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Relacionando o pensar fora da caixa com a migração

Última atualização do post:

pensar fora da caixa
Migrar é ver o mundo com novas lentes - Imagem Pixabay

Vocês já ouviram as expressões “pensar fora da caixa” e “sair da zona de conforto”?  Acredito que sim pois são expressões muito frequentes no discurso das famílias mundo afora.

Na minha percepção, além de serem características (ou atitudes) valorizadas no mercado de trabalho, são pré-requisitos para todas as pessoas protagonistas de suas histórias. E com base nessa ideia planejamos um intercambio em família.

Pensar fora da caixa

Pensar fora da caixa significa pensar diferentemente de como a maioria das pessoas pensam; ser (ou fazer coisas) fora do padrão; ser criativo e inovador. Mas como pensar fora da caixa se desde pequenos somos ensinados a colorir dentro das linhas, se na adolescência nos vestimos e nos comportamos como os nossos pares, se estamos sempre sendo direcionados a agir como a massa (a maioria da população)?

Estudando as ciências humanas e sociais, aprendi que vemos o mundo com os óculos (ou as lentes) da cultura em que estamos inseridos. Assim, desde pequenos aprendemos em casa, na escola, na televisão e na sociedade quais são os comportamentos esperados, desejados e adequados em uma determinada cultura. Somos educados a seguir um padrão, a pensar dentro da caixa e, mesmo quando somos adultos e temos consciência disso, fazemos o mesmo com os nossos filhos. É algo mais forte do que nós.

O contexto (e a cultura) está para nós, seres humanos e sociais, como a água está para os peixes! Não vivemos fora do contexto!

Para ver a ilha é preciso sair da ilha

Quando saímos do nosso contexto, ao mesmo tempo em que questionamos comportamentos que até então pareciam óbvios, nos deparamos com situações diferentes que talvez não se encaixem na nossa caixa. De fato, alguns comportamentos e atitudes (da nova cultura) parecem bem estranhos.  E o que eu aprendi nos livros, fez todo o sentido quando tive uma experiencia fora da ilha.

De 1995 a 1997, morei em Milão na Itália. Migrei recém-casada e, como naquela época não existia internet, as chamadas internacionais custavam os “olhos da cara” e a distância parecia muito maior do que de fato é. Eu que nunca havia pensado na possibilidade de morar em outro país e já tinha passado por uma estressante mudança (de bairro e de escola) na adolescência, acabei por me transformar a partir daquela experiência.

Morar fora me fez ver o mundo com outros olhos.  Eu literalmente vi o mundo, conheci lugares que não sabia que existiam e costumes muitos diferentes dos meus. E isso, acima de tudo, abriu a minha mente de uma maneira inacreditável.

Sobre mudar de país

Descobrir outras maneiras de ver, ser e estar no mundo é uma experiencia libertadora. Explicando melhor.  Ao chegar em uma nova cultura nossa tendência inicial é analisar tudo à nossa volta com as lentes antigas, julgando, comparando e, dessa forma, estabelecendo o que é melhor e o que é pior em cada realidade. Com o tempo, aprendemos que são mundos diferente, lógicas diferentes. DIFERENTES e não melhores ou piores.

“O jeito certo” ou “a única alternativa” passam a ser “um jeito” ou “uma alternativa” e essa mudança amplia a nossa visão de mundo, nos faz mais curiosos, mais criativos, mais inclusivos e, consequentemente menos preconceituosos, já que nossos preconceitos são formados pelas ideias pré-concebidas a partir da nossa visão limitada de mundo. Será que isso faz sentido para vocês?

Tudo é uma questão de ponto de vista – Imagem: Canva

Aprendi que o nosso maior problema está nas nossas certezas, nas nossas crenças. Precisamos substituir os artigos “a” e “o” por “uma” e “um”. Tem uma figurinha que já circulou bastante na internet que ilustra isso muito bem. É a imagem em que uma pessoa vê o número seis, a outra vê o número nove e os dois estão certos. Várias vezes não conseguimos entender o ponto de vista do outro, porque a gente não permite que exista uma outra possibilidade ou uma outra forma de ver, de fazer e de pensar diferente da nossa.

Sair da zona de conforto

Fala se muito sobre a importância de sair da zona de conforto para mudar, crescer, aprender e evoluir.

A zona de conforto é onde estamos confortáveis, conhecemos as situações positivas e negativas. Confortável, aqui, não significa necessariamente algo bom, mas algo conhecido.  Ao mesmo tempo que sair desse lugar pode gerar estresse, medo, incertezas frente ao desconhecido, nos apresenta novas situações, novos aprendizados, novas habilidades. Aos pouco ampliamos então a nossa zona de conforto, crescemos e evoluímos.

Nesse sentido, mudar de país significa sair totalmente da zona de conforto – tanto no sentido figurado quanto no literal. É preciso aprender outra língua, outra cultura, tudo sobre o sistema de educação, de saúde, sobre as burocracias e as atividades do dia a dia. Em outras palavras – tudo é novidade. O medo, a insegurança e o desconforto são enormes, mas, por outro lado, o aprendizado é gigantesco.  Escrevi este texto sobre alguns aprendizados da minha família.

Intercâmbio em família

Claro que para pensar fora da caixa e sair da zona de conforto não é preciso mudar de país, mas foi o desejo de fazer com que as crianças tivessem essa experiência que nos fez pensar na possibilidade de um intercambio em família.

A partir daí, planejamos tudo nos mínimos detalhes.  Seria uma experiência de oito meses em um país diferente e, depois desse tempo, voltaríamos para a nossa vida de ante: a mesma casa, a mesma escola, os mesmos amigos, o mesmo trabalho, mas com uma visão de mundo diferente.

As crianças frequentariam a escola pública italiana de novembro a junho. Mesmo antes de vir pra Itália já tínhamos visto a escola e falado com os diretores. Como a escola do pequeno deveria ser perto de casa, alugamos um apartamento provisório para o nosso primeiro mês na nova cidade. Em junho, quando terminassem as aulas na Itália, viajaríamos um pouco pelo país da bota e voltaríamos para o Rio de Janeiro no mês de julho, cheios de novidades.

A reação das crianças diante de tantas mudanças

O pequeno estava tão eufórico com a experiência na Itália que estudava muito mais o italiano que o português. A mais velha não falava nada, mas teve uma crise de urticária muito séria, que na minha opinião era a manifestação do seu medo e de toda ansiedade.

Ainda assim, continuamos com a ideia de morar fora e sempre deixamos claro que, caso elas não se adaptassem, poderíamos voltar antes do previsto.  Tínhamos certeza de que valeria a pena e as crianças só poderiam fazer uma avaliação a posteriori.

O planejamento que parecia perfeito

Pensamos em tudo, acreditávamos ter todas as variáveis sob controle e, ainda assim, o planejamento deu errado! Nosso experimento deveria durar apenas oito meses, e agora em novembro de 2023 completaremos seis anos!  Brincadeiras à parte, acredito que por ter planejado muito bem, as crianças se adaptaram melhor do que imaginávamos e hoje, apesar de longe do país de origem, estão felizes neste novo estilo de vida.

Até breve! Leia também um artigo interessante sobre competências adquiridas ao morar fora.

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Carla Bottino

Olá! Sou Carla Bottino, psicóloga, terapeuta de família e muito curiosa. Sempre gostei de ler sobre a cultura e em especial, sobre os hábitos, costumes e desafios de quem vive em outros países. Sou carioca, de descendência italiana e em 2017 embarquei para uma aventura ( que deveria ser de 8 meses) do outro lado do Oceano Atlântico, em Pádua na Italia. Sou mãe de filhos grandes – Mariana de 19 e Joao de 14 anos e nas minhas redes sociais conto sobre a vida nova no velho continente e trago algumas das minhas reflexões sobre os processos de mudança e adaptação.

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