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Falar espanhol: perrengues e aprendizados

Última atualização do post:

falar espanhol
Falar espanhol - acervo Unsplash

Falar espanhol é fácil? Essa pergunta para mim é uma grande pegadinha porque tem facilmente duas respostas:

Sim. É fácil falar espanhol, é um idioma próximo ao português, ambos com origem no Latim e vocabulário e estrutura gramatical parecidos.

Não. Não é fácil justamente porque são idiomas muito parecidos. É tentador cair no famoso “portunhol”, misturando palavras e sotaques das duas línguas na esperança de ser compreendido. Quem nunca?

A verdade é que falar uma língua para visitar um país como turista é um pouco diferente de saber de comunicar ao morar no mesmo país. Algumas situações eventualmente se repetem nos dois casos, mas ser um local te coloca em uma variedade maior de situações e por mais tempo.

Vivendo há quase dois anos no Peru, compartilho com vocês os meus perrengues e aprendizados com o idioma.

Estudando antes e depois de chegar

Minha relação com o idioma espanhol antes de morar no Peru não era nula: eu já tinha estudado por alguns anos, usado esporadicamente no meu ambiente de trabalho e visitado alguns países falantes da língua (Argentina, Colômbia e Espanha). 

Como meus planos profissionais ainda eram incertos por aqui, achei importante me preparar para me comunicar bem na língua, além de aprender mais sobre o país onde eu ia morar, que era desconhecido para mim. Por isso, comecei a estudar ainda no Brasil, mas busquei uma professora peruana online (Curiosidade: tive um professor de espanhol peruano nos meus estudos em São Paulo, muito antes de saber que iria morar aqui um dia!).

Depois que cheguei no Peru, continuei com as aulas por mais alguns meses até me sentir mais confiante. É importante você saber que o estudo é 70% do caminho. Os outros 30% virão da vivência naquele país, de entender o sotaque, a história e as diferenças socioculturais.

Principalmente nos primeiros meses, eu e meu marido nos sentávamos para jantar e trocávamos as palavras e expressões que tínhamos aprendido durante o dia. Era um momento muito divertido de descoberta das nuances do espanhol falado aqui. Quando aprendemos uma frase ou palavra dentro de um contexto, fica mais fácil de lembrar do que quando aprendemos uma palavra solta.

Entendendo e me fazendo entender na pandemia

De uma maneira geral, o sotaque dos peruanos é claro e fácil de entender, se comparado ao acento mais marcante dos argentinos ou dos chilenos. No entanto, por ter chegado no país em plena pandemia de Covid-19, eu conheci o que eu chamo de “comunicação com filtro”: Toda interação ao falar espanhol tinha uma máscara (ou duas) tapando a boca, além de uma placa de acrílico separando o atendente de você em bancos, supermercados e prestadores de serviço em geral.

falar espanhol
Imagina quão chato é falar e entender espanhol com parte do rosto coberta? acervo: Pexels

Ou seja, sem poder ler os lábios de quem fala (algo que me ajuda muito enquanto ouço outro idioma), mais as barreiras físicas, imagina quantas vezes eu pedi para a pessoa repetir a mesma frase e eu conseguir entender? Que atire o primeiro dicionário quem nunca fingiu que entendeu alguma coisa depois de perguntar três vezes e continuar sem entender…

A parte boa desse momento foi a proliferação de serviços com atendimento por Whatsapp. Ler era mais fácil que ouvir e para responder eu usava o corretor (e às vezes o dicionário), mas estava mais segura antes de fazer uma compra, por exemplo.

Aprendendo vocabulário na “vida real”

Uma amiga brasileira dizia “estudamos um idioma por tanto tempo e quando precisamos falar ‘gaveta’ naquela língua, não sabemos a palavra!”. É isso! Por mais que a gente estude vocabulário, nunca vamos nos lembrar ou saber de tudo até precisarmos na “vida real”. Mesmo que você fale o idioma, as primeiras idas às lojas de coisas para casa ou médico são com o Google Tradutor a tiracolo. Afinal, você já pensou como procurar em espanhol a redinha que vai no ralo da pia para reter os restos de comida?

Uma vez, em uma das nossas primeiras viagens dentro do Peru, perdemos um dos parafusos que prendia a placa do nosso carro. Além de não saber como era parafuso em espanhol, não tínhamos ideia em qual tipo de estabelecimento procurar, pois estávamos em uma cidade pequena. Nesse caso, a saída foi usar o amigo Google Tradutor e sair perguntando aos moradores pela rua. No final acabamos resolvendo mesmo com um elástico de cabelo e um clipe, já que não encontramos o tal do tornillo para comprar por ali. Nunca mais esqueci a palavra! Como eu já disse acima, nada como aprender palavras novas dentro de um contexto para fixar na mente!

Vivendo a sua experiência

Em resumo, se você está indo morar no Peru ou outro país de língua hispânica, aproveite a similaridade com o português para iniciar sua conexão com a língua. Estude, se necessário. As experiências que você vai viver no país, principalmente nos primeiros meses, vão te ajudar a construir o resto do seu repertório. E aí, um belo dia, você se surpreende entrando em uma discussão em espanhol com o entregador porque ele não tem troco sem pensar antes de falar e se fazendo entender!

Curiosidade: Escrevo esse texto de um teclado hispânico, pois o notebook que eu trouxe do Brasil quebrou poucos meses depois da minha chegada no Peru. Como estava tão acostumada com o teclado brasileiro e a maior parte do tempo escrevo em português, preferi alterar as configurações do teclado para usar como se fosse um teclado brasileiro. Na prática, tive que aprender que o ponto de interrogação está na tecla W e a cedilha disfarçada de Ñ, letra típica do alfabeto espanhol!

falar espanhol
Teclado de notebook versão alfabeto espanhol. Arquivo pessoal

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Picture of Tatiana Roque

Tatiana Roque

Nascida e criada em São Paulo dentro de uma família portuguesa, minha curiosidade me levou a viajar por muitos cantos do mundo. Só não sabia que em 2020 faria minha viagem mais transformadora: trocar as referências conhecidas no meio da pandemia de Covid-19 por uma nova vida em Lima, no Peru. Te convido a embarcar comigo nessa jornada de descoberta e autoconhecimento por esse país de belezas e contrastes.

2 respostas

  1. Fiquei só imaginando as situações! É engraçado pensar que não há estudo de vocabulário que realmente chegue para a vivência do dia a dia. Que interessante viver o idioma também como uma experiência cultural. 🙂

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