Você já ouviu falar na cidade de Saint-Germain-en-Laye?
Saint-Germain-en-Laye, é uma cidade real conhecida por sua alta qualidade de vida e seu rico patrimônio cultural. Mas, para mim “SGeL” é aconchego, descoberta e amor. Foi aqui que eu morei nos meus três primeiros anos na França, já que agora me mudei para a cidade vizinha na mesma região, mesmo caminho real. Mas da minha cidade atual eu falarei em outro post.
A cidade de Saint-Germain-en-Laye e seu castelo estão intimamente ligados à história da França.
A vida da família real estava ameaçada e com a rainha grávida, o rei decidiu se instalar no sua residência de caça até o nascimento de seu bebê. Foi em Saint-Germain-en-Laye que nasceu Louis XIV, certamente o rei mais importante de toda a história da França. Mas, bem antes, a cidade já tinha sido berço de Reis, casamentos e outros importantes marcos da história francesa.
Como surgiu e porque Saint-Germain-en-Laye é tão importante para a França
Certamente o solo fértil, floresta de caça e pesca abundante, fez com que a região de Saint-Germain tivesse moradores desde os primeiros tempos. Galo-romanos e merovíngios (“Os Merovíngios estabeleceram uma dinastia que governou o Reino dos Francos do século V ao VIII. Seu período é marcado pela formação do reino franco.”- texto explicativo retirado da Wikipédia), instalaram-se ali, em particular no pequeno vale da ru de Buzot (“O ru Buzot é um pequeno rio francês, afluente da margem esquerda do Sena , que corre no departamento de Yvelines , Região Ile-de-France” – texto explicativo da Wikipédia).
O Castelo e seus reis
Quando o rei Robert, o Piedoso, subiu ao trono em 996, sua paixão pela caça o fez sair de Paris e explorar a floresta, foi assim que surgiu a Cidade de Saint-Germain-en-Laye, a construção de um mosteiro em homenagem a Saint-Germain de Paris, uma cabana de caça do rei e a abertura de estradas florestais.
Posteriormente, em 1124, Louis VI Le Gros construiu uma residência real no lugar da cabana de caça. As frequentes estadias reais e a comunidade religiosa é o que realmente marcam a existência da cidade. Saint-Louis ergueu uma capela e Carlos V a reconstruiu após a Guerra dos Cem Anos. Henrique III construiu um novo castelo em 1556. Henrique IV, ampliou e, além disso embelezou a propriedade. Depois veio o casamento de Francisco I em 1514, nascimento de Henrique II em 1519, o golpe de Jarnac em 1547, proclamação do edito de 1563 de Carlos IX, que fixa 1º de janeiro como o início do ano para toda a França, assinatura em 1570 da Paz de Saint-Germain destinada a pôr fim às guerras de religião, nascimento de Louis-Dieudonné, futuro Luís XIV, em 1638.
Em 1682 o rei Louis XIV se mudou para o Palácio de Versalles e o Château-Vieux (Castelo Velho), abandonado pela corte, passou a abrigar James II da Inglaterra com sua família em seu exílio depois de sua derrota contra William de Orange. James II sendo primo de Louis XIV ficou hospedado no Château Veux até sua morte em 1701, sendo enterrado na Igreja de Saint-Germain-en-Laye. Luís XVI mandou consertar os encanamentos de água da cidade em 1777 e deu o Château-Neuf a seu irmão, o conde d’Artois , futuro Carlos X.
De volta ao centro
Por outro lado, com a Revolução, o Consulado, o Império, a cidade viveu as reviravoltas da história, e o castelo se converteu em prisão, hospital, escola de cavalaria, quartel e depois penitenciária militar. Mas, foi com a inauguração da primeira linha ferroviária de passageiros em 1837, ligando Paris a Saint-Germain, que a cidade ganhou uma nova vida.
Foi a visita da Rainha Vitória, em peregrinação ao túmulo de Jacques II em 1855, que fez com que Napoleão III, amante da arqueologia gaulesa, decidisse criar o Museu das Antiguidades Celtas e Galo-Romanas, em 1867, no Castelo de Saint-Germain-en-Laye. Uma vez de volta a memória dos franceses, foi também no castelo que foi realizada a Assinatura da paz com a Áustria, em 10 de setembro de 1919 resultando no desmantelamento do Império Austro-Húngaro, e durante a Segunda Guerra Mundial, o castelo se tornou o quartel-general do Ob West, comando das forças alemãs da Holanda em Biarritz, que teve sua rede de inteligência ativa por lá. Enfim, Saint-Germain-en-Laye foi libertado em agosto de 1944.
Saint-Germain-en-Laye, hoje
A apenas 30 minutos do centro de Paris, 19 Km em linha reta do marco 0 da Notre Dame de Paris, e com conexão direta com a capital através do RER A, a cidade é o porto seguro do presidente da França, a rota de fuga. Da mesma forma, quando alguma ameaça for identificada, é para lá que o presidente e sua família serão levados e mantidos em segurança. Devido a esse QG secreto e especial é comum vermos grupos de soldados fazendo rondas e treinamentos pelas ruas da cidade.
Saint-Germain-en-Laye também abriga a maior área verde urbana da França com uma floresta milenar que cobre ¾ do seu território, é uma cidade que mistura gerações e nacionalidades, devido ao seu conhecido Colégio Lycée Internacional e suas 14 sessões de línguas estrangeiras.
Paris Saint-Germain Football Club
O Paris Saint-Germain surgiu em 1970 da junção de duas equipes de futebol, Paris e Saint-Germain-en-Laye. Na época os torcedores queriam que a equipe de Paris fosse maior e então os diretores tiveram a ideia de unir os dois times.
Com a união e o novo time, o centro de treinamento foi construído em Saint-Germain-en-Laye e ali está até hoje.
Como vocês podem ver eu amo essa cidade. Na “esquina” de Paris e com um lindo castelo, jardim e floresta. Prédios e esquinas que fizeram a história, muito comércio, deliciosos restaurantes e inúmeras famílias internacionais. Se algum dia você vier a Paris, não tenha dúvida, pegue o RER A na direção Oeste e visite “SGeL”. Você vai se surpreender e não se arrependerá.
Ah, não esquece de me chamar para uns bons drinks com vista pro Chateau !
Bonjour mes amis!
Sou uma carioca de 42 anos que se aventurou em mudar para a França por amor. Larguei tudo e vim morar em Paris com meu amor. Hoje sou mãe de uma menina linda e esperta, aprendi a cozinhar, adaptei a faxina aos meus afazeres e viver em Paris não é só glamour não.
Me tornar expatriada me ajudou a me conhecer melhor, e viver em outra cultura; abriu minha mente e me transformou em outra mulher.
Entre empreender online e aprender tudo de novo (língua, leis, regras, piadas, gírias e modo de educar), eu decidi escrever para o blog Diário de uma Expatriada, para poder dividir com vocês tudo sobre minhas descobertas do lado de cá do oceano.
😉
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