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Lições de adaptação ao clima de Lima

Última atualização do post:

adaptação clima Lima
"Céu cor pança de burro" de Lima - Imagem: Arquivo pessoal

Enquanto aproveito meus últimos dias ensolarados e de céu aberto de abril, já me preparo psicologicamente para o meu terceiro “inverno prolongado” em Lima. Esse é o meu teste recorrente de adaptação ao clima. Geralmente em maio começa a temporada de dias frios, nublados e com alta umidade. É o famoso gris (cinza) ou “céu cor pança de burro”, como foi apelidado o céu limenho pelo arquiteto peruano Hernán Velarde Bergman.

Se tem uma lição que aprendi vivendo no clima de Lima, é selecionar muito bem o que quero manter como minha bagagem. Porque os próximos oito meses do ano serão implacáveis: tudo o que você não cuidar vai mofar – e muito. E se quiser manter, vai ter que limpar – muito!

Por que o céu de Lima é nublado e úmido, mas não chove?

Já contei aqui outras vezes que Lima é uma cidade bastante úmida e de muita neblina. Sua localização entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, somada ao fenômeno de inversão térmica, fazem com que as correntes de ar frio fiquem retidas aqui e não consigam se transformar em nuvens de chuva “de verdade”. O resultado é uma camada espessa de nuvens baixas que não se dissipa em boa parte do ano, mantendo o céu cinza e o ar bastante úmido.

A época de maior umidade no ar da capital peruana é no inverno, atingindo perto de 100% entre julho e agosto. Apesar das temperaturas mínimas dificilmente ficarem abaixo de 15°C, mesmo no inverno, desde maio já se sente bastante o frio úmido “que congela até os ossos”, principalmente nas noites e madrugadas.

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Em dias de muita neblina não se vê o mar, ao fundo – Imagem: Arquivo pessoal

Como é morar em uma cidade tão úmida e cinza?

Não dá para negar que a chegada do clima mais frio e úmido na capital mexe com seus moradores, e eu não fujo à regra. Se no verão posso ver o sol se pôr no mar com 10 minutos de caminhada de casa, no inverno há semanas em que só vejo um raio de sol se eu sair da cidade!

Isso afeta não só nossa saúde (alô, vitamina D!), mas também a manutenção dos nossos lares e pertences.

A principal consequência é que a alta umidade atrai a proliferação de “bichos indesejados”, ou em português claro: ácaros, mofo e bolor. Nesse sentido, Lima é uma cidade bem viva! Principalmente para quem vive nos bairros próximos ao mar, como Barranco, Miraflores, San Isidro e San Miguel, sendo mais intenso nos dois primeiros. Por isso, quem mora nessas regiões precisa escolher bem sua moradia (minhas dicas para alugar um apartamento em Lima aqui).

Adaptação em casa

É necessário estar o tempo todo atenta para que as coisas que ficam mais tempo guardadas ou em lugares mais úmidos, como os banheiros, não mofem, oxidem ou estraguem. Para controlar esse acúmulo de umidade, geralmente se usa desumidificadores de ar, tanto elétricos como à base de substâncias químicas, além de ser necessário limpar com frequência as áreas e objetos mais suscetíveis à contaminação. Por isso, é comum encontrar tomadas dentro dos armários, principalmente nos bairros que eu citei acima.

Na prática, tenho que limpar minhas malas de viagem uma vez por mês, por exemplo. E olha que elas ficam guardadas no quarto que é meu escritório, que uso diariamente, e não num depósito lá na garagem do prédio. Isso vale para os meus livros, roupas e qualquer coisa que fique sem uso, mesmo por um curto período de tempo. Já perdi até um quebra-cabeça montado para o mofo, porque demorei para levá-lo para emoldurar.

Limpar com frequência cansa! Com isso, fui aprendendo a ser cada vez mais seletiva com o que guardo, porque tudo o que escolho manter significa escolher dedicar uma parte do meu tempo para a sua manutenção e aqui preciso levar isso a sério para não estragar.

Adaptação na saúde

Desde que cheguei no Peru, sofro com crises frequentes de dermatite, principalmente nas mãos e no couro cabeludo. Como bem definiu uma amiga, “Lima mofa a gente também!”. Isso me obrigou a fazer diversas mudanças na minha rotina para entender quais eram os principais agentes causadores da minhas crises e tentar minimizar o impacto. Lima me ensina a fazer uma pausa (às vezes forçada), para me olhar e me cuidar com paciência e amor, bem como desse corpo que me abriga.

Além disso, é sabido que alterações de temperatura e luz podem afetar o nosso humor. Você já acordou desanimada em uma manhã fria de inverno? Imagine então passar muitos dias em um frio úmido e sem ver o céu, que está encoberto de nuvens cinzas. Pois é assim em boa parte do ano por aqui. Para quem está só de passagem, pode não ser um problema. Porém, eu – acostumada aos invernos um pouco mais ensolarados de São Paulo – me pego com baixas de humor depois de muitos dias seguidos sob o gris. Principalmente porque minha rotina atual de trabalho e estudo é totalmente em home office, aí é fácil os dias ficarem com a mesma cara e o desânimo chegar.

Dicas de adaptação ao inverno de Lima

Eu estaria mentindo se dissesse que encontrei a receita perfeita para ficar livre da umidade e do mofo e ainda atravessar o inverno em alegria plena, mas vou compartilhar o que mais tem funcionado para mim.

Lidando com a umidade

Sugiro combinar o uso do desumidificador elétrico com os absorvedores de umidade (a marca mais conhecida é a Bolaseca), em especial dentro de closets e armários. Prepare-se para investir aqui. O preço de um bom desumidificador varia de R$ 400 a R$ 2.000 dependendo da sua capacidade. Já os absorvedores de umidade tem um valor mais baixo, mas tem que trocar todo mês (às vezes antes disso). Por isso, eu também espalho potes com sal grosso em gavetas e armários. Mesmo não sendo tão eficiente, é mais barato e dura bastante. Arejar os ambientes sempre que possível.

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Absorvedor de umidade novo (esq.) e após alguns dias de uso (dir.) – Imagem: Arquivo pessoal

Mantendo a saúde e a mente em equilíbrio

  • Caminhar ao ar livre e/ou praticar atividades físicas fora de casa. Todos os dias, se possível. Mesmo que seja uma caminhada rápida de 15 minutos depois do almoço só para sair da inércia.
  • Monitorar os níveis de vitamina D e repor se necessário (sob orientação de um profissional de saúde). Ela é essencial para fortalecer a imunidade e dar disposição. Quando ficamos sem tomar sol por muito tempo, seus níveis no corpo vão baixando.
  • Ter uma rede de amigos na sua cidade, com quem você possa sair para conversar, rir e desabafar.
  • Como terapeuta floral, costumo preparar um frasco de floral específico para tomar durante o inverno, considerando que estarei menos exposta à luz solar e mais tempo dentro de casa. Por exemplo: Certas essências de flores amarelas ajudam a repor, energeticamente, a vitalidade e a disposição que sentimos ao tomar sol.

Se tem uma coisa que Lima me ensinou em dois anos vivendo aqui é ser bastante seletiva em como usar o meu tempo. E usar com o que, e quem, realmente importa: Comigo, com as pessoas que eu amo e com o que me traz alegria!

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Tatiana Roque

Nascida e criada em São Paulo dentro de uma família portuguesa, minha curiosidade me levou a viajar por muitos cantos do mundo. Só não sabia que em 2020 faria minha viagem mais transformadora: trocar as referências conhecidas no meio da pandemia de Covid-19 por uma nova vida em Lima, no Peru. Te convido a embarcar comigo nessa jornada de descoberta e autoconhecimento por esse país de belezas e contrastes.

2 respostas

  1. Eu imagino o quão difícil seja embarcar nessa nova rotina para dar conta de ultrapassar um período tão longo! Adorei as dicas 💛

  2. Dicas maravilhosas.” Céu cor pança de burro”achei engraçado. Quanto a essa umidade,deve ser muito difícil acostumar. Quem for viajar p/Lima, deve levar um pouco de sol nas malas. Artigo interessante e bem útil. Gostei.

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