Sonia Bongiolo, IRONMAN para celebrar seus 50!

Sonia Bongiolo decidiu participar de uma prova de IRONMAN 140.6 para celebrar seus 50 anos!

Desafiador? Muito! Quem já participou dessa prova que inclui 3,8 Km de natação, 180 Km de bike e 42,2 Km de corrida ininterruptamente sabe bem do que estamos falando!

Tenho a certeza de que se você for apresentado à nossa entrevistada vai perceber “de bate e pronto” que ela é uma mulher muito bonita, simpática, alegre e delicada. E ela é tudo isso mesmo, mas o que não dá para ver de imediato é a fortaleza física, psicológica e emocional que possui. Sendo assim, quando escolhe um desafio, não entra no planejamento desistir antes da chegada.

Sonia é o tipo de pessoa que você se sente bem quando está perto, a conversa flui mansa e inteligente. Gentilmente ela vai nos permitindo conhecer seus sonhos e sua incrível capacidade de organização e determinação para torná-los uma realidade.

Aos 45 anos, Sonia prometeu a si mesma que iria celebrar seus 50 anos participando de uma prova completa de IRONMAN. Mas para isso, decidiu também manter a vida familiar, social e cultural tão ativa como sempre foi. Só assim faria sentido, pois para ela, família e amigos são pilares de vida.

Mudar rotinas, acordar quando ainda é noite para treinar, rever conceitos de alimentação e investir tempo e dinheiro foram alguns dos desafios enfrentados para que no próximo dia 05/03/2023, ela esteja na África do Sul participando do IRONMAN.

“O pódium não é a meta, mas se vier será muito bem recebido”. O que realmente move a nossa entrevistada é a paixão pelo esporte, mas sem esquecer da diversão acima de tudo.

Deixo vocês queridos leitores em ótima companhia, viajem nesse sonho com a inspiradora Sonia Bongiolo!

Boa leitura!

IA-Quem é a Sonia Bongiolo?

Meu nome é Sonia, tenho 50 anos, nasci em Curitiba – Paraná, sou casada e mãe de dois rapazes. Me formei em Turismo em  2004, e como todo turismólogo adoro viajar, fazer atividades outdoor e estar em contato com a natureza. Trabalhei com eventos por dois anos e entre viagens e finais de semana fora de casa, resolvi mudar de profissão. Diante disso, comecei a estudar Geologia e no meu segundo ano de curso tive que trancar a matricula, pois fui convidada para morar no exterior com meu marido.

IA-Como começou a sua vida de expatriada?

Tudo começou em 2008 quando meu marido recebeu um convite para fazer parte de um projeto que estava sendo implantado na filial Oriente Médio da empresa onde ele trabalhava. O país seria a Arábia Saudita e de imediato comecei minhas pesquisas sobre os costumes e a cultura árabe.

E como seria essa mudança? Eu, com dois filhos pequenos, deixando minha carreira, indo morar num país onde não sabia a língua, e acima de tudo, um lugar que restringe algumas atividades às mulheres. Portanto cheguei a ficar assustada. Será que daria conta?

Mas, por algum motivo, mudaram os planos na última hora e fomos morar na Jordânia.

IA-Poderia nos falar sobre a experiência na Jordânia?

Minha experiência como expatriada começou quando tive que procurar casa, escola e um curso de árabe para mim, já que seria um desafio e obrigação aprender a língua de um país onde estava morando, afinal queria poder entendê-los.

Tudo arrumado, casa pronta e escola para os filhos, eu já estava mais tranquila. Sabia que teria que me virar sozinha, pois meu marido estava indo para trabalhar e não poderia estar comigo todo o tempo, apesar de estar sempre disponível quando precisei.

Moramos em Amman, capital da Jordânia, por três anos. Foi uma experiência maravilhosa, fiz muitos amigos jordanianos e brasileiros. Todos muito simpáticos e nos sentimos bem acolhidos.

Depois da Jordânia, meu marido foi transferido para Dubai onde estamos morando até hoje.

IA-E em Dubai como foi a chegada?

A minha chegada a Dubai já foi um pouco mais tranquila, pois fui recebida por uma amiga que me ajudou muito.

Tudo em ordem de novo, comecei a procurar algo para fazer no meu tempo livre. Consegui um trabalho que podia fazer nas minhas horas vagas e também fiz parte de um grupo que organizava cafés para as brasileiras que estavam chegando em Dubai. O objetivo era ajudar quem chegava por aqui sem conhecer ninguém. E assim, vi a comunidade de brasileiros crescendo. Mas o melhor de tudo isso foi que conheci pessoas que se tornaram parte de minha família. Mesmo que cada uma tenha mudado para países diferentes, estamos sempre em contato e isso me deixa muito feliz.

Outro ponto positivo é que também praticava esportes de uma forma mais consistente e acabei participando de várias competições por aqui.

IA-Qual o projeto para celebrar os 50 anos ?

No final de 2022, completei 50 anos e vou cumprir minha promessa! Estou me preparando para o IRONMAN 140.6, ou seja 3,8 Km natação, 180 Km bike e 42,2 Km corrida, que vai ser realizado na África do Sul, no dia 05 de março de 2023. Esse vai ser meu maior desafio até hoje. Não espero pódio, só espero terminar dentro do tempo aceitável. E aí sim vou estar pronta para ser uma inspiração.

IA-De que forma você transformou esse sonho em realidade?

Em 2013, comecei minha vida de atleta amadora participando de corridas de curta distância (5, 10 e 21 Km) com bons resultados, chegando até a subir em pódios. Em 2017, fiz minha primeira Maratona aqui em Dubai, foi uma prova difícil, tive que superar vários desafios, além da vontade de desistir antes da linha de chegada.

Depois disso, conheci uma amiga que me convidou para participar de competições que envolviam duas modalidades, corrida e natação. Na minha primeira competição eu não sabia nem nadar direito, mas fui em frente. Um certo dia minha amiga me convidou para assistir um competição de triatletas. Pensei que seria uma loucura fazer as três modalidades juntas. No entanto combinamos que quando completássemos 50 anos teríamos que participar do IRONMAN completo.

IA-O que mudou na sua rotina para a construção deste sonho?

A partir desse dia, comecei a planejar como iria fazer para me preparar para uma competição que exige tanto do meu corpo. Eu estava com 45 anos na época e tinha que me manter em forma. Foi aos poucos e com muita disciplina e foco que o esporte passou a fazer parte da minha rotina. Os treinos começavam bem cedo, a partir das 5 da manhã. Em Dubai, no verão, os meses de junho a setembro são bem quentes e úmidos e é preciso começar a treinar bem cedo. Comecei a controlar melhor minha alimentação. No triathlon se pode perder peso divertindo-se, a prática combinada dos três esportes exige uma ampla base aeróbica e te permite consumir uma quantidade considerável de gordura e carboidrato como fonte de energia, além de tantos outros benefícios que o esporte traz.

IA-E um dia de 24 horas é suficiente?

Passei a ser mais disciplinada com os horários, um atleta necessita de organização no seu dia a dia, a gestão do tempo é muito importante, temos que dividir o dia entre treinos, família e compromissos. Não podemos desperdiçar nem um minuto. Uma das coisas que aprendi com o treinamento longo foi a capacidade de lidar com o estresse, muitas horas treinando te permitem um tempo enorme com você mesma, esse é o tempo que tenho para meditar.

IA- No Triathlon temos as mesmas categorias do IRONMAN, mas com distâncias menores. Podemos dizer que é o teu esporte favorito?

Inegavelmente foi o esporte com que mais me identifiquei, já que a sua pratica é perfeita para liberar todas as minhas energias. Gostei tanto, que já participei de três IRONMAN’s 70.3 de Dubai (1,9 Km natação, 90 Km bike e 21 Km corrida), a primeira vez eu e duas amigas formamos um time para competir. Alessandra Cima na natação (hoje ela faz nados de longa distância como o Canal da Mancha), a Fernanda Degow na corrida, e eu fiz ciclismo. Fernanda e eu estamos até hoje treinando e participando de competições individualmente. Também participei de um IRONMAN 70.3 no Bahrein.

Ser capaz de completar uma prova que envolve três disciplinas diferentes também aumenta nossa autoestima. Após completar várias provas, acredito muito mais em mim, sei que sou capaz de superar meus próprios limites, superar a dor e a vontade de desistir e isso me tornou mais forte e confiante.

IA-Algum aprendizado vindo da preparação para o IRONMAN?

Com certeza! Foram muitos aprendizados, só para ilustrar eu diria que agora incentivo mais as pessoas a dedicarem tempo e começarem algo que acreditem que possam superar. Em primeiro lugar, e muito importante, é o caminho que vai seguir, manter foco na meta e não importar com o resultado, você sempre vai ter uma segunda chance.

Trace estratégias, tente novamente e divirta-se. Isso pode mudar a sua vida, como mudou a minha. Sempre gosto de lembrar um ditado que diz: “Nada é impossível, mas certamente não é fácil”.

IA-Quem foram os parceiros no caminho rumo ao sonho?

Sou uma atleta amadora, meu patrocínio e suporte vem do meu marido que aliás, sempre está ao meu lado, ele não participa das provas, mas sempre que pode, fazemos os treinos juntos. Isso me faz cada vez mais forte.

IA -IRONMAN é um nome de esporte masculino, e as mulheres ?

Desde o início as mulheres têm desempenhado papéis importantes no desenvolvimento, crescimento e cultura desse esporte.  Sem precedentes entre esportes similares de sua época, o IRONMAN colocou as mulheres em igualdade de condições; com as mesmas distâncias e regras que os esportistas masculino.

IA-Como foi isso através do tempo?

Abaixo está uma linha do tempo das mulheres no esporte para demonstrar o impacto e o envolvimento delas no IRONMAN.

 1977-78: John e Judy Collins conceberam o original “Hawaiian IRONMAN Triathlon” durante um banquete de premiação para o Waikiki Swim club, combinando as três corridas de resistência mais difíceis da ilha em uma prova. Isso levou à série de corridas e ao estilo de vida que o IRONMAN é hoje.

 1979: Apenas no segundo ano do esporte, a ciclista campeã Lyn Lemaire entra no evento para se tornar a primeira a competir e, finalmente, a primeira campeã feminina do evento, ficando em quinto lugar geral entre 15 participantes. Ela ingressaria no IRONMAN Hall of Fame em 2003.

1989: A União Internacional de Triatlo cria salários iguais para triatletas masculinos e femininos, graças ao grande esforço da atleta neozelandesa Erin Baker.

 1990: World Triathlon Corporation foi formada para criar um campo profissional para homens e mulheres.

IA-E no século XX ?

 2012: Aos 82 anos, a “Freira de Ferro”, a freira Madonna Buder termina o IRONMAN Canadá, estabelecendo uma nova marca como finalizadora feminina mais velha da história.

2022: Alocação igual de slots profissionais para homens e mulheres; estreia de novo formato de corrida de dois dias. Em outubro, todas as mulheres e algumas faixas etárias masculinas selecionadas, competiram num dia, enquanto a maioria dos homens competiram no dia seguinte.

2022:  Tanto o Campeonato Mundial IRONMAN 2022 quanto o Campeonato Mundial IRONMAN 70.3 2022 tiveram o maior número de atletas femininas da história.

 2022:  IRONMAN anuncia que o Campeonato Mundial VinFast IRONMAN de 2023 terá duas cidades-sede para oferecer um dia específico de corrida às mulheres e aos homens. As mulheres terão a primeira corrida exclusivamente feminina em Kailua-Kona, Havaí, em 14 de outubro de 2023.
Fonte: ironman.com

IA-Existem eventos específicos para mulheres?

As mulheres começaram a participar do Ironman a partir de 1979 e só vem ganhando força ao longo dos anos, principalmente nos EUA. Em Dubai temos somente o “half” IRONMAN, ou seja, o 70.3 – com um número significativo de mulheres inscritas, o evento acontece todo ano entre fevereiro e março.  

IA- E nos Emirados Árabes, quais as opções?

Em Dubai as mulheres têm eventos exclusivos para elas no Dubai Woman’s Triathlon promovido pelo Dubai Sports Council. Faz tanto sucesso, que já está em sua quinta edição.

Temos também, vários locais de natação abertos ao público como grupo TriDubai, os atletas praticam natação em grupo, e em mar aberto – tanto para iniciantes como para os mais experientes. Esse treinamento no mar em grupo, é muito importante para você simular as condições da prova.

Para os treinos de bike, Dubai oferece uma grande extensão de pistas seguras para pedalar. A Ciclovia de Nad Al Sheba, tem um percurso de 9 Km. Toda a pista é Iluminada o que facilita os treinos noturnos nos meses mais quentes do verão, além de oferecer vestiários e chuveiros.

Outra pista de Bicicleta fica em Al Qudra com 50 Km, e vista para o deserto. E se você quiser uma distância mais longa existem duas pistas, cada uma com 20 Km de extensão. Para quem quiser alugar uma bike, pode entrar em contato com a Trek Bike, que fica no começo da pista.

Dubai possui várias opções de passeios de bike tanto em parques, como ao redor da cidade. Dubai Water Canal também tem uma ciclovia de 12 Km, e você pode alugar uma bike do Careen Bike e conhecer a cidade. Vale a pena o passeio.

Para o treino de corrida temos o Jumeirah Beach com uma pista de 7 Km e com vista para o mar. Além de parques com pistas por toda a cidade.

IA- Quais dicas você daria a uma mulher que quisesse participar de um IRONMAN?

Se você sabe nadar, correr e andar de bicicleta, nem que seja somente um pouco, você pode participar de um triathlon! Comece pelos de curta distância como Sprint ou Super Sprint. Tem eventos como a série de triathlon e aquathlon que estão sendo realizados no Jabel Ali Golf Resort durante o inverno. É um incentivo para os novatos no esporte a participarem dos eventos e até tem a possibilidade de ganhar prêmios, mesmo que não sejam os atletas mais rápidos. Quer saber mais, veja aqui!

“Treine duro, corra de forma inteligente, mas não se esqueça de divertir-se acima de tudo.”
Sonia Bongiolo

Essa é um pouco da minha história e espero que possa ter incentivado você na prática do esporte que agora é minha paixão. 

Boa sorte!

Iarema Araújo H.

Brasileira de alma e nascimento. Casada com Guillermo Henderson, uruguaio e meu parceiro de vida. Três filhos adultos e um netinho, minha filha Patrícia e mãe do Magnus na Suíça, Santiago no Canadá e Mathias em Dubai. Sou graduada em Sociologia e Direito pela PUCRS. Meu mantra é ” Vida Linda e Abençoada ! “