Esta é uma entrevista especial para o Dia das Mulheres. A história de vida da nossa entrevistada “é bem loka”, palavras dela. Já fez teatro, quando “matava aula para decorar os textos“. Foi corretora de imóveis, “mas se eu vendi 3 imóveis na minha vida foram muitos“. Ama doces e festas desde sempre. Aprendeu tudo com a mãe, ainda menina.
Ela se diz sou vivente do presente, alegria efervescente, sou vida sem lamento, tô cumprindo sacramento, sou paixão com emoção, UMA aprendiz em EVOLUÇÃO.
Uma mulher brasileira! Exuberante, linda, alegre e de sucesso!
Boa leitura!
IA – Quem é a Alessandra?
Sou gaúcha de Porto Alegre, casada com o Bruno e mãe de duas meninas lindas, a Anne de 10 e a Rebecca com 5 anos. Atualmente sou designer de eventos, decoradora de festas em Dubai e proprietária da Patuá Sugar.
Antes disso, já fiz de um tudo. Fiquei órfã aos 14 anos de idade e herdei dos meus pais três imobiliárias. Com um dos meus irmãos cuidamos do negócio até me tornar uma expatriada. Sempre trabalhei muito. Saía do colégio e ia direto pra imobiliária, a noite fazia teatro.
Depois fiz turismo, contábeis, mas acabei não me formando em nenhuma, preferia secretariar as assembleias de condomínio, era mais divertido.
IA – Como foi sua trajetória de expatriada?
Faz 14 anos que saímos do Brasil. Moramos em Taiwan, na Arábia Saudita, e há 10 anos estamos em Dubai. Meu marido é piloto de avião e trabalhava na Varig, quando a crise na aviação começou ele optou por sair do Brasil atrás de uma oportunidade de trabalho na área dele, e eu topei ir junto. Mas os maiores desafios pra mim naquela época eram deixar meu trabalho, família e amigos pra trás, além da questão da língua.
Ter a oportunidade de conhecer outros lugares, outras culturas e todo o aprendizado que isso proporciona, tanto para mim como para a minha família, sem dúvida é a maior alegria.
IA – As palavras festa e celebração em Dubai tem nome: Alessandra da Patuá Sugar. Como tu construiu esse business de sucesso?
Então, o sucesso não surge da noite pro dia, quando iniciei há nove anos atrás, minha ideia era que os brasileiros tivessem comemorações iguais as que teriam no Brasil. Bolo, docinhos, salgadinhos e decoração. Naquela época éramos em menos de três mil, hoje são mais de dez mil brasileiros vivendo legalmente nos Emirados.
Fui a primeira brasileira a trabalhar com decoração de festas e comercializar os brigadeiros gourmet, isso com certeza me ajudou muito a fortalecer meu nome dentro da comunidade brasileira. Mas com o tempo meu trabalho começou a ficar conhecido também entre portugueses, angolanos e outras nacionalidades. Para definir o nome, queria algo que lembrasse o Brasil, mas que não fosse óbvio, assim surgiu a ideia de Patuá Sugar.
Patuá é um amuleto da sorte, significa proteção e beleza.
IA – Ale, já trabalhavas como design de eventos no Brasil?
Sempre gostei de festas, fiz o primeiro curso de decoração com balões em 2001, por hobby, para montar as minhas próprias festas de aniversário. Decorava as festas da família, da empresa, festa de ano novo, tudo no amor. Desde pequena curtia ver a minha mãe preparar os brigadeiros e os salgadinhos, adorava sair com ela em dia de festa para buscar o bolo e os docinhos decorados nas confeiteiras tradicionais da cidade.
Cheguei a ter paralelo ao meu trabalho no Brasil um pequeno negócio de tortas de sorvete, a Kilimanjaro. Pois meu sonho era ter algum tipo de comércio na área da comida. Fiz curso de culinária no Brasil, na Tailândia e no Vietnã. Quando decidi trabalhar apenas com os doces fiz o curso de confeitaria artística e o curso de Design de Eventos.
IA – Quais os desafios em ser mulher expatriada e empresária num país muçulmano?
Os maiores desafios eram encontrar determinadas matérias primas e materiais para realização do trabalho. Mas hoje em dia a maioria dessas coisas já se encontram no Oriente Médio.
Nunca tive problema por ser mulher aqui, temos nossas mordomias, em vários locais tem fila apenas para ladies e elas costumam estar sempre mais vazias. Muitos locais onde circulo só tem homens, muito raro encontrar alguma mulher, mas isso não me incomoda, me sinto segura e protegida. A terrorista aqui sou eu! (risos)
O povo árabe gosta muito do Brasil.
IA – Quais os eventos que mais realização te trouxeram?
Claro que os eventos maiores e mais ousados tem um sabor extra de satisfação, conseguir agradar clientes exigentes e de bom gosto também, mas me sinto realizada com cada encomenda, com cada elogio, a maior satisfação é ver o cliente impressionado com o resultado final do trabalho, independente do tamanho, ver as pessoas pedindo pra tirar fotos, querendo registrar. Servir de inspiração!
IA – Como concilias ser esposa e mãe de duas meninas com a profissional de horários intensos de trabalho?
Sempre se dá um jeito. Nos momentos de folga e mesmo na correria, sento pra ver um filme, fazer panquecas, preparar a comida favorita e conversarmos. Pois procuro sempre mostrar pra elas que mesmo trabalhando muito, eu trabalho por amor e com amor. Meu marido também tem uma rotina de vida diferenciada, mas a ajuda dele e da babá é fundamental para que tudo funcione bem.
IA – “O melhor assador” do verdadeiro churrasco gaúcho é a Alessandra. Verdade ou mito?
Verdade (risos). Meu pai sempre fazia muito churrasco e eu curtia acompanhar esse ritual, fazer o fogo e ficar virando a carne pra ele.
A primeira vez que fui assar para umas amigas foi um desastre, eu tinha no máximo 13 anos, acabamos colocando a carne no forno porque o fogo não pegou direito. Com o passar dos anos segui me metendo a assadora, e aqui em Dubai, há alguns anos atrás cheguei até a ser paga para assar em um evento. Adoro a função, gosto de escolher a carne, fazer fogo com lenha, preparar a salada de batatas e servir o pessoal. Mas não gosto que coloquem a mão no meu churrasco. (risos)
IA – O que te inspira e te põe em movimento na vida?
Procuro inspiração em tudo. Viajando, assistindo filmes, indo a lugares diferentes. Ao contemplar a natureza e explorando os sentidos.
Sou movida pelo amor, pela beleza e pelo perfume das flores. Sou movida assistindo o colorido da vida ao ver a alegria nos olhos das pessoas. Ou seja, procuro sempre construir momentos felizes.
Espero que tenham gostado da nossa entrevista especial para o Dia das Mulheres. Feliz dia das Mulheres!
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Brasileira de alma e nascimento. Casada com Guillermo Henderson, uruguaio e meu parceiro de vida. Três filhos adultos e um netinho, minha filha Patrícia e mãe do Magnus na Suíça, Santiago no Canadá e Mathias em Dubai. Sou graduada em Sociologia e Direito pela PUCRS. Meu mantra é ” Vida Linda e Abençoada ! “