Escolha das escolas e adaptação na Colômbia

Uma missão muito preocupante e importante quando se muda de país com crianças é a escolha das escolas, e vou te contar o que passou com a nossa família na Colômbia.

Eu e meu marido, decidimos que ele aproveitaria uma viagem a Bogotá pela empresa e já iria ver a escola para a minha filha mais velha. Enquanto isso, ficaria no Brasil para acertar os últimos detalhes da viagem.

Todos os dias nos falávamos pela noite, onde ele mostrava vídeos, dava a opinião, fotos e tudo mais que havia me mandado já durante o dia. Então essa era a hora de discutir e já deixar tudo encaminhado com a assessoria que nos apoiou durante a mudança.

A cultura religiosa

Não só em Bogotá, mas como em toda a Colômbia, a cultura é muito religiosa, pois o catolicismo aqui é muito forte. Não que nós não sejamos religiosos, mas não somos com tanta força como eles.

Por esse motivo, muitas escolas são religiosas em vários níveis (umas extremamente e outras bem moderadas). Mas pelo nosso estilo de vida, não queríamos nada rigoroso e imposto as nossas filhas.

Então a busca entre os colégios alternava entre, colégios só de meninas, colégios com freiras e padres, onde missas são obrigatórias durante o ensino escolar, colégio com base católica, mas sem imposição.

A jornada de busca durou uma semana. Meu marido saia de um colégio e já ia para outro e assim, após termos listados todos que queríamos decidimos por um. E não me arrependo.

O colégio dela é das 7 às 15:30, com lanche a almoço, grade curricular completa e ensino extra caso necessário. O prédio escolar gigante, onde ocupa um quarteirão e olha que os quarteirões daqui são enormes, rsrs.

Tudo encaminhado, mas não estava realizada

A Júlia não sabia falar NADA de espanhol. Então a preocupação maior era a recepção de professores e amigos. Iriam ajudar minha filha? Teriam paciência? Tudo isso me tirava o sono.

Mas quando ela iniciou o curso, me senti mais tranquila e feliz, mesmo com a correria e apoio o dia todo estando ao lado dela e auxiliando nas tarefas e entendimento verbal. Foi “eita” atrás de “vixe”, mas depois era “que bom!”

Os professores, coordenadores de curso, amigos, pais dos amigos, TODOS, foram super receptivos, abertos e solícitos. Ajudavam desde o princípio e hoje tenho o maior orgulho de falar que minha filha por diversas reuniões é super elogiada. Sim, o esforço e dedicação são completamente dela! Dá aquela sensação de alívio…ufa! Deu tudo certo!

Sensação de alívio

Já a Larissa, chegou aqui com 3 anos e nunca tinha escutado nada de espanhol na vidinha dela. Por conta da pandemia que estava tudo fechado, ela ficou em casa e só a matriculamos em um jardim, depois que tudo estivesse aberto.

Muitas das escolas infantis davam classes a distâncias e nós não víamos o porque de pagar para ela ficar em casa.

Após 15 dias, a Larissa ainda chorava em todos eles quando ia a escola. Muitas vezes, mesmo eu não podendo entrar na escola por conta da biossegurança, entrava no parque e ficava com ela cerca de 40 minutos e ela não queria ficar. Então quando voltava pra casa sempre chorava ao vê-la chorar. Mas me sentia aliviada em saber que ali ela conseguiria socializar e começar uma vidinha mais independente. Só tenho a agradecer pela professora e todos os profissionais na escola, que estão sendo incríveis.

Mas hoje, quase 3 meses após a sua entrada ao jardim, de final de semana sente falta e pede para ir, o que me deixa mais aliviada e feliz por poder continuar com a minha vida profissional. Atualmente trabalho homeoffice, com algo que já havia trabalho no Brasil, o que me deixa feliz em poder estar perto delas caso necessitem.

Quando bate aquele orgulho

Acho que pais são orgulhosos por natureza. Pais expatriados tem um orgulho que estamos conhecendo agora. Aquele orgulho que não menospreza ninguém, que não diminui e que não faz ser mais ou menos pais que outros, mas o orgulho da força de vontade e garra dos filhos. A partir do momento que você sai da sua zona de conforto, pra conquistar algo sem ninguém pra estar ali se caso precisar, é uma mistura de emoções sem igual.

Aquela força que eles têm intencionalmente de socializar, aprender uma nova língua como uma defesa e claro, necessidade.

As vezes antes de dormir me pego pensando em tanta coisa que passamos aqui, os meses que ficamos no Brasil pensando se daria certo ou não a nossa vinda, olho pra elas e penso o quanto o universo e os seres superiores olharam para nós com tanto carinho. Tudo que vivemos até agora só tenho que agradecer. Agradecer pelo desenvolvimento (tanto delas quanto nossos, porque eu não sabia falar nadica de espanhol e hoje me viro super bem e sozinha), pelas aventuras, pelos acertos e erros.

Faria tudo de novo

Entre tantas perdas e ganhos, entre tantas idas e vindas de muita gente por todo o mundo, estamos aqui conquistando o nosso espaço, batalhando e vendo que tudo tem valido a pena. E como tem valido. De certo, eu faria tudo outra vez e você que já leu meu primeiro artigo, sabe do que tô falando, rs. Foi um ano desafiador, medroso e incerto.

Mas essas lutas diárias e sacrifícios são pra nós? Sim, 30% pra nós…70% pra elas…para o futuro delas! Torcendo e desejando que quando crescerem e foram independentes, tenha a mesmas oportunidades para seus filhos.

Afinal, estamos aqui dando o primeiro passo que é composto de amor, compreensão, puxão de orelha, mas muita amizade e carinho.

Saber que elas estão na escola, falando, entendendo (as vezes não rs), mas evoluindo, nada paga isso…é surreal o retorno dos nossos esforços. É ou não é pra ter orgulho desses serzinhos que posso e chamo de meus?

Gabi Luspa

¡Saludos! Sou a Gabi, nutricionista, e moro na Colômbia com minha família, mais precisamente em Bogotá. Sou apaixonada não só pela cidade, mas como por toda a Colômbia e fico muito feliz em poder dividir minhas experiências com todos vocês 🙂