Desde 2018, nossa vida tem sido marcada por mudanças e adaptações. Foi em 2018 que resolvemos mudar de país pela primeira vez, para a Espanha, depois veio a pandemia e a mudança para a Bélgica no meio dela. E junto a tudo isso, o início na nova escola.
Creio que algumas de vocês tenham tido mudanças parecidas também, não é mesmo?
Acredito que uma das maiores preocupações para os pais é com relação à escola dos filhos. Se a angústia já é grande quando os filhos iniciam em uma nova escola no Brasil, a expectativa do início em uma nova escola no exterior é potencializada. Onde irão estudar? Será que a escola é boa? Tem preconceito? Conseguirão se comunicar? Conseguirão pedir para ir ao banheiro?
Nossa, são tantas perguntas, não é mesmo? E se as lembranças que você tem de quando era pequena não são muito agradáveis, aí é que o sofrimento aumenta. Você sofre pelo filho e revive a sua dor.
Por isso, hoje queria compartilhar aqui um pouco de como foi o início das aulas na Espanha e como está sendo aqui na Bélgica
O início na nova escola na Espanha
Depois de toda a burocracia que temos que passar quando chegamos em um novo país, conseguimos fazer a matrícula da nossa filha mais velha, que na época estava com quase 7 anos.
Como chegamos fora do período das matrículas escolares, tivemos que ir até o colégio centralizador para ver onde tinha vagas para a idade das meninas. Nossa intenção era matricular as duas, mas não tinha vaga na mesma escola, e segundo a pessoa que nos atendeu, seria mais fácil conseguir se a mais nova aguardasse até o próximo ano.
E assim foi o início na nova escola para a minha filha mais velha. Ela foi bem recebida pela professora e seus novos amigos e logo se acostumou com a nova escola.
Passados alguns meses, chegou o período de matrículas para o próximo ano e junto, a apreensão se conseguiríamos matricular nossa filha mais nova na mesma escola. Como se não bastasse, ela ficou em terceira na lista de espera de uma sala supostamente já cheia. Passamos dias de espera, até que veio o alívio dela ter conseguido uma vaga na mesma escola da irmã.
Em setembro de 2019, enfim, mais um processo de adaptação. Com a pequena, 4 anos na época, foi um pouco mais complicado. Ela chorava todos os dias, não desgrudava da professora e não queria sentar-se na mesa com os amigos. Quando ela começou a se acostumar, vieram as férias de final de ano e no retorno, alguns passos para trás. Passou um tempo, ela já estava mais acostumada, veio a pandemia. Pronto, março a setembro em casa. Em setembro elas chegaram a ir para a escola, mas em outubro viemos para a Bélgica.
Como foi o início na nova escola na Bélgica
Chegamos aqui em outubro de 2020, em meio a pandemia. Demoramos mais do que imaginávamos para organizar tudo e as meninas começaram as aulas somente agora em janeiro.
E lá se vai, mais uma adaptação.
Ao contrário da Espanha, aqui na Bélgica podemos visitar algumas escolas antes de realizar a matrícula. No entanto, devido à pandemia, também não estavam agendando as visitas presenciais, somente por telefone.
Assim, depois de muita pesquisa, escolhi 3 escolas para ligar, mas na primeira delas, a Diretora foi tão acolhedora, que me senti confortável em já matricular as meninas na escola. Na mesma semana, em dezembro, fomos até lá. As meninas conheceram a escola e a turma que iriam estudar e no retorno das férias, agora em janeiro, começaram na nova escola.
Da mesma forma que aconteceu na Espanha, a mais velha logo se enturmou e fez amigos. E da mesma forma como aconteceu na Espanha, foi um pouco mais complicado para a mais nova e, mais uma vez, tive que colocar uma barra de gelo no coração para deixá-la chorando e sair rapidinho para não estender o sofrimento, demonstrando firmeza e segurança mesmo ela olhando para mim com aqueles olhos do Gato de Botas.
Por incrível que pareça, depois de alguns dias na escola, ela já está mais adaptada. Chora um pouquinho, mas volta animada. Até já fez amiguinhas, apesar de não entender nada em Holandês.
O que aprendi nessas experiências
Por ser psicoterapeuta, por mais que não atenda crianças, é inevitável não querer usar a “psicologia” na educação das meninas. Há os seus benefícios, mas também, a autocobrança por “ter que” saber como fazer.
Com as experiências, percebo que na teoria tudo é bonito, mas na prática, as coisas não são bem assim.
Na prática, com as meninas, sou mãe e não psicoterapeuta e tudo bem ter minhas angústias. Tudo bem errar com a intenção de acertar.
Na prática, tenho que trabalhar o meu eu para passar tranquilidade a elas, tenho que observar e respeitar o jeito de cada uma, pois elas são diferentes e têm necessidades diferentes.
Na prática, tenho que segurar minha vontade de querer protegê-las de tudo e de todos e cria-las para a vida.
E você? Como foi a adaptações dos seus filhos nas novas escolas?
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Psicoterapeuta e Especialista em Desenvolvimento de Líderes, graduada em Psicologia. Curitibana, morou na Espanha e atualmente mora na Bélgica. Experiência de 15 anos no mundo corporativo, a maior parte deles, na área de Gestão de Pessoas. Atualmente ajuda líderes brasileiros a se desenvolverem em suas carreiras, e brasileiros que estão no exterior a se reencontrarem através da psicoterapia.
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