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Zanza: a lutadora olímpica ensina que “se cair, tem que levantar”

Última atualização do post:

Se cair tem que levantar, diz Zanza
Se cair tem que levantar

Nossos caminhos começam a ser traçados desde muito cedo, não sabemos aonde eles nos levarão, mas com persistência, muito foco e determinação eles podem nos fazer cruzar oceanos e realizar valiosas conquistas longe de casa. Esta é a linda história da Zanza, mulher independente e “empoderada”, muito antes dessa palavra virar moda.

Atleta olímpica pelo judô e wrestling /estilo livre, faixa preta no jiu jitsu e seis vezes campeã mundial nessa modalidade esportiva. Zanza foi a primeira mulher a vencer o mundial de jiu jitsu na categoria + de 62Kg! Além disso foi a primeira mulher a “medalhar” pelo wrestling nos Jogos Pan Americanos e a primeira atleta a participar em dois jogos olímpicos em diferentes modalidades na historia da luta.

Atualmente é professora e coach de jiu jitsu no mundo muçulmano. Uma mulher iluminada que construiu seu caminho independentemente e sabe que ” se cair tem que levantar, nunca desistir”!

Boa leitura!

Zanza vive em Abu Dhabi ensinado jiujtsu desde 2009. Arquivo pessoal.

1- Rosangela, como você se apresentaria a nossas leitoras ?

Sou a Rosangela Conceição, mas a maioria dos amigos me chama de Zanza. Gaúcha de São Leopoldo, onde morei até os 16 anos. Amo dançar, me relaxa e traz felicidade! Vivo em Al Ain, Emirados Árabes, com meus dois cachorros e um coelho e sempre que posso passeamos no deserto.

Aos três anos comecei no balé. E me apaixonei por ele! O meu sonho de menina era ser a melhor bailarina do mundo! Porém, imprevistos aconteceram e aos seis anos parei com as aulas.

Mas, a história da atleta que eu viria a me tornar começou a ser construída através do meu irmão, que praticava judô. Um dia, aos oito anos, quando fui assistir um campeonato, o treinador dele me convidou para participar também. Achei que não fosse boa o suficiente. Ele insistiu. E eu fui a um treino. Pronto! Foi exatamente neste momento que meu destino se traçou.

2- Como foi construído o caminho da campeã?

Depois daquele primeiro treino na “academia do meu irmão”, o judô entrou na minha vida. O coach via em mim o biotipo e a personalidade ideal, o que veio a se confirmar anos mais tarde. Só que, pra ser sincera o que eu gostei daquele dia foi ter conseguido derrubar todos os meninos com quem lutei. Adorei, jejeje.

Mesmo sendo uma menina, estava atravessando um período difícil, tinha engordado bastante por me sentir deprimida. No judô fui muito acolhida por todos, fazendo com que os treinos trouxessem alegria, evolução e mudança rápida de faixas através dos campeonatos . Minha vida mudara, e pra muito melhor!

Aos 14 anos participei da minha primeira seletiva nacional, em São Paulo, para a equipe brasileira de judô. Não me classifiquei, mas fiquei mais focada e aos 16 anos fui morar em Porto Alegre em busca de novas oportunidades.

Fiz vestibular pra Ulbra e comecei a fazer Educação Física com bolsa atleta de 70 %. Um ano depois fui convidada para uma seletiva nacional e fiquei em terceiro lugar entre as melhores do Brasil. Recebi um convite para estudar e competir pela Universidade Gama Filho. Era irrecusável, meus pais e treinadores entenderam e apoiaram. Mudei para o Rio e morei no alojamento do Flamengo, já que os campeonatos universitários eram pela Gama Filho e os federativos pelo clube.

Tudo novo. Desafiador. Mas, eu “sabia lutar bem”!

3- Como aconteceram as Olimpíadas para a Zanza ?

Comecei a treinar jiu-jitsu no Rio Grande do Sul e no Rio aprimorei esta modalidade. Participei do primeiro campeonato mundial e fui a primeira mulher brasileira a vencer na categoria peso pesado.

Um momento luz na minha vida e que anos depois me trouxe aos Emirados Árabes, onde vivo até hoje.

Isso mudou minha vida, pois eu era atleta da Gama Filho pelo judô e nesse esporte participei, com vitórias e classificações, de importantes campeonatos nacionais, de jogos Sul americanos e Pan americanos, além de campeonatos mundiais e europeus. Como judoca também integrei a equipe brasileira nas Olimpíadas de 2000, na Austrália.

Em 2004, ainda no judô, não obtive a classificação para as Olimpíadas de Atenas e fiquei muito triste. São momentos duros para o atleta. Mas, sempre tem um anjo por perto e um professor de luta olímpica, que já me conhecia, foi até a minha casa e disse ” vai ficar chorando a não classificação ou vir para a luta olímpica?” São essas coisas da vida que a gente não explica, pois em um mês de treinos participei do Campeonato Nacional de wrestling (luta olímpica) e me classifiquei como primeira colocada.

Com isso entrei diretamente para a seleção brasileira onde fiquei até 2013! Em 2008 participei das Olimpíadas em Pequim e me classifiquei como a oitava colocada, algo fenomenal. Até então, os atletas brasileiros da luta livre não haviam alcançado o índice olímpico, eram apenas convidados. Fui a primeira atleta a conquistar a vaga e ficar entre as oito melhores do mundo!

Rosangela relembrando sua participação na Olimpíada de Pequim. Arquivo pessoal.

4- Quais as razões que te trouxeram aos Emirados Árabes?

Nessa mudança do judô para o wrestling, que era pouco desenvolvido no Brasil, nunca parei de fazer jiu-jitsu e foram esses atletas que me ajudaram a treinar e me aperfeiçoar. Até hoje tenho amigos dessa época e alguns deles também moram nos Emirados.

Então, em 2009 me classifiquei para um campeonato em Abu Dhabi. Entre a classificação e a realização do campeonato recebi um convite para vir trabalhar nos Emirados e participar desse maravilhoso projeto que é o jiu-jitsu escolar, uma ferramenta de transformação do aluno. Através dele ensinamos o respeito, a disciplina e o comprometimento.

Cheguei aos Emirados Árabes no dia 9/9/2009 me incorporando ao projeto que hoje está em todas as escolas de Abu Dhabi, na Polícia Militar e nas Forças Armadas, além de clubes.

3- E como são os Emirados para uma mulher solteira e trabalhando com lutas marciais?

Foi desafiador, muito mais pela didática e dinâmica praticadas nas aulas, além da cultura, do que pelo fato de ser mulher e atleta de lutas marciais. Através da observação e experiência fiz adaptações às atividades e com o tempo o jiu-jutsu passou a ser aceito.

Mas, isso foi há 12 anos atrás, hoje a realidade é totalmente diferente. As próprias mães e alunos pedem para participar. O jiu-jitsu como um projeto educacional transformou a vida de muitas pessoas, independente da idade ou do gênero. O país acolheu o jiu-jitsu e ele retribuiu!

Sinto muito orgulho de fazer parte dessa história!

4- Desafios? “se cair tem que levantar”!

Se fosse falar do trabalho para o qual fui contratada não tive dificuldade alguma, já que é algo que eu amo e que sempre fiz e foi relativamente fácil. O idioma do contrato era o inglês, mas na escola e no exército falavam árabe, então as alunas foram minhas professoras. Funcionou bem! Divertido. E fui “aprovada”.

Viver aqui e precisar resolver as coisas burocráticas foi “bem difícil”. Há 12 anos atrás ser mulher solteira e morar sozinha era “diferente”, sempre perguntavam pelo meu marido! E eu: “mas gente eu não tenho marido, não preciso de um, vim aqui resolver a minha vida”! Eles me achando estranha e eu a eles mais ainda! jejeje! Tudo isso durou uns dois anos até que todos entenderam um pouco melhor a cultura e o jeito de viver do outro. Então fluiu bem.

O fato de ser atleta me ensinou a estar me superando diariamente, vivendo em lugares e com pessoas novas, me acostumei também a viver sozinha em razão das concentrações. Não desistir diante dos desafios, como se diz no judô “caindo e levantando, nunca desistindo”.

5- Zanza é conhecida como mulher bonita, forte, amiga e solidária. De onde vem essa força?

Não posso deixar de falar dos meus pais, somos quem somos pela criação que tivemos. Minha força vem dessa raiz, mas tenho uma chama interna pessoal que não permite a acomodação. Gosto do saudável e do natural e de prestar atenção quando as pessoas falam, “escutando o mundo” através do ser humano.

6- E para o futuro, quais são os planos?

Antes da pandemia meu projeto era ir para a Austrália ou para o Canadá. Depois tudo mudou e hoje o plano é voltar ao Brasil. Lugar maravilhoso, que eu amo e com um futuro lindo. Temos tudo! Recursos naturais, solo fantástico, dinheiro e pessoas brilhantes. Precisamos ajustar a política e a educação certamente. Nos unirmos e acreditarmos que somos capazes! O brasileiro está desacreditado de si e quer novos heróis, mas temos que olhar para dentro de nós que é de onde vem a força.

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Picture of Iarema Araújo H.

Iarema Araújo H.

Brasileira de alma e nascimento. Casada com Guillermo Henderson, uruguaio e meu parceiro de vida. Três filhos adultos e um netinho, minha filha Patrícia e mãe do Magnus na Suíça, Santiago no Canadá e Mathias em Dubai. Sou graduada em Sociologia e Direito pela PUCRS. Meu mantra é " Vida Linda e Abençoada ! "

17 respostas

    1. Mariana, obrigada pela leitura da entrevista. A Zanza realmente é uma atleta de alto nível e uma pessoa maravilhosa. Abraço.

  1. Excelente articulo !! Muchas gracias Iarema por compartirnos la historia de Zanza y su filosofia de vida, realmente es una luchadora !!

  2. Zanza é um exemplo de ser humano rm todos os sentidos. Tive a honra de ser aluno dela! Muito bom ver a história de vida dela ser contada a outras pessoas! 👏🏻👏🏻👏🏻

    1. Anderson, exatamente isso. A história da Zanza é linda e inspiradora. Que bom que tu gostou! Abraço.

  3. Eu fui colega de escola, no Primeiro Grau. Amiga de trocar confidências! Sempre guerreira e lutadora pelos seus ideais! Muito orgulho da Rô!
    Quando voltares ao Brasil, venha me visitar em SC!

    1. Uau! Que lindo depoimento, amigas desde há muitos anos! A Zanza voou longe! Obrigada por tua msg. Abraço.

  4. Conheço a Zanza por causa que sou amigo de infância no irmão dela. Merece tudo de melhor. Sua família é sensacional!!! Parabéns Zanza!!

  5. Sempre linda nossa eterna campeã!!! A Zanza é muito especial… Quanto orgulho de ter te conhecido!! Saudades… 👏👏👏😘

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