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Impactos e desafios de uma mudança em plena pandemia.

Última atualização do post:

em plena pandemia
Aniversário no início da pandemia em março de 2020 - Arquivo Pessoal

Como expliquei em artigos anteriores, a minha mudança de carreira já foi um desafio e tanto! Mas hoje, vamos falar dos desafios que vivemos em plena pandemia na Arábia Saudita.

Retomando nossa conversa, estava me sentindo mais feliz e parecendo ter a vida sob controle após a transição de carreira. Nossos filhos já estavam mais adaptados à escola, eu trabalhando com contrato assinado, e até fizemos planos de ir para a Disney naquela Páscoa! Ou seja, a vida engrenando na rotina. Foi quando começamos a receber notícias de um vírus desconhecido que estava chegando da China.

Talvez porque estivéssemos na Arábia Saudita, que faz parte da Ásia, as notícias sobre o vírus chegaram mais rápido. Foram diversas as matérias nos meios de comunicação e a única certeza é de que ninguém sabia dos impactos daquilo. Lembro que as escolas foram fechadas no meio de março de 2020, e as crianças começaram a ter aulas on-line. Confesso que pensei que era questão para poucos dias. Entretanto, contrariando meus pensamentos, em Jeddah as escolas ficaram fechadas por dois anos.

Em plena pandemia, criança em casa sem escolas

E assim, de repente, tínhamos três crianças em casa, além de meu marido e eu trabalhando on-line. Todos em pânico no país e no mundo. Então a Arábia Saudita fechou as fronteiras, não sendo mais possível entrar ou sair do país, e tínhamos um toque de recolher às 3h da tarde, o que transformava os supermercados em lugares lotados pelas manhãs. Meu condomínio fechou as piscinas, academias e todas as áreas de lazer. Além disso, é importante lembrar que o sistema de delivery não funcionava bem naquela época também.

Tínhamos um grupo de cinco famílias com crianças que eram muito próximas e, assim, decidimos criar nossa bolha social. Para isso, mantivemos as crianças brincando e promovemos encontros ocasionais entre os pais. Uma vez que todos estavam presos no condomínio, acho que essa decisão foi o que salvou nossa sanidade mental em plena pandemia.

Vi que a situação era realmente séria quando a Disney fechou em Orlando pela primeira vez em anos. Acompanhar os jornais no Brasil era angustiante e a falta de conhecimento da doença gerava uma super ansiedade em toda a família. Estava em tratamento para a endometriose e minhas únicas saídas do condomínio eram para fazer exames no hospital ou fazer supermercado. Sempre com máscaras N95 e garrafas de álcool gel.

Rotina para aliviar o stress

Diariamente, eu andava pelo condomínio por pelo menos duas horas, além de fazer exercícios. Depois, quando chegou o verão, precisei comprar uma esteira elétrica porque o calor era insuportável lá fora. Foi a nossa primeira vez no verão em Jeddah!

mudança em plena pandemia
Arábia Saudita
Durante a pandemia, poucos passeios na orla de Jeddah – Arquivo Pessoal

Para nosso entretenimento criamos um quiz pelo Zoom, onde todo domingo, amigos e familiares do mundo todo se conectavam. Tinha amigos do Brasil, UK, Dubai e cada um era responsável pelas perguntas a cada semana. Foi uma forma de mantermos contato e nos sentirmos próximos, mesmo distantes. Até hoje temos o grupo de WhatsApp do quiz e dividimos as novidades!

Acho que uma das partes boas de tudo o que aconteceu foi ter meu marido em casa, sem viajar por todo esse período. Foi ele quem implementou, e mantemos até hoje, a oração aos domingos. Decidimos rezar com as crianças, apenas por trinta minutos, agradecendo a semana, lendo uma mensagem e pedindo saúde e proteção. Tenho um orgulho enorme em dizer que até hoje, três anos depois, ainda fazemos as orações todos os domingos! No início não foi fácil, era um caos para reunir os três, mas hoje já as fazemos de forma rotineira e se tornou um momento de conversar com as crianças sobre a semana. Fato é que eles já se tornaram adolescentes!

Surpresas da vida, mudança em plena pandemia

Pequenas ações como essas nos ajudaram a nos fortalecer como família. Naquele período, meu marido participou de algumas entrevistas na empresa e foi convidado a trabalhar em Singapura. Minha única pergunta foi: “As escolas estão abertas?”. “Sim!”. “Então vamos amanhã!”.

Estava muito incomodada com as crianças fazendo aulas on-line e fechadas em um quarto o dia todo, porque sempre pensei muito na questão de saúde mental. O quanto a falta de relacionamento social iria impactá-los no futuro, principalmente meu filho, um adolescente de 15 anos.

Em julho, começamos a procurar escolas e uma residência em Singapura. O país ainda tinha mais restrições de entrada do que a Arábia Saudita. Nosso plano era sair do país em um voo de expatriação e ficar 14 dias em um hotel com as crianças, de quarentena. Sem esquecer que ninguém queria deixar para trás nossa gata vira-lata de dois anos. Isso foi uma novela, que deixo para contar em outro artigo.

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Leila a gatinha, voou da Arábia Saudita para Singapura durante a pandemia – Arquivo pessoal

Faltaram despedidas, mas sobraram reflexões

Acho que a minha maior tristeza foi sair da Arábia Saudita sem me despedir de tantos amigos queridos: da escola, do condomínio e da vida. As crianças não fecharam o ciclo e foi muito frustrante, mas ainda um problema pequeno, diante de tudo o que estava acontecendo ao nosso redor, durante a pandemia.

Quando olho para trás e penso na época do vírus, acredito que tive sorte, já que de uma forma estranha me sentia protegida com tantas restrições, tanto na Arábia Saudita, quanto em Singapura. As crianças ficaram apenas quatro meses sem aulas presenciais e estávamos juntos como família. Foi uma época difícil, mas nos fortaleceu. Ficamos mais de dois anos sem ir ao Brasil, e esse é o ônus de ser expatriada, sem dúvida, a minha maior tristeza.

Vejo que nesses oito anos como expatriada uma colcha de retalhos foi se formando, seja através de pedacinhos de aprendizado constante, de novas culturas, como de amizades profundas. E a visão dessa colcha é muito interessante, porque ela vai se tornando cada vez maior e mais colorida, enquanto as dificuldades se tornam menores. Sinto admiração e alegria pela jornada! Como cheguei tão longe, se eu tinha tanto medo? Sair da sua zona de conforto é um processo muito difícil. Mas hoje eu sinto muito orgulho dessa colcha de retalhos e acho que ela me dá muita força para seguir adiante.

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Isabella Martins

Ola! Meu nome é Isabella Martins e trabalho como Orientadora de pais e como professora de educação infantil em uma escola internacional britânica em Singapura. Tenho três filhos adolescentes e moro fora do Brasil há oito anos. Já morei em Londres, Arábia Saudita e agora em Singapura. Tenho a oportunidade de conhecer diversas culturas e o impacto delas na educação dos meus filhos e alunos. Sou apaixonada por educação e adoro explicar as etapas do desenvolvimento infantil. Acredito que criar relações de afeto melhoram as dinâmicas familiares e permite que tenhamos um lar onde a base seja o amor entre pais e filhos. Siga meu Instagram para mais informações: @isabellagmartins03 Vamos juntas?

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