Conforme conversamos em outros artigos, mudamos da Arábia Saudita para Singapura em agosto de 2020. Muitos foram os desafios em Singapura, porque chegamos em meio à pandemia do COVID, com inúmeras restrições e muitas incertezas. Mais uma vez, estávamos chegando a um país com uma cultura que não conhecíamos, sem amigos e com três adolescentes bem assustados e apreensivos com as mudanças.
Sempre fui super positiva, mas confesso que sem a possibilidade de visitar minha família no Brasil e com tantas notícias assustadoras na mídia, estava longe de me sentir tranquila. Fizemos um vôo completamente vazio e fomos recebidos no famoso aeroporto de Singapura por pessoas todas vestidas de branco. Pareciam astronautas! Máscaras, muito álcool gel e testes no aeroporto para COVID.
Nossas malas se perderam na conexão e entramos em um ônibus sem saber para qual hotel iríamos – o governo designaria o local de hospedagem na hora do desembarque, mas não fomos informados! Lembro de passar pela rodovia principal que liga o aeroporto ao centro de Singapura com a sensação de estar participando de um filme. Era um dia lindo de sol, com árvores por todos os lados, mas aquela sensação de “frio na barriga”.
No hotel, o desafio da rotina
Finalmente chegamos ao hotel designado e teríamos que ficar 14 dias em isolamento com as crianças, sem abrir a porta. As malas só chegaram dois dias depois. Nossa maior alegria? Ter dois quartos com uma sala pequena e uma varanda onde podíamos respirar o ar puro. Assim, nos organizamos para as crianças terem uma rotina com aulas online e meu marido trabalhar.
Acordávamos cedo, estudo pela manhã e no final da tarde jogávamos cartas juntos. Além disso, fazíamos aulas de dança ou ginástica no Youtube, arrumávamos os quartos e tivemos a oportunidade de falar bastante com a família no Brasil, mesmo com um fuso de 11 horas de diferença. Vou dizer que foi bem melhor do que a minha imaginação e meus anseios.
Um dos primeiros desafios em Singapura foi a comida fornecida pelo governo, tudo com muito molho de soja e diferente do que estávamos acostumados, e por isso pedíamos delivery. Mas não tínhamos uma cozinha para o dia a dia. Lembro que encontrei um brasileiro que entregava feijoada. Isso, para as crianças, foi uma grande alegria!
O melhor aprendizado nesse processo foi ficarmos juntos – como família! A presença sempre calma do meu marido e a sensação de nos sentirmos seguros juntos, fez toda a diferença.
Explorando a cidade
Finalmente, em setembro de 2020 saímos da quarentena e começamos a explorar a cidade, que estava muito vazia, sem turistas e com muitas regras. Por já estar acostumada a mudanças, a minha primeira ação foi entrar nos grupos de Whatsapp e Facebook dos brasileiros, para tirar dúvidas. Ficamos em um apart-hotel até conseguirmos alugar a casa. Foi também o tempo necessário para a mudança chegar.
Nesse meio tempo, nossa gatinha Leila ficou também em quarentena em uma área do governo e íamos visitá-lá com frequência.
No primeiro dia em que saímos da quarentena, fomos comprar o uniforme das crianças e conhecer um dos famosos Hawker Centers de Singapura. Me encantei com a organização e limpeza da cidade, e também com a calma e a educação da população. A comida é fantástica e ficamos rapidamente viciados em arroz frito.
Mantendo a saúde física e emocional
Todo esse stress da mudança, teve um peso enorme, físico e emocional! Minhas dores da endometriose estavam piores do que nunca, mas eu evitava ir a médicos e hospitais por causa da COVID. Meu estado piorou e precisei buscar um médico para me acompanhar em Singapura.
Como tudo tem os dois lados, não posso deixar de relembrar o momento mais feliz, que foi levar as crianças na escola no primeiro dia de aula. Ver a vida ‘voltando ao normal’. Ver aqueles adolescentes conversando – mesmo usando máscaras, a volta deles da escola super animados e contando as novidades, fez meu coração saltar de alegria e meus olhos se encherem de lágrimas.
Como mãe, principalmente em um novo país, sei o quanto a adaptação em uma nova escola tem peso definitivo na estabilidade e tranquilidade de toda a família. E as crianças estavam realmente felizes com a oportunidade de voltar a estudar de forma presencial em um currículo que já conheciam, o britânico.
Desafio aceito e superado
Em novembro de 2020 nos mudamos para a casa nova, e mesmo com um milhão de restrições pelo COVID, consegui finalmente ficar mais calma e respirar aliviada. Fiz amizade com várias brasileiras e mães da escola, porque definitivamente preciso ter amigas ao redor. Comecei a preparar o primeiro Natal que iríamos passar longe do Brasil. Comprei uma enorme árvore para compensar a saudade e coloquei fotos de todos os meus sobrinhos.
No final do ano, eu estava me sentindo feliz por ter saído da minha zona de conforto, e por ter continuado a costurar a minha colcha de retalhos, que estava se expandindo e se tornando ainda mais colorida. A Ásia é um dos lugares mais interessantes do mundo e entender essa cultura única tem sido um aprendizado sensacional e muito rico. Próximo capítulo? Fim da pandemia e viagens incríveis.
Quer conhecer um pouco mais da minha história? Siga @isabellagmartins03
Ola! Meu nome é Isabella Martins e trabalho como Orientadora parental e como professora de educação infantil em Londres.
Tenho três filhos adolescentes e moro fora do Brasil há dez anos.
Já morei em Londres, Arábia Saudita, Singapura e agora retornei para Londres.
Tenho a oportunidade de conhecer diversas culturas e o
impacto delas na educação dos meus filhos e alunos.
Sou apaixonada por educação e adoro explicar as etapas do desenvolvimento infantil. Faço atendimentos online em Português e Inglês.
Acredito que criar relações de afeto melhoram as dinâmicas familiares e permite que tenhamos um lar onde a base seja o amor entre pais e filhos.
Siga meu Instagram para mais informações: @isabellagmartins03
Vamos juntas?
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Sou fã número 1 das suas histórias.