Uma comemoração que atrai a todos
Sem dúvida, todo viajante ou pessoa que se interessa por manifestações culturais pelo mundo, em algum momento, já ficou curiosa com a celebração do dia de finados no México. Essa festa, que é “Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade” segundo a Unesco, desde 2008 tem raizes históricas, anteriores à chegada dos europeus na América, e talvez seja a maior expressão cultural mexicana que o mundo tem conhecimento. Não tem como falar do país, e não falar de “Día de Muertos”, e principalmente, não tem como visitar ou morar em terras mexicas sem viver essa experiência. Por isso, é uma excelente época para visitar o país (final de outubro-primeiros dias de novembro), quando o turismo aumenta consideravelmente. Então, vamos entender um pouco mais sobre isso e sobre essa visão mexicana sobre a morte tem a ensinar para a gente sobre a vida.
Você poderá se informar também sobre esse dia tão significativo a seguir: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2022/10/10-coisas-para-saber-sobre-o-dia-dos-mortos
Origem do dia de finados no México
O Día de Muertos, essa celebração tão emblemática do México, marcada por cores, tradições e um profundo respeito pelos ancestrais, celebra-se nos dias 1 e 2 de novembro. Acima de tudo, dedicam esse dia à memória dos falecidos, refletindo uma visão singular sobre a morte. Nesse sentido, em vez do sentimendo de temor, passa-se a compreender a morte como uma parte natural do ciclo da vida. Essa celebração tem raízes ancestrais, que remontam às civilizações pré-hispânicas, como os astecas, os maias e outros povos indígenas, que já realizavam rituais para homenagear os mortos. Com a chegada dos espanhóis e a introdução do cristianismo, esses costumes acabaram por se mesclar às tradições católicas do dia de Todos os Santos, resultando na festividade que hoje conhecemos.
Você pode ler mais sobre isso, clicando em: Dia dos Mortos no México – Diário de uma Expatriada
Os altares no dia de finados
Em primeiro lugar, uma das principais características é a criação dos altares, conhecidos como “ofrendas”, montados nas casas e em cemitérios para receber os espíritos dos falecidos. Esses altares são cuidadosamente decorados e cheios de simbolismo. Cada elemento tem um significado específico. Por exemplo, o copal ou incenso, serve para limpar o ambiente e guiar os espíritos; Já o “papel picado”, papel colorido recortado com desenhos, representa o vento e a união entre a vida e a morte. Por outro lado, as velas são acesas para iluminar o caminho dos mortos. Além disso, é comum encontrar fotos dos falecidos, objetos pessoais e itens que eles gostavam em vida, como alimentos, bebidas e flores. É comum encontrar verdadeiros banquetes nos cemitérios onde a tradição é mais forte, como nos estados de Michoácan e Oaxaca.
As flores, em especial a cempasúchil, ou flor-de-morto, são outro elemento importante da celebração. Considera-se a cempasúchil, com suas pétalas laranjas e vibrantes, uma guia para os mortos, pois seu aroma intenso e cor chamativa indicam o caminho de volta ao mundo dos vivos. Os mexicanos acreditam que as almas dos falecidos voltam para estar com seus familiares, e o uso da cempasúchil, disposta em trilhas e altares, simboliza o vínculo entre os dois mundos. Interessante é que cultiva-se essa flor especialmente para essa data, e seu uso se tornou tão icônico que é praticamente impossível pensar no Dia de Muertos sem imaginar os campos de cempasúchil. Assim, o início do outono ganha tons de laranja mais vivos nas decorações por todo o país e em especial na capital, Cidade do México.
Outro símbolo tradicional da data
Outro símbolo emblemático é o “Pan de muerto”, um pão tradicionalmente preparado para a ocasião. Esse pão tem uma forma arredondada e é decorado com pequenas tiras que simbolizam os ossos. Muitas vezes, ele vem polvilhado com açúcar, representando a doçura da vida. Oferece-se o pan de muerto como parte da ofrenda, também compartilhado entre os familiares, celebrando tanto a memória dos mortos quanto a vida. Além disso, costuma-se decorar as caveiras de açúcar, conhecidas como “calaveritas”, com o nome dos entes queridos. Nesse sentido, simbolizam a presença deles durante a celebração. Esses elementos culinários constituem tanto uma homenagem quanto uma forma de manter viva a conexão com as gerações passadas. Esse pão é normalmente típico dessa época, mas graças a algumas redes de supermercado, eu consumo durante o ano todo.
Como é comemorado o dia de finados
Por fim, o Dia de Muertos é um momento de celebração, onde a tristeza é substituída pela alegria e a morte é vista como uma extensão da vida. Durante esses dias, as famílias se reúnem para compartilhar histórias, cantar, comer e celebrar. Em algumas comunidades, é comum que as pessoas passem a noite inteira no cemitério, ao lado dos túmulos dos seus entes queridos. Por outro lado, em outras regiões, há desfiles, apresentações artísticas, eventos e etc que exaltam a riqueza cultural da celebração. As crianças, fantasiadas, pedem doces nas ruas.
O dia de finados no México é, assim, um lembrete do respeito e amor que os mexicanos têm por seus antepassados. Esta celebração transcende o tempo e representa uma maneira única de honrar a vida, mantendo vivos o legado e a memória dos que partiram. Não ser relembrado por seus familiares nesse dia representa a “morte da morte” para os mexicanos. Interessante, não é mesmo?
E você, como seria o seu altar de Día de Muertos? Quais comidas, bebidas e elementos não poderiam faltar em um altar dedicado a você?
Por que é tão importante refletirmos sobre a morte? – Diário de uma Expatriada