O que gostaria de saber quando me tornei expatriada?

Meu nome é Isabella e atualmente moro em Singapura. Há oito anos me tornei expatriada e me mudei com três filhos para Londres pelo trabalho do meu marido, e na época, fomos para uma experiência cultural e que seria por um período de três anos.

Sempre trabalhei como gerente de vendas em empresas multinacionais e chegar na Europa, com três crianças pequenas e sem trabalhar foi uma realidade muito difícil. Em um primeiro momento não sabia cozinhar quase nada. E na primeira lavagem de roupa usei sabão de máquina de lavar louça na máquina de lavar roupa…. ou seja um desastre total! Sempre brinco e digo que ser expatriada não tem glamour.

A adaptação a uma nova língua, novo clima, dirigir do lado contrário do que estamos acostumados no Brasil e me entender como mãe e dona de casa foi um processo duro e de muito aprendizado.

Primeira dica: aprenda o inglês

Depois de um ano em Londres, resolvi então enfrentar a realidade.

Primeira etapa: aprender realmente inglês. Os cursos que fiz no Brasil eram ótimos para viajar a turismo, mas para o dia a dia, compras no supermercado, reuniões na escola, ir a consultas médicas e entender o que se passava no país (fui exatamente no ano anterior do Brexit) …. eu precisava realmente entender o inglês para me sentir confortável e independente em Londres.

E essa acho que é a minha primeira dica, passando o choque inicial da sua mudança, faça uma imersão em inglês, se torne independente, leia livros, faça um curso, vá ao teatro. Mergulhe na cultura do país que você está morando, sem preconceitos e com curiosidade.

Fiz quase duzentas horas de aulas de inglês particular, fiz o IELTS e me inscrevi em um mestrado na faculdade de Kingston e qual não foi a minha surpresa quando passei na prova! Acho que naquele dia quase morri de alegria e de orgulho de mim mesma!

Segunda dica: faça um curso

Não tenha medo de estudar! Procure uma faculdade, curso, MBA de qualquer assunto que você tenha interesse e se inscreva. Na maioria dos países existem muitas opções até mesmo de cursos gratuitos em consulados e embaixadas. Aliás as faculdades têm muitos alunos que não tem inglês como primeira língua e não precisa ter um inglês perfeito para ser aprovado.

E lá fui eu: quarenta anos, de trem, com uma mochila nas costas, em um dia muito frio, chegando no primeiro dia da faculdade em um campus lindo britânico. Fiquei emocionada e me senti fazendo parte de um filme. Em paralelo a vida acontecia, levando as crianças para a escola, cozinhando, cuidando da casa (tenho zero habilidade para isso) e começando a achar que tinha encontrado um caminho. Contudo foi um ano de muito aprendizado onde meu inglês evoluiu demais e tive a ajuda de muita gente!

Terceira dica: rede apoio

Assim que chegar em um novo país, procure um grupo de brasileiros no Whatsapp, Facebook, Instagram e na escola das crianças, crie uma rede de apoio!

Você vai descobrir que os melhores amigos do mundo são os que fazemos quando estamos sozinhos em um novo país. Pois são pessoas que estão na mesma situação que você (existe um grupo de expatriados em todos os países). E são muito importantes para te dar todos os tipos de dicas (melhor supermercado, produtos similares aos do Brasil, dicas de lugares para viajar, escolas para seus filhos e indicação de médicos por exemplo).

Tenho até hoje um grupo de Whatsapp das minhas amigas brasileiras em Londres onde a maioria nem está mais morando por lá. Aliás em julho desse ano consegui encontrar com quase todas no Brasil!

Depois de um ano de curso, me formei e tive até festa de formatura com beca e tudo! Meus filhos contavam para todos os amigos que eu estava na ‘escola’ e tinham um enorme orgulho. Até me perguntavam com quem eu tinha brincado no ‘recreio’.

Meu marido também foi super importante no processo, tivemos uma parceria ótima, ele me apoiou e ajudou em todo o processo. Ele buscava as crianças na escola quando eu não podia e saía com eles nos finais de semana de manhã para que eu conseguisse estudar. No final, acho que minha graduação foi uma conquista celebrada por toda a família e que ajudou a nos unir.

Quando olho para trás

Hoje, quando olho para trás gostaria que tivessem me dito isso: estude inglês, encontre um curso do seu interesse e crie uma rede de apoio que vai dar tudo certo!

Lógico que não foi tudo perfeito, mas a jornada tem sido um aprendizado profundo. E me permitiu entender que o ganho que temos quando saímos da nossa zona de conforto e nos tornamos protagonistas da nossa história é indescritível.

A possibilidade de conhecer pessoas incríveis com culturas e histórias tão diferentes, a capacidade de enfrentar as adversidades, a forma que minha família se tornou muito mais unida. São tantas as conquistas e os aprendizados que é muito difícil dizer o que é mais importante.

Resumindo a história: me formei e depois de dois anos e meio na Inglaterra, meu marido recebeu uma promoção e nos mudamos novamente! O novo destino? Arábia Saudita…. mas esse já é assunto para uma nova matéria.

Isabella Martins

Ola! Meu nome é Isabella Martins e trabalho como Orientadora de pais e como professora de educação infantil em uma escola internacional britânica em Singapura.
Tenho três filhos adolescentes e moro fora do Brasil há oito anos.
Já morei em Londres, Arábia Saudita e agora em Singapura.
Tenho a oportunidade de conhecer diversas culturas e o
impacto delas na educação dos meus filhos e alunos.
Sou apaixonada por educação e adoro explicar as etapas do desenvolvimento infantil.
Acredito que criar relações de afeto melhoram as dinâmicas familiares e permite que tenhamos um lar onde a base seja o amor entre pais e filhos.
Siga meu Instagram para mais informações: @isabellagmartins03
Vamos juntas?