunidade de escolher estar aqui é maravilhoso! Como disse no começo, a vida é feita de escolhas, cabe a nós estarmos dispostas ou não em fazê-las.
Olá! Sou Kathy, mãe de dois, pedagoga, educadora parental e criadora do perfil @kathy.educa. Em 2018 me mudei com a minha família para Alemanha, e desde então me dedico a apoiar famílias que buscam soluções mais respeitosas para lidar com os desafios diários com seus filhos.
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