Uma das primeiras coisas que aprendi na Noruega é que a comida típica era peixe e batata, mas isso não significa que seja a comida que os noruegueses mais consomem. Na verdade esses são alimentos de fácil acesso em um país onde a terra não é propícia a agricultura, como no Brasil por exemplo.
Por causa do clima na Noruega, antigamente o abate era feito no outono e existia a dificuldade de armazenar a carne de caça por longos meses. Por isso temos até hoje, carnes defumadas e salgadas. Grãos e batatas também precisavam ser armazenados por um longo período de tempo. Pois durante o inverno o cultivo era impossível.
Apesar da Noruega ser um país pequeno, o território é extenso e marcado por grandes diferenças regionais. Inclusive na alimentação. O peixe e a batata são alimentos frequentes em todas as regiões com suas variações. Muitas das comidas típicas no país são especificas em determinada época, como por exemplo na época do Natal, onde cada região tem seus pratos típicos.
Sabendo de tudo isso, entendemos porquê a culinária tradicional na Noruega e em outros países da Europa parecem sem cor e sem graça, comparadas a brasileira. Pois o Brasil é um país com uma riqueza de terra que não existe por aqui. Mas a culinária norueguesa tem seus próprios tesouros e para mostrar isso, separei cinco “comidas” tipicamente norueguesas para vocês.
Pinnekjøtt
Pinnekjøtt é um prato tradicional de Natal oriundo do oeste da Noruega. É a costela da ovelha salgada e seca. Tradicionalmente servido com purê de rutabaga ou couve-nabo (Kålrabistappe), e batatas cozidas. Além disso os noruegueses costumam beber um tipo de cerveja para acompanhar. O preparo é bem simples, mas demorado. Aliás gravamos esse vídeo abaixo para mostrar o preparo dessa carne pra vocês.
O pinnekjøtt é um prato com fontes encontradas desde o século 18, mas há muitas indicações de que o prato é muito mais antigo. Como ceia de Natal, era pouco utilizado antes da Reforma Protestante, devido as regras religiosas relacionadas ao jejum. Pois na época em que a Noruega era católica, não era permitido comer carne durante o Advento. Essa proibição durava até o dia de Natal.
A secagem é o método de preservação mais antigo e praticado por nossos ancestrais desde a Idade da Pedra. Tanto a carne quanto o peixe eram pendurados para secar, geralmente perto da lareira, de modo que a comida também era defumada em graus variados.
Fårikål
Fårikål é um prato de carneiro (får) ou cordeiro, com repolho (kål), que são cozidos juntos em uma panela. Serve-se com batatas cozidas.
É um prato que provavelmente veio da Dinamarca. É importante que os ossos estejam junto com a carne durante o cozimento, para que o prato tenha um sabor mais forte. Diferente de outros pratos, não se usa carne conservada por salga no preparo.
Raspeballer
Raspeballer ou kumle é um bolinho feito de batata, trigo, sal e água. Servido com carne salgada, bacon frito, purê e margarina, dependendo das tradições locais ou familiares. Em Bergen, o prato pode ser servido com batata, purê de couve nabo, carne de ovelha salgada, carne de porco e Vossakorv (linguiça tradicional).
Na região onde moro, chamamos de raspeballer. Mas há uns anos atrás, recebi a visita de uma amiga brasileira de outra região do país, e quando no restaurante ela pergunta por “kumle”, descobri que o prato tinha outro nome. O mais interessante é que nenhuma de nós duas sabia sobre isso. Ela ficava tentando me explicar como era essa comida, e eu achava que parecia com o nosso raspeballer. No final, após uma pesquisa, descobrimos que tratava-se do mesmo prato.
Grøvt brød med brunost
Pão integral com brunost “queijo marrom” (queijo de cabra). O brunost têm uma cor acastanhada e possui o soro como seu principal componente. Têm um sabor bem peculiar, e no meu ponto de vista ou você vai amar ou odiar ele.
Eu detestava pão integral no Brasil, por causa do gosto dos conservantes, mas na Noruega o pão é sempre fresco nos mercados e padarias. Mas com o tempo você acostuma com esses pães cheios de fibra e sementes.
Lutefisk
Lutefisk é um prato tradicional da culinária norueguesa e em outros países nórdicos, além dos Estados Unidos (devido a emigração norueguesa, que aliás já comentei nesse artigo “5 Curiosidades sobre a Noruega” aqui no blog Diário de uma expatriada). Esse prato é feito com peixe branco seco, como o torsk (bacalhau no Brasil), e servido com bacon, molho e batatas. Na Noruega esse prato já é mais consumido entre outubro e janeiro. É também uma das opções de comidas natalinas.
Mas agora conta pra gente aqui do Diário de uma Expatriada se você gostou dessas dicas da culinária norueguesa? E o que mais você gostaria de saber?
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Sou paranaense. Moro em Bergen, na Noruega, há nove anos com meu marido e nossa filha. Sou formada em História com especialização na área de pedagogia e na Noruega precisei começar do zero. Me surpreendi com o resultado.
