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O que aprendi morando na Arábia Saudita

Última atualização do post:

morando na Arábia Saudita
Primeira visita a Arábia Saudita - arquivo pessoal

Durante meus dois primeiros anos em Londres, sentia uma enorme angústia por não trabalhar e não exercer a minha profissão.

Fui, por muitos anos, gerente comercial em empresas multinacionais e em Londres, por não ter o inglês fluente, não me sentia segura para trabalhar na área de vendas.

Sentimento de injustiça

Era uma situação complexa: no Brasil eu tinha pouco tempo com a família e muito trabalho, sendo expatriada a equação inverte: sem trabalho e com muito tempo para a família. É uma balança sem equilíbrio e de difícil adaptação.

Sentia como expatriada uma sensação de injustiça: meus filhos felizes com a vida normal na escola, marido com muito trabalho e viagens constantes, sem tempo e com inúmeros desafios profissionais. E toda a minha família e amigos no Brasil achando que eu estava com uma vida perfeita e glamourosa! Pois sim, estava era bem chateada e cansada de ter tanto tempo disponível! Não me sentia muito feliz e ao mesmo tempo me sentia ingrata…. faz sentido?

Dica de leitura: O que gostaria de saber quando me tornei expatriada?

Um nova surpresa em janeiro de 2017

Com a vida mais tranquila, crianças adaptadas na escola em Londres, terminei o mestrado e comecei a procurar emprego na área de marketing. Meu marido chega bem sério do trabalho e me diz: precisamos conversar. Vamos a um pub perto de casa e o susto: fui convidado para trabalhar na Arábia Saudita (!) e preciso decidir o quanto antes.

Fiquei um pouco zonza e no mesmo instante busquei referências que conheço sobre a Arábia Saudita na minha mente (pouquíssimas): burca, direito das mulheres, esfihas, kibes e deserto. Procurei no Google Maps e me senti um pouco mais tranquila em ver que não é tão distante assim da Europa.

morando na Arábia Saudita
Primeira visita a Arábia Saudita – arquivo pessoal

Visitando a Arábia Saudita

Marcamos uma visita ao país com as crianças em abril de 2017, se tudo desse certo, a mudança seria em agosto. Primeiro aprendizado, na Arábia Saudita as mulheres usam abaya, que é um vestido longo, normalmente preto, e que eu precisava comprar em Londres para a visita inicial.

Choque: fui a uma loja em Chelsea que vendia apenas abayas (caríssimas) e que a vendedora quase me infartou dizendo que eu precisaria usar botas e até luvas para cobrir as mãos também (o que descobri depois que cheguei no país, que não era necessário).

Enquanto me acostumava com a ideia da mudança, comecei a pesquisar as características e costumes do país, encontrei um grupo no Facebook onde fiz um milhão de perguntas. E me organizei para visitar a cidade de Jeddah, que de acordo com minha pesquisa, era a cidade mais contemporânea da Arábia Saudita.

Acredito que a maior barreira naquela época foi a falta de visto de turismo no país e uma enorme falta de informação nos sites de notícias. A Arábia Saudita era um país muito fechado e de difícil acesso em 2017.

Conhecemos a famosa cidade de Jeddah

Em abril, finalmente, depois de muita insônia e ansiedade, fomos conhecer a famosa cidade de Jeddah. Ficamos em um hotel lindo, mas que para minha surpresa, quando fomos no final do dia usar a piscina, elas eram separadas com diferentes entradas para mulheres com crianças e homens.

Além disso conhecemos condomínios de expatriados, clubes de praia e escolas britânicas e americanas e fomos muito bem recebidos por todos. Uma frase que ouvi muito era: ‘venha com uma open mind, não tenha preconceitos’.

Algumas dicas para quem está se mudando para o Oriente

Primeira dica

Para quem está se mudando para um novo país, e dessa vez a mudança para o Oriente Médio é muito diferente da Europa, pois a cultura, a língua e os hábitos são completamente desconhecidos para os brasileiros: seja curiosa.

Comecei a ler sobre o país e seus hábitos, tentei aprender a escrever e ler em árabe por seis meses (definitivamente não consegui). Conversei com as pessoas sobre a religião e a importância dela e tive a oportunidade de entender um pouco mais da história dos muçulmanos.

Descobri que os árabes são muito parecidos com os brasileiros: amam conviver com a família, são afetuosos, adoram crianças, recebem as pessoas com muita alegria e fazem uma das melhores comidas do mundo. São pessoas extremamente religiosas, rezam cinco vezes por dia e por isso muito calmos.

Quando chegamos na Arábia Saudita

Mudamos em agosto de 2017, no meio do verão e com um calor de cinquenta graus na sombra. Não podia dirigir, tinha um motorista turco, Akin, que se tornou nosso melhor amigo e meio que um avô para as crianças.

Além disso não havia a menor possibilidade de compra de bebida alcoólica (apenas nas festas dos consulados). Não havia cinema e poucas opções de lazer (shoppings e restaurantes) e eu não estava trabalhando.

Resumindo: estava começando tudo novamente e foi, mais uma vez, um início bem difícil, me sentia bem perdida.

As crianças, mais uma vez, nos surpreenderam com a incrível capacidade de adaptação. Em pouco tempo tinham vários amigos, se divertiam no condomínio e adoravam a escola. Na verdade, o condomínio era uma mini cidade, tinha umas 200 casas e moradores de todas as nacionalidades que vocês possam imaginar.

Além disso, tinha supermercado, academia, piscina e uma estrutura de resort. Para facilitar a vida tinha também um portão que dava entrada para a escola britânica e as meninas tinham dez amigas da mesma idade que estudavam na mesma escola. Era uma festa! A porta de casa ficava aberta o dia inteiro e elas corriam para cima e para baixo brincando sem descanso.

Fique tranquila: crianças são camaleões, seres que são curiosos e destemidos e não se preocupem demais com eles!

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Viagem ao Egito em outubro de 2019 – arquivo pessoal

Segunda dica

Saia da sua zona de conforto! Eu poderia facilmente ter vivido três anos sem sair do condomínio (conheci pessoas assim), mas tive o prazer de viajar pela Arábia Saudita, conhecer países lindos e próximos como o Egito, Jordânia, UAE (Dubai e Abu Dhabi), Bahrain e Quênia e aprender com os costumes locais.

Terceira dica

Faça amigos! Fizemos amigos para a vida toda, pessoas que estavam na mesma situação que a nossa (principalmente brasileiros e europeus) e que nos receberam de braços abertos e com muito carinho.

Amigos que podíamos contar nos dias de festas (e eram muitas e temáticas!) e nos momentos de dor e de aperto, passamos a quarenta juntos como uma família e tenho certeza foi nossa salvação!

Cheguei em Jeddah chorando de medo e com crise de ansiedade e fui embora chorando de tristeza pela partida e morrendo de saudades dos amigos que ficaram.

O que queria ter ouvido naquela época

O que eu gostaria que tivesse me dito naquela época? Respira, a vida tem seus caminhos e outras oportunidades irão surgir, saia do estado de pânico e comece a agir. Portanto agradeça o que você tem todos os dias, e aproveite a oportunidade de estar ao lado de quem você ama!

Tenha curiosidade pelo novo. Se apoie nos amigos, desista da vida perfeita: a máquina pode lavar a roupa amanhã, deixe a louça na pia e vá assistir a um filme e cuide de você. Vai passar e tudo vai dar certo! Ufa!

Foram três anos muito especiais e que vou recordar sempre com muito carinho. E para completar, tive a oportunidade incrível de mudar de profissão e fazer o que sempre sonhei: próximo capítulo!

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Isabella Martins

Ola! Meu nome é Isabella Martins e trabalho como Orientadora de pais e como professora de educação infantil em uma escola internacional britânica em Singapura. Tenho três filhos adolescentes e moro fora do Brasil há oito anos. Já morei em Londres, Arábia Saudita e agora em Singapura. Tenho a oportunidade de conhecer diversas culturas e o impacto delas na educação dos meus filhos e alunos. Sou apaixonada por educação e adoro explicar as etapas do desenvolvimento infantil. Acredito que criar relações de afeto melhoram as dinâmicas familiares e permite que tenhamos um lar onde a base seja o amor entre pais e filhos. Siga meu Instagram para mais informações: @isabellagmartins03 Vamos juntas?

6 respostas

  1. Bella eu gosto muito de ler suas histórias e saber de suas experiências de vida.
    Parabéns pela iniciativa de narrar pois isso é de grande utilidade para muita gente.
    Grande beijo para você, Lu e as crianças.

  2. O seu olhar especial tornou este desafio uma experiência incrível! Muito obrigada por compartilhar esta história inspiradora!

  3. Amei, Bella!!
    Sempre quis saber mais sobre as aventuras da família nessas mudanças. Manda mais 🙂

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