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Técnica de enfermagem, professora e radialista no Brasil, DJ Keké em Dubai!

Última atualização do post:

DJ keké , a construção de uma nova profissão.

A gente muda de país, começa uma vida de mulher expatriada e vai vivendo os desafios do melhor jeito possível. Pode ser que continuemos as mesmas, mas em geral sofremos uma metamorfose comparada a da lagarta em borboleta. Nos reinventamos e esse processo exige, em muitos casos, um tempo de hibernação. Reunir e colar nossas partes que chacoalharam na viagem desde um canto silencioso, e renascer.

Essa é a história da Clésia, da Keké. Uma mulher brasileira que veio do litoral nordestino com alegria e um sorriso escancarado para Dubai. Sua voz ouvida em São Miguel do Gostoso nos carros de som teve que calar-se por um tempo, as pessoas não sabiam que palavras eram aquelas com que ela contava de si. Precisava comunicar-se nas novas terras e a música foi sua melhor aliada!

Com vocês queridas leitoras a DJ Keké de Dubai!

Vem com a gente e curte a nossa entrevista que inaugura 2023 com muita alegria! E…”som na caixa”!

Enfermeira, professora e radialista no Brasil, DJ Keké em Dubai.
Dos hospitais às rádios no Brasil, DJ Keké movimenta as pistas em Dubai- Imagem: Arquivo Pessoal

IA-Como a Clésia ou a Keké se apresentaria as nossas leitoras?

Brasileiríssima! Nasci em Touros, mas cresci em São Miguel do Gostoso município do Rio Grande do Norte. Durante minha infância e adolescência, tive várias moradas. Morei com minha mãe; depois na casa dos meus avós com minha irmã deficiente; mais tarde com meu pai e minha madrasta (que era ruinzinha igual às madrastas dos livros infantis) e ao final, morei com minha mãe e meu padrasto. Foram anos agitados e intensos, mas guardo sempre as melhores lembranças e aprendizados adquiridos nesse tempo em que São Miguel ainda era uma vila de pescadores pouco conhecida e eu era uma jovem aprendendo o valor de cultivar a alegria de viver seus sonhos!

Sou pedagoga, técnica em enfermagem, educadora em saúde e técnica em segurança do trabalho por formação, mas atuei como radialista e promotora de eventos. Também trabalhei em bar e faço a melhor caipirinha do mundo! Ao mudar para os Emirados Árabes me tornei house wife, normalmente a primeira atividade da expatriada brasileira e atualmente sou a DJ Keké.

Moro em Dubai com minha família e vivo a experiência de ser expatriada há 5 anos. Sou casada com o Robert, que é alemão, e tenho dois filhos: Ludmila (21 anos ) e Nicolas (12 anos).

IA- De onde vem a garra e inspiração para a realização de sonhos?

Vem da minha mãe. Mulher brasileira que supera os desafios sempre arregaçando as mangas e indo à luta! Ela ficou órfã aos13 anos e se casou para sair das garras da madrasta. Teve quatro filhos, um morreu ainda era criança com com 11 anos. Ficamos em três. Contudo, ela sempre manteve seus sonhos!

Fez pedagogia, trabalhou em hospitais e realizou o sonho de fazer enfermagem. Depois, entrou na carreira politica e foi a vereadora mais votada no seu primeiro mandato e a primeira mulher Presidente da Câmara de São Miguel do Gostoso. Foi também Secretária de Saúde e Cultura. Como Secretária de Cultura resgatou nosso folclore e me incentivou a participar do Bumba meu Boi e do Cordel das Pastorinhas.

Tenho muito respeito e amor pela minha mãe, atualmente escreve literatura de cordel já com texto publicado.

IA- Como foi sua vida no Brasil?

No Brasil, em São Miguel do Gostoso , aos 13 anos, comecei a fazer parte do coral e das quermesses da igreja. Participava de quase todas as festas da comunidade; fazia as orações diárias das seis horas da manhã (hora do anjo) – de microfone na mão – e assim, comecei a gostar de comunicação.

Participei do grupo de escotismo, de teatro e de quase tudo que tinha nessa área na cidade.

Trabalhei muito e em diferentes áreas, fui técnica de enfermagem, professora e também atuei na rádio!

É… a vida era bem desafiadora naqueles anos e posso dizer que: Tudo deu certo, tudo valeu a pena!

IA- Mesmo gostando da área de comunicação surge a atendente de enfermagem Keké. Como aconteceu?

Devido a minha experiência com o teatro, recebi o convite de um tio para participar da companhia de teatro dele no Rio de Janeiro. Era a minha chance de ser “estrela da Globo”, mas minha mãe, vereadora naquele momento, trouxe o curso de auxiliar de enfermagem para São Miguel e me inscreveu nele, sem eu nem saber! Essa opção nunca tinha passado pela minha cabeça mas, ao longo do curso me encontrei. Tive apoio de um professor que percebeu meu potencial devido ao meu jeito de “meter a mão e não ter medo de fazer nada”. Após terminar o curso, comecei o estágio no hospital e trabalhei na área da saúde por 15 anos.

Assim, dei adeus ao teatro.

A vida, seus movimentos e as surpresas!

IA- Quando nasceu a professora?

Comecei como educadora ensinando crianças da pré escola e creche no distrito Angico de Fora que ficava à meia hora de São Miguel, literalmente no meio do mato, ou seja, interior do interior do nosso Nordeste. Lembro, ainda hoje, das viagens nos ônibus escolares da prefeitura quando estava grávida da Ludmila e percorria aquelas estradinhas de areia.

Após o nascimento de minha filha , os dias se tornaram mais desafiadores, especialmente, porque pouco tempo depois me separei do pai dela. Depois disso, consegui uma transferência da escola de Angico para São Miguel e dava aulas para as quintas séries e para o EJA (Educação de Jovens e Adultos), mesmo assim, saía de casa às 11 da manhã e voltava às 11 da noite. Além disso trabalhava na rádio aos finais de semana.

Até hoje faço uma reflexão sobre a força e a capacidade de luta da mulher brasileira. Sou uma entre as muitas mulheres que, de um jeito ou de outro, vencem as dificuldades. A gente se vira nos trinta!!!

IA- E a radialista?

As aulas na escola em Angico terminavam às cinco da tarde e, eu corria para pegar o ônibus que trazia os alunos do turno da noite. Ao chegar na cidade, ia direto para a rádio fazer meu programa: o “Boa noite Gostoso”.

“Boa noite Gostoso” começou por acaso! Quando eu tinha 18 anos, minhas amigas e eu criamos um bloco de carnaval chamado: “As Indomáveis”. Em paralelo, fizemos uma campanha “Natal sem Fome”. Fomos à radio para anunciar o evento, e pedir doações. Chegando lá, a locutora perguntou se eu gostaria de fazer os pedidos. Pois bem, fiz o anúncio e ela gostou! Dois dias depois, recebi um telefonema perguntando se poderia substituí-la em razão de uma emergência. Respondi que iria, mas que precisavam me explicar como mexer “naqueles negócios”. Depois disso, me ofereceram um programa noturno e assim nasceu o Boa Noite Gostoso!

“Boa Noite Gostoso” era romântico e musical – de minha autoria. Lia cartas, recebia pedidos musicais e interagia com os ouvintes, sempre buscando atender ao público de uma rádio FM Comunitária. O salário era apenas um complemento, mas essa experiência foi tão especial e fiquei por lá durante cinco anos.

IA – E os projetos sociais, algum em especial?

Em um determinado momento senti necessidade de fazer algo de forma mais organizada pela minha comunidade, me uni a um grupo de pessoas com o mesmo interesse a e fundamos a ONG Amjus em 2009.

O objetivo da ONG era promover o esporte, a arte, a leitura e a consciência ecológica na comunidade.

Atuei diretamente como coordenadora do projeto Gostoso Ecotour, agencia de passeios ecológicos feitos em bicicleta.

A ONG Amjus cresceu e atualmente contempla vários núcleos. Temos parceria com o SEBRAE, projeto TAMAR (formação dos “tartarugueiros”) e apoio de muitas pessoas. Tive a honra de ser uma das coordenadoras desse projeto.

Ademais, com o desenvolvimento da energia eólica no município, a ONG cresceu muito e tem uma orquestra de sanfonas que participa de vários eventos culturais.

IA – O que a nova profissão de DJ agrega a Keké ?

Keké atuando como DJ em Dubai
Keké atuando como DJ em Dubai – Imagem: Arquivo pessoal

Ao chegar em Dubai senti falta das minhas atividades profissionais e do jeitinho brasileiro e nordestino de viver. Precisava me adaptar e o maior desafio para mim foi o idioma. Logo eu, que sempre gostei de falar, fiquei muda. Agora o que eu quero é poder recuperar “a minha voz”, e é diante desse cenário que surgiu a DJ que quer voltar a se comunicar intensamente.

A Keké do Rio Grande do Norte, da praia, dos eventos puxando carro de som, do Bumba meu Boi e da rádio se apagou , hibernou ou se encolheu nos primeiros anos de expatriação, pois, aqui se fala outra língua.

Precisei de tempo para me refazer e a DJ Keké está me dando uma força enorme nesse ressurgimento.

IA- Cada vez mais você é referência de boa música, pista cheia e alegria. Como foi esse caminho ?

No Brasil, trabalhei em rádio, comunicação e entretenimento, mas em Dubai me vi limitada, pois, não me sentia segura com a língua inglesa. Na pandemia assisti a um documentário sobre um jogador de basquete americano que antes de ser famoso no esporte fez muitas coisas, entre elas ser DJ. Ele gostava muito de música e tinha enorme prazer com essa atividade. Foi quando “me deu um estalo”: “Por que não ser uma DJ?!” Então, como muitas pessoas na pandemia, eu me reinventei.

O documentário foi uma inspiração, vi que poderia voltar para o mundo que gosto tanto sem precisar ter um inglês fluente. Falaria através das músicas! Começaria nesse meio profissional com o meu próprio networking até poder expandir. Ao terminar de assistir o documentário, eu disse a mim mesma que seria DJ. Quando falei pro meu marido, ele sorriu e disse que já havia sido DJ na juventude e que se era o que queria, daria certo.

Tomada a decisão logo iniciei as aulas particulares, duas vezes por semana com um amigo brasileiro. Durante esse período comecei a fazer algumas festas para a comunidade brasileira; a teoria precisava ser posta em prática e eu precisava ver como eu me sentiria. O pessoal gostou e a pista encheu! Para segurar as pessoas na pista é preciso estar sintonizada com elas e com a festa. O DJ precisa ter feeling!

IA- Quais os requisitos formais para ser DJ em Dubai?

Meu marido sempre gostou de tudo muito certo e organizado, talvez por ser alemão e capricorniano. Como em Dubai tudo é muito controlado e existem muitas regras, nos informamos que tipo de licença seria necessária para trabalhar como DJ. E, para nossa surpresa essa profissão não precisa de licença. Ele atua como freelancer e o contratante providencia a licença, contudo precisa ter um certificado de formação profissional emitido por uma escola reconhecida e idônea.

No período da pandemia, Robert abriu uma empresa, por precaução, que nos permitiria continuar nos Emirados caso acontecesse alguma mudança onde trabalha. Essa empresa tem licença para eventos e estou registrada nela por segurança.

Montei um pequeno estúdio em casa onde trabalho com pesquisas musicais e criação de playlist. Também investi em equipamentos que atendem o trabalho que desenvolvo atualmente.

Como faço festas particulares para grupos de idade e nacionalidades diversas tenho muito trabalho na seleção, preciso fazer praticamente uma playlist para cada evento; isso exige muito do profissional. Mas, faz parte do meu crescimento e então tá valendo!

IA- Dubai é um bom lugar para mudança de carreira ? Quais os desafios e facilidades ?

Dubai é o lugar das oportunidades onde pode construir seus sonhos e obter sua realização profissional.

Por ser uma cidade turística, oferece muitas oportunidades na área de entretenimento, mas existe muita concorrência, contudo se você for competente as portas se abrirão.

No meu caso, tenho a vantagem de ser uma expatriada que veio acompanhar o marido, portanto não preciso de retorno financeiro imediato e posso usar o que recebo nos eventos para aquisição de equipamentos e contratação de aulas. Além disso, trabalho na minha própria casa.

Os vínculos e as referências profissionais são essenciais em Dubai por isso, faça seu trabalho bem feito. É importante estar atualizada, frequentar festas, pesquisar e construir um arquivo de qualidade.

Meu desafio ainda é o inglês, por isso mantenho as aulas para poder procurar trabalho em outros tipos de eventos e ampliar minhas atividades.

Atualmente formei parceria com um DJ angolano e juntos somos o Black Connection! Vocês irão ouvir muito sobre nós!

IA- Keké quais as dicas para uma expatriada realizar a mudança de carreira ?

Pode até parecer clichê, mas: nunca desista de seus sonhos!

Tenha certeza de que nunca é tarde para começar algo novo e, se dedicar a isso. Terá sucesso se arregaçar as mangas e trabalhar, enfrentando os desafios de aprender uma nova língua e de viver em um lugar que tem uma cultura diferente. Mas, se o sucesso não vir, levante a cabeça e recomeçe, porque enquanto há vida e força de vontade a gente é capaz de realizar nossos sonhos e desejos.

Para mim foi decisivo encontrar aquilo que realmente gostaria de fazer, e de fazer bem feito. É isso, dar o seu melhor e realizar um trabalho bacana. O importante é que você se realize, é isso que estou buscando como DJ, me reinventar, mas acima de tudo curtir o que faço, pois assim tudo fica mais fácil, simples e prazeroso.

IA – Qual a música que representa a Keké ?

Minha trilha sonora é One Moment in Time da Whitney Houston. Certamente, a letra tem muito a ver com meu jeito de sentir a vida. Uma dica para você da DJ que habita em mim, com os votos de um Feliz 2023!

Música de Whitney Houston é a trilha preferida da DJ Keké, para descrever suas lutas – Arquivo: Youtube

@djkeke_oficial @blackconnection_kl

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Picture of Iarema Araújo H.

Iarema Araújo H.

Brasileira de alma e nascimento. Casada com Guillermo Henderson, uruguaio e meu parceiro de vida. Três filhos adultos e um netinho, minha filha Patrícia e mãe do Magnus na Suíça, Santiago no Canadá e Mathias em Dubai. Sou graduada em Sociologia e Direito pela PUCRS. Meu mantra é " Vida Linda e Abençoada ! "

3 respostas

  1. Ela leva essa magia essa alegria por onde passa!!!
    Do Brasil pro 🌍 mundo 😍👏🏿👏🏿🙏🏿

  2. Eu conheci a Keké quando morei em Dubai!!! Uma super mulher alto-astral!!! Sucesso Kekéeeeeeeee

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