Mudança de carreira na expatriação – Coletânea

No Brasil, geralmente, as mulheres enfrentam enormes desafios para alcançar o sucesso profissional. Muitas vezes se submetem a empregos aos quais possam cumprir “dupla” ou “tripla” jornada de trabalho, segundo dados do IBGE e relatórios da Think OIga. “Um esforço que equivale a 11% do PIB – Produto Interno Bruto”, conforme matéria na Revista Varejo. Consequentemente, acabam abandonando seus sonhos pelo caminho. Para algumas mulheres, no entanto, ao se tornarem expatriadas ou imigrantes expostas a novas realidades, a oportunidade de abrir a “caixinha de sonhos” pode acontecer.

Essa coletânea é sobre isso! Traz relatos de brasileiras que viveram essas experiências. Cada uma delas trilhou seu próprio caminho, mudando ou não de carreira, mas igualmente abrindo espaço para a realização pessoal. Não tem receita, vale tudo o que fizer o olhar brilhar novamente.

Boa leitura!

Em Portugal por Kelly Boniatti

@kellyboniatti – Quando mudamos de país zeramos a vida que tínhamos e recomeçamos. Mas precisamos estar alerta para recebermos as mudanças de braços abertos. A transição de carreira é uma delas, para alguns é uma chance de se reinventar, tentar algo novo; para outros é um grande desafio por não saberem exatamente o que vai se encaixar, qual profissão seguir.

Sempre gostei e tenho talento para trabalhar com pessoas e liderar equipes. Fui gerente bancária no Brasil e ao sair do país fiquei por alguns anos como personal shopper das mamães; montei um grupo de vendas e fazia compras nos países onde morávamos. Há três anos recebi uma nova proposta, uma oportunidade de tentar algo novo e abracei com muita garra e entusiasmo; trabalho hoje com vendas de passagens aéreas. Vem me visitar em @brazucandopelomundo_

Nos Emirados Árabes por Veronika Eleutério

@veronika_topic_eleuterio – Mudei para os Emirados Árabes Unidos em 2014 e percebi que era praticamente impossível seguir minha carreira de psicóloga. Decidi aprender a língua inglesa e fazer cursos para me manter atualizada. Além disso, como sempre fui amante da literatura, decidi montar uma vasta biblioteca e também um grupo de discussões literárias.

A partir disso, retomei o hábito da escrita e lancei dois livros, o primeiro baseado nas minhas contações de história para o meu filho, chamado “Cissa e a Diversidade”,  e o segundo “The Houbara nest” sobre um pássaro regional em extinção.

Estou fazendo pós graduação em escrita e aprimorando a carreira de escritora. Comecei a participar de concursos literários dos quais venci alguns, um bom termômetro para mostrar que estou no caminho certo, subindo degrau por degrau, devagar, como aconteceu na minha carreira anterior.

Na Irlanda por Andrea Figueiredo

@deiapaya – Acredito que me tornei expatriada antes mesmo de chegar na Irlanda. Quando decidi fazer uma transição de carreira na pandemia, sabia que essa mudança profissional seria fora do Brasil. E assim foi. Larguei o corporativo no qual fiquei por 10 anos, lancei meu livro – que escrevi durante a pandemia – e peguei o avião para a Ilha da Esmeralda na Irlanda.

Ser expatriada me trouxe inúmeras experiências que, aos poucos, iam se tornando novos textos e, quem sabe, a continuação do primeiro livro. E ainda, para minha surpresa, me aventurei em trabalhar num café na Europa, pois assim eu estaria imersa na cultura do novo país, onde estou até hoje como Chef de Partie. Ao expatriar, eu me desenvolvi como escritora e ainda me tornei Chef em um café.

Na Suíça por Ana Paula Lavos

@anapaulalavos – Ao sair do Brasil já havia abandonado minha carreira há alguns anos, como cientista social, para me dedicar integralmente à maternidade. Como expatriada aproveitei para cuidar de mim e da minha família, fazendo cursos na área de parentalidade, escrita criativa, além de continuar o estudo da língua inglesa.

Hoje, morando na Suíça, ao começar a estudar alemão, fiquei ainda mais encantada com a beleza e versatilidade da língua portuguesa e decidi mergulhar num sonho de infância, me dedicar a escrever. Ainda não sei aonde esse caminho vai me levar, mas estou amando cada passo.

Na Noruega por Erinice Eversvik

@eriniceeversvik – Quando me mudei para a Noruega, não fazia ideia do que me aguardava por lá! Foi necessário começar do zero e a primeira dica que recebi foi que poderia trabalhar em uma escola de Jardim de Infância. Como eu já era professora de história no Brasil, foi fácil conseguir um estágio com o propósito de aprender o novo idioma. O salário era ruim e quando o período de estágio terminou, foi difícil conseguir um emprego.

Tentei mudar de área, já que naquela época o mais importante era estar trabalhando, mas não tinha experiência em outras áreas, ou contatos. Fiquei mais alguns anos como professora substituta até entender que precisaria voltar a estudar para ter melhores oportunidades. Por fim, consegui um emprego na prefeitura e hoje trabalho com educação especial na Noruega. Também mantenho uma página de turismo no Instagram, o @dicasnoruega. É preciso estar disposta a reciclar e não desanimar!

Em Dubai por Patricia Eyley

@patricia_notrispe Assim como tantas expatriadas, fiz uma pausa na minha carreira em prol do crescimento profissional do meu esposo e me dediquei a minha família neste período de transição. No Brasil, fui desenvolvedora de negócios de transportes superpesados. Agora em Dubai, estamos empreendendo um novo modelo de negócio, uma empresa que facilita o processo burocrático de ofertar salas comerciais para novos investidores.

Foi assim que nasceu a Smart Hub Community, um espaço inovador para atender uma necessidade do mercado. Hoje lidero uma equipe formada, em sua maioria, por mulheres resilientes! Vejo que unir forças e explorar possibilidades é o que mais me motiva. Entender a cultura, adaptar-se as regras locais e traduzir isso em oportunidade no mercado árabe é o meu propósito atual. Meu maior desafio foi voltar ao mercado de trabalho em Dubai. Sinto-me realizada!

Iarema Araújo H.

Brasileira de alma e nascimento. Casada com Guillermo Henderson, uruguaio e meu parceiro de vida. Três filhos adultos e um netinho, minha filha Patrícia e mãe do Magnus na Suíça, Santiago no Canadá e Mathias em Dubai. Sou graduada em Sociologia e Direito pela PUCRS. Meu mantra é ” Vida Linda e Abençoada ! “