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Japão, as portas que me abriram para a maternidade

Última atualização do post:

Japão
Fazendo piquenique com meus filhos Alan e Vivian no Japão - arquivo pessoal

Quais são as primeiras imagens que vem a cabeça quando falamos sobre o Japão?

Geralmente vem a imagem maravilhosa do vulcão adormecido Monte Fuji, as gueixas de Kyoto, o memorial da bomba de Hiroshima, o famoso shinkansen “trem-bala”, a parafernália do bairro de Akihabara com todas as luzes do que tem de mais novo em termos de tecnologia.

Provavelmente, eu nunca encontrei um país que convive tão bem com os contrastes do novo e do velho como no Japão. Aliás, tudo lá funciona tão perfeito, que o imperfeito quando aparece é tão camuflado a ponto de enganar os adormecidos.

Mas antes de falar sobre a minha maternidade no Japão, convêm entender um pouco como os brasileiros foram parar no Japão.

O brasileiro dekassegui para o mundo perfeito do japonês

O movimento dekassegui muito conhecido dos brasileiros começou no inicio dos anos 90. Uma onda de descendentes japoneses escolheram fazer o caminho inverso, sair do Brasil e atravessar o oceano em busca de melhores oportunidades de trabalho.

A palavra dekassegui vem de dois kanjis (de – sair, kassegui – trabalhar). Porém quando os brasileiros chegaram para trabalhar nas fábricas japonesas, os serviços que eram atribuídos a eles fazem parte do três K (kiken – perigo, kitsui – pesado, kitanai – sujo).

O que o japonês comum não gostava de fazer, o brasileiro então se sujeita a fazer a um custo de salário que lhe permitia comprar um carro, telemóvel de última geração, mas que lhe consumia mais de 12 horas de trabalho diárias. No final das contas, eu sempre me questionava até aonde iria a ganância do ser humano.

No meu caso, fui parar à terra dos meus ancestrais através de uma oportunidade de estágio. A princípio eram para ser seis meses de estadia. Fui trabalhar numa empresa de prestação de serviço de colocação de mão de obra brasileira na indústria automobilística. Como eu falava, lia e escrevia, me tornei tradutora interprete. Os brasileiros que lá chegavam sem falar uma palavra em japonês nem sentiam tanta a dificuldade, a empresa tratava de arrumar alojamento, condução, e se ficassem doente, a Noemi os acompanhava ao hospital.

Dica de leitura: A japonesa que fala “brasileiro”

O que era para ser seis meses

São dois períodos distintos que morei no Japão. Esse primeiro período foi de 1991 a 1999, os seis meses que viraram oito anos sem regressar ao Brasil. Caramba, hoje nem imagino como eu me tornei tão “japa”!

O pai dos meus filhos resolveu ir para o Japão, largou o emprego dele no Brasil e lá começamos a construir nossa nova vida. Tipo, vamos guardar um pouco, mas vamos aproveitar tudo o que o Japão tem para nos oferecer de bom.

E uma das coisas que sou muito grata por ter estado no Japão foi a possibilidade de ter feito o tratamento para poder engravidar. Como a grande maioria dos países desenvolvidos, a taxa de natalidade japonesa é uma das mais baixas do mundo. Cada vez mais as mulheres adiam o casamento, e muitas delas se recusam a terem filhos. Então, existe uma política interna japonesa que subsidia os tratamentos de infertilidade das mulheres.

ter filhos no Japão
Eu com meus dois filhos Vivian bebê e Alan sentado – arquivo pessoal

Noemi agora sonha ser mãe

Ah Noemi…, ser mãe naquela época virou meio que uma obsessão para mim. Foram meses e meses de tratamento hospitalar, até chegarem a conclusão que o problema era totalmente genético de má formação uterina e que a solução seria somente por inseminação assistida. Não foi bebe de proveta, mas foram escolhidos os melhores espermatozoides para serem introduzidos no meu útero próximo às trompas no dia da ovulação.

Enfim, em dezembro de 1994 dava a luz ao Alan através de uma cesárea. Sonho realizado, mãe que veio do Brasil para estar comigo, e lembro-me muito bem do médico obstetra me dizendo: “Cuida bem desse bebe porque dificilmente seu corpo conseguirá gerar outro filho!”

Querem saber mais? Quando o Alan completou um ano, no dia do aniversário dele, eu descobri que estava grávida!!!! Só que desta vez, o espermatozoide do papai dela entrou por um outro canal do colo do útero e a Vivian começou a vida do lado mais apertado do meu útero. Ao fim de 7 para 8 meses de gravidez, ela já não conseguia ganhar peso por falta de espaço (útero retrovertido com uma membrana que separa o útero ao meio desde o canal da vagina até o final… convenhamos, a palavra certa aqui para mim é… sou toda recalcada mesmo!!!! )

Nascimento da minha filha Vivian

E no verão de 1996, Alan com um ano e meio ganha uma irmãzinha, Vivian, prematura, com menos de 1 kg e meio, mal cabia na palma da minha mão. Detalhe, um parto de cesárea no Japão não é como no Brasil que vai embora para casa no dia seguinte. Um parto normal no mínimo cinco dias, e se for cesárea, no meu caso foram quase 10 dias. No caso da Vivian, então por ter ficado na UTI neo natal, eu sai primeiro e ela ficou mais de 20 dias até ganhar o peso suficiente para ir para casa.

Mas passado o primeiro susto, ainda veio uma meningite viral na Vivian apos dez dias em casa. Essa minha filha é guerreira, demais mesmo!!!!

Eu não sei aonde tirei tanta força para superar tantos desafios, mas o que nos ajudou como pais foi o apoio dos órgãos públicos (aqueles mesmo que foram discriminadores em uma ocasião posterior), mas que neste caso subsidiou todo o tratamento para que Vivian tivesse até alcançar a taxa normal de uma criança, que no caso dela, só foi considerada normal aos 10 meses de vida.

Aliás para entender o sistema de saúde pública do Japão ficará para uma próxima oportunidade. No meu caso, só posso ser muito grata por ter tido dois dos meus três filhos no Japão. Sim, sério, tive a Karen no Brasil, a minha raspinha do tacho!!!! E eu hoje sou uma mãe orgulhosa destes meus três filhos fantásticos!

mãe no Japão
Sou uma mãe orgulhosa destes meus três filhos fantásticos Alan, Vivian e Karen – arquivo pessoal

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Picture of Noemi Shigetomi

Noemi Shigetomi

Artista plástica, escritora e instrutora de Yoga Tibetano. Morou por 12 anos no Japão trabalhando como tradutora-interprete e, após o tsunami de 2011, retornou ao Brasil. Em seguida, trabalhou como secretária-executiva da diretoria japonesa de uma grande multinacional do ramo de cervejas. Por isso, de cervejas, ela entende !!! Há 5 anos fez uma transição de carreira, deixando o mundo corporativo para trilhar o caminho das artes e do autoconhecimento, o que a levou a estar hoje em Portugal. Ela busca compartilhar suas experiências, mostrando com leveza que é possível encontrar o equilíbrio emocional através do desenho criativo e da pintura.

5 respostas

  1. Desejo de coração. Todo sucesso neste novo caminho . E que suas metas sejam alcançadas. Por tudo de bom que vc sempre fez por mim . Com suas terapias. Me fazendo me encontrar como pessoa. E me dando forças para processeguir mesmo a distância. Minha querida isso e exemplo de vida …..

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