Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Dor de expatriada: saudades dos que ficam

Última atualização do post:

Diario de Uma Expatriada

A solidão é uma coisa que nos acompanha em muitos momentos da  nossa vida de expatriada. O vazio no peito e as saudades dos que ficam vai existir, principalmente nesta época do ano. Afinal, ao partirmos, deixamos uma grande parte (talvez a maior) do que somos para trás. Estar preparada para esses momentos é muito importante, mas como fazer?

Você vai ler e ouvir por aí vários conselhos, dicas, mas sinto em dizer que as recaídas serão inevitáveis.

Lembro-me do nosso primeiro Natal quando nos mudamos do Brasil, passamos a noite numa igreja, na missa, e depois viemos celebrar em casa, ou melhor, na casa provisória que estávamos. Não que tenha sido ruim, mas foi diferente.

Miami – Nosso primeiro Natal longe da família (2007)

Relembramos aqueles momentos de agitação, preparos de comidas, presentes e ansiedade por estar com a família, a decisão de quem ia ser o Papai Noel e passar uma noite agradável e divertida.

Gente, eu sinto saudades até das brigas, é sério!..rsrsrs

Leia aqui mais sobre Natal pelo mundo

As nossas três fases de celebração

Primeira fase

Na minha infância, passávamos o Natal em casa e a passagem do Ano Novo no Rio de Janeiro. Antes de sairmos, minha mãe varria a casa toda e todos nós tínhamos que estar do lado de fora esperando, pois com isso ela iria retirar todas as coisas ruins que aconteceram naquele ano e iniciar o novo com a casa limpa, que era sinal de sorte!

E a gente acreditava e obedecia..rsrsrs

Segunda fase

Já na minha adolescência, mudamos o ritual. Toda a família (irmãos, sobrinhos, cunhadas e cunhados) se reuniam na casa de uma das minhas irmãs. Mesa farta, cada um levava um prato e bebida e todos dormiam por lá; quer dizer, os fracos dormiam, porque os fortes ficavam dançando e se divertindo até o dia raiar.

À meia noite saíamos todos na rua, dávamos as mãos em círculo, fazíamos uma oração e cantávamos  a famosa música: Adeus Ano Velho, feliz Ano Novo…era uma choradeira, abraços, contagem regressiva, enfim momentos que se eternizaram nas nossas lembranças.

Esta foto foi tirada nos anos 90, em uma das nossas correntes de oração na rua na passagem do Ano Novo (por isso a qualidade está tão ruim).

Terceira fase

Quando meu pai faleceu, mudamos esse ritual e também todos foram ficando mais velhos, constituindo famílias. Chegou então a hora de dividir a passagem das datas: o Natal era com a família do Sid (meu marido) e, Ano Novo, com a minha família. E o Papai Noel começava a adentrar também em nossas vidas nessa época, pois aí já tínhamos filhos e queríamos que eles acreditassem nesse sonho.

Na chácara dos meus sogros. Nesta foto o papai Noel era o Sid!

Que saudade!! Todos temos uma história, uma lembrança.

Leia também: Como lidar com perdas morando fora

Fase atual: expatriados

Desde que mudamos, mantivemos nosso ritual: reflexões, amigo oculto, nossa ceia, o mais perto possível das comidas brasileiras e o nosso tradicional cartão de natal. Desde que nos tornamos expatriados, fazemos um resumo de como foi nosso ano, colocamos fotos e enviamos pelo correio para amigos pelo mundo e família.

Natal na Inglaterra em 2009

Saudades dos que ficam

Pra finalizar, antes que eu chore – brincadeira! – ah tá bem, é sério 🙁, fiquei emotiva! Segue um depoimento da minha sogra, que também é minha segunda mãe, relatando a saudade que ela sente de nós:

“Ainda lembro quando vocês começaram a nos deixar para seguir a vida adiante em outro lugar. Lembro do Sid e do Felipe de terninho e gravata despedindo para seguir viagem e você já tinha ido ver casa. Iam para o Rio de Janeiro, mas doeu muito esta despedida.

Estava habituada a ver vocês toda semana, foi então que mais uma despedida apareceu. O Guth (o cachorrinho) ficou comigo em São Paulo e desta vez vocês foram ver casas nos Estados Unidos, e eu e o Toninho sentimos um vazio muito grande.

Foi muito difícil aceitar a mudança de vocês para o Rio de Janeiro que era “pertinho”, imagina indo para mais longe? Desta vez aceitar vê-los uma única vez no ano.

A dor de estar longe: um nasce e outro morre

A Julinha nasceu e a gente não estava lá para acompanhar o aumento da família. Aí então veio outra mudança de vocês para Inglaterra e a morte do Toninho. Mais um vazio e vocês estavam tão longe, e tinham acabado de passar férias com a gente.

Aí então veio a mudança para o Chile , e a esperança de ter vocês mais perto e assim, podendo ir e vir com mais facilidade. Mas durou pouco!

Então foi a vez de Dubai, mais uma vez distante sabendo que eu tinha que aceitar. A preocupação de você tendo que vir cuidar da tua mãe que infelizmente faleceu e a gente se sentindo impotente mais uma vez.

Diante de tantas partidas e da luta de vocês que admiro muito e por aqui ficamos sempre a espera. Sabe, Bell, te admiro muito como amiga, mulher, esposa e mãe e sei da tua luta e sei também que muitas vezes sentiu solidão longe dos familiares, mas admiro você que enfrenta tudo e tem a capacidade de começar tudo de novo. O Sid enfrenta a vida fora e você tem o dom de se fazer conhecida e em cada lugar e juntar-se sempre com outras famílias. Te amo e te respeito muito minha filha querida”.

Autora do depoimento minha sogra Alice.

Por Maria Alice

Gostou deste artigo?

Compartilhe no Facebook
Compartilhe no Twitter
Compartilhe por E-mail
Compartilhe no Pinterest
Compartilhe no Linkedin
Picture of Bell

Bell

Nascida em São Paulo, com coração carioca, sou louca para ter meus quadros pendurados na parede e não tirar mais, ao mesmo tempo, a ideia de recomeçar também me fascina, o novo sempre me empolga e dá um frio na barriga. Morei em 6 países, atualmente na Finlândia. Mãe da Juju e do Fe e casada com Sid. Link

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

quatro − 3 =

LEIA TAMBÉM

plugins premium WordPress

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Clique aqui para saber mais.